Como funciona a mobilidade de silício no solo? - Como funciona a mobilidade de silicio no solo

Como funciona a mobilidade de silício no solo?

O silício é considerado o elemento mais abundante em alguns tipos de solo, entretanto, essa não é a realidade dos solos tropicais. Muitas vezes, a presença de formas pouco disponíveis para as plantas, associada à elevada mobilidade desse elemento no solo, faz com que as culturas agrícolas não tenham o silício disponível em abundância no Brasil. Mas, por que isso acontece? Entenda mais sobre como funciona a mobilidade de silício no solo!

A interação entre o silício e o solo

O silício é um dos constituintes básicos da maioria do argilominerais do solo, estando sob a forma de óxido de silício (SiO2).  Ele é representado principalmente pelo grupo de minerais à base de silicatos, como o quartzo, opala e aluminossilicatos cristalinos insolúveis.

Geralmente, os maiores teores de silício são encontrados em solos mais jovens, como os Cambissolos. Já aqueles solos mais velhos, que apresentam um elevado grau de intemperismo, como é o caso dos Latossolos, são os que apresentam as menores concentrações desse elemento.

É o que ressaltam John L. Havlin e os demais autores do livro Soil Fertility and Fertilizers: An Introduction to Nutrient Management.

Outro estudo que mostra os baixos níveis de silício em solos tropicais é o artigo Symptoms of plant malnutrition silicon an ergonomically essential nutrient for sugarcane, no qualRobert L. Fox e James A. Silva estimaram que teores de silício nesse tipo de solo podem chegar a ser menores do que 2 mg/kg no extrato saturado.

A baixa concentração de silício em solos intemperizados acontece porque, dentro da série liotrópica dos elementos do solo, ele está entre os elementos mais facilmente lixiviáveis, considerando as suas formas encontradas naturalmente no solo.

A relação entre a susceptibilidade de lixiviação e o raio iônico do silício faz com que os seus íons (H3SiO4) apresentem um menor efeito agregante no solo. Isso facilita o seu deslocamento para as camadas mais profundas do solo, para fora do alcance das raízes das plantas.

Outros fatores que podem afetar a disponibilidade de silício no solo, além da própria concentração de silício na solução do solo, incluem:

Por isso, tecnologias de liberação progressiva desse elemento em fertilizantes são tão importantes para o bom desempenho da adubação silicatada em solos tropicais que, geralmente, se encontram em estágios mais avançados de intemperismo.

Outra característica interessante do silício é a sua capacidade de interagir com outros nutrientes do solo.

O papel do silício no equilíbrio de nutrientes do solo

No solo, já se é conhecido que o silício apresenta uma forte interação com outros íons dentro do complexo de troca de íons.

Esse complexo pode ser comparado a uma “geladeira”, onde a maior parte dos nutrientes se encontram aderidos nas partículas de solo e da matéria orgânica.

A similaridade química dos íons de silício (H3SiO4) com outros íons permite que ele estabeleça uma certa competição pelos mesmos sítios de adsorção de outros nutrientes. Sítios estes que são responsáveis pela fixação temporária dos nutrientes nas partículas de solo, em um processo conhecido como adsorção.

O estabelecimento dessa competição iônica acontece, por exemplo, com o fósforo. Nos artigos Dessorção de fósforo por silício em solos cultivados com eucalipto e Interações silício fósforo em solos cultivados com eucalipto em casa de vegetação, Rui Carvalho e outros pesquisadores demonstram como a aplicação de silício pôde aumentar disponibilidade de fósforo para as plantas.

 

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O uso do silício na agricultura é indispensável para evitar sintomas de deficiência de fósforo.

Além da característica de similaridade, o silício também apresenta uma afinidade por alguns elementos específicos que pode otimizar o desempenho das culturas agrícolas. É o caso da sua relação com os metais tóxicos para as plantas, como o alumínio e o cádmio.

No artigo Aluminium/silicon interactions in conifers, Hodson e Sangster explicam que o alumínio e o silício podem formar hidroxialuminossilicatos (HAS), levando à redução dos sintomas de toxicidade e favorecendo o desenvolvimento da planta.

O método de atuação sobre o cádmio também acontece de forma similar, já que o silício possui uma extrema afinidade por esse elemento. Por isso, os níveis de cádmio das plantas são menores quando a adubação silicatada é feita de forma adequada.

Efeito este que foi demostrado na cultura do arroz por Xinhui Shi e outros pesquisadores, no artigo  Effect of Si on the distribution of Cd in rice seedlings, publicado no Journal Plant and Soil.

Alguns estudos também relatam a capacidade do silício em amenizar os sintomas de fitotoxidez de alguns micronutrientes, como zinco, manganês e ferro, além de proporcionar a utilização de forma mais eficiente de outros macronutrientes como o enxofre, cálcio e magnésio.

É o que demonstraram Sheila Isabel do Carmo Pinto e outros pesquisadores, no artigo Silício como amenizador da fitotoxicidade de zinco em plantas jovens de Eucalyptus urophylla cultivadas em solução nutritiva.

Mas, será que vale a pena incluir o silício no programa de adubação da lavoura?

Qual a função do silício no solo?

Apesar do silício não ser considerado essencial para o desenvolvimento das plantas, seu potencial na agricultura não deve ser ignorado.

No livro Nutrição Mineral de Plantas: Princípios e Perspectivas, os autores mencionam que o silício cumpre o segundo dos critérios da nova definição de essencialidade dos nutrientes:

“A planta pode ser tão severamente privada do elemento que ela exibe anormalidades em seu crescimento, desenvolvimento ou reprodução, isto é, seu desempenho em comparação com plantas não privadas.”

Tal afirmação é sustentada pelas diversas evidências científicas que vem comprovando a melhoria da sanidade e desempenho de diversas culturas, como:

 

O silício desempenha vários papeis fundamentais no desenvolvimento das plantas.

Assim, cada vez mais a adubação silicatada, realizada com fontes eficientes de silício, se tornará uma prática indispensável para alta performance dos sistemas agrícolas!

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