Como identificar os sintomas de deficiência de magnésio nas plantas?

Como identificar os sintomas de deficiência de magnésio nas plantas?

Mesmo estando no mesmo grupo de macronutrientes ao qual pertencem o enxofre e o cálcio, durante muito tempo o magnésio foi considerado um “nutriente esquecido” no manejo da fertilidade do solo. E essa falta de atenção sobre o seu manejo adequado no campo tem levado cada vez mais ao surgimento de sintomas de deficiência de magnésio nas plantas. Saiba como identificar esses sintomas e o que fazer para evitá-los!

A função do magnésio na planta e os seus sintomas de deficiência

Nas últimas décadas, a agricultura vem vivenciando a redescoberta de um nutriente que por muitos anos foi negligenciado no manejo agrícola: o magnésio.

Segundo o renomado engenheiro agrônomo Eurípedes Malavolta, apesar do magnésio ser classificado como um macronutriente secundário, ele tem um efeito primário na produção vegetal e animal.

O papel do magnésio na incorporação de carbono nos tecidos vegetais e no transporte de sacarose dos tecidos fotossinteticamente ativos, por exemplo, tem um grande impacto na produtividade de diversas culturas agrícolas.

Já a sua presença em níveis adequados em forrageiras impedem que os animais desenvolvam uma série de desordens nutricionais conhecidas popularmente como a tetania das pastagens.

O que acontece, então, quando o magnésio disponível no solo não é suficiente para atender a demanda nutricional das plantas, e consequentemente, dos animais?

Nos estágios iniciais dos sintomas de deficiência de magnésio, normalmente observa-se a redução da produtividade das plantas mesmo na ausência de sintomas visíveis. A esse estágio dá-se o nome de fome oculta.

A progressão da condição de restrição de magnésio então leva à redução do crescimento das raízes, uma vez que elas não mais conseguem ter um acesso adequado aos fotoassimilados produzidos na parte vegetativa.

Tal redução é um reflexo negativo da redução dos teores de magnésio para o transporte de compostos das plantas.

No artigo Magnesium: A forgotten element in crop production, os pesquisadores Ismail Cakmak e Atilla M. Yazici ainda destacam que esse sintoma aparece antes mesmo que qualquer alteração no crescimento e na concentração de clorofila seja notada.

Desse ponto em diante, surge o sintoma mais característico da deficiência de magnésio em plantas: o processo de amarelecimento entre as nervuras das folhas mais velhas, conhecido pelo termo “clorose internerval”.

O amarelecimento é um reflexo da degradação da clorofila, uma vez que o magnésio participa como molécula central desse pigmento responsável pela coloração verde das folhas das plantas e pela absorção da luz solar, que dá início a todo o processo de fotossíntese.

Além disso, como o magnésio tem atuação nos genes envolvidos na fotossíntese, principalmente aqueles ligados à codificação das clorofilas, também pode haver a diminuição do desempenho fotoquímico das plantas.

Em relação a esse sintoma, vale ressaltar que algumas outras plantas, como o algodão, podem adquirir uma cor vermelho-púrpura, dependendo da concentração de antocianinas nos tecidos vegetais.Sintomatologia e resposta fotossintética de plantas sob suprimento adequado e deficiência de magnésio

Sintomatologia e resposta fotossintética de plantas sob suprimento adequado e deficiência de magnésio. (Fonte: Oliveira, 2021)

O padrão de amarelecimento em decorrência da deficiência de magnésio, que se inicia entre as nervuras das plantas, é uma adaptação fisiológica da planta.

Isso porque os vegetais tendem a preservar por mais tempo a clorofila presente nas células dos feixes vasculares. É o que explicam Lincoln Taiz e Eduardo Zeiger, autores do livro Plant Physiology.

Por fim, a região em que se inicia a clorose internerval das folhas está relacionada com a mobilidade do magnésio na planta.

Como o magnésio é considerado um nutriente móvel, as plantas conseguem realocá-lo das folhas mais velhas para órgãos vegetativos em desenvolvimento. Isso ocorre porque é nessa região que está concentrada a maior demanda de magnésio da planta, pela constante necessidade de formação de clorofila.

Entretanto, o comprometimento da síntese e manutenção da clorofila e de outros diversos aspectos relacionados à fotossíntese, bem como da ativação enzimática e da nutrição vegetal causados pela deficiência de magnésio faz com que os sintomas de deficiência sejam muito mais amplos.

Na cultura do algodão, por exemplo, os sintomas de deficiência de magnésio também estão relacionados ao comprometimento:

  • Do número de botões e maçãs;
  • Do pegamento de flores;
  • Da retenção de frutos;
  • Da altura da planta.

É o que relatam os pesquisadores Ciro Antonio Rosolem e Gustavo Bernardes Bastos, no artigo Deficiências minerais no cultivar de algodão IAC 22.

Como, então, evitar que surjam os sintomas de deficiência de magnésio nas plantas e garantir o bom manejo desse nutriente no campo?

Boas práticas para o manejo adequado do magnésio na lavoura

O manejo adequado do magnésio na lavoura, assim como de qualquer outro nutriente, começa com a boa avaliação do estado de fertilidade do solo e o constante acompanhamento das lavouras, através das análises de solo e também das análises foliares.

 

A interpretação adequada da análise de solo promove um manejo eficiente da lavoura, já que com ela podemos determinar as recomendações de adubação, bem como o seu êxito.

Nessa etapa, um dos aspectos mais importantes a serem avaliados pelo agricultor é o equilíbrio de nutrientes, uma vez que a absorção de magnésio pelas plantas pode ser comprometido caso os teores dos demais nutrientes não esteja adequado.

Além disso, também é importante ter atenção especial quanto a fonte de magnésio a ser aplicada na lavoura. Isso porque o magnésio é um nutriente móvel tanto na planta, quanto no solo, podendo ser facilmente perdido para as camadas mais profundas do solo, através do processo de lixiviação.

Para evitar esse fenômeno e ainda proporcionar uma melhor sincronia entre a absorção de magnésio pelas plantas ao longo do seu ciclo produtivo e a taxa de liberação de nutrientes do fertilizante, é recomendado principalmente o uso de fontes de liberação progressiva e com longo efeito residual.

Assim, a combinação de diferentes boas práticas para o manejo adequado do magnésio na lavoura vai proporcionar o uso mais assertivo dos fertilizantes na lavoura e o melhor aproveitamento dos benefícios que a nutrição com magnésio proporciona para as plantas!

Conhecer os sintomas de deficiência de magnésio nas plantas e entender a importância desse nutriente é essencial para melhorar o manejo

Em síntese, o agricultor precisa entender qual é a importância do magnésio para o desenvolvimento das plantas e também saber reconhecer os sintomas da falta desse nutriente na lavoura.

Assim, ele pode agir para evitar que os sinais da deficiência de magnésio nas plantas surjam, uma vez que quando eles aparecem a produtividade e a qualidade da lavoura já estão comprometidos.

Isso se faz através da melhoria do manejo, com boas práticas de nutrição, a exemplo de boas análises de solo e o uso de fertilizantes adequados!

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