Segundo a Embrapa, o potássio é o segundo nutriente mais requerido pela soja, com uma extração de quase 40kg/ha para cada tonelada de grãos produzidos. Mas, a distribuição das dosagens ideais requer muita estratégia para garantir o uso eficiente dos fertilizantes potássicos. Conheça mais sobre como a época de aplicação de potássio pode influenciar o desenvolvimento e produtividade da soja!
Os benefícios da adubação potássica na soja
O potássio é um nutriente muito importante para o desenvolvimento, a qualidade e a produtividade da soja, sendo capaz de promover:
- Redução da abertura espontânea das vagens (deiscência) na maturação;
- Maior retenção das vagens durante sua formação;
- Maior resistência da planta ao ataque de fungos;
- Melhoria da qualidade das sementes;
- Aumento do teor de óleo dos grãos.
Esses benefícios, mencionados por Gedi Jorge Sfredo e outros pesquisadores no estudo Soja nutrição mineral, adubação e calagem, revelam como o manejo da adubação potássica pode ter um impacto significativo em diversos aspectos quantitativos e qualitativos da lavoura.
Vitor Antigo e outros pesquisadores, por exemplo, constataram que a adubação potássica teve uma influência positiva na produtividade, matéria seca e altura das plantas. Resultados que foram explorados no artigo Avaliação de parâmetros agronômicos da cultura da soja em resposta a diferentes doses de adubação potássica.
Tais parâmetros contribuem para a melhoria da rentabilidade da lavoura. Por exemplo, um rendimento maior de grãos produzidos proporciona um maior retorno financeiro do investimento.
Já uma maior altura de plantas vai favorecer a eficiência da colheita mecânica, otimizando os processos operacionais.
Os períodos de maior exigência nutricional de potássio da soja podem ser identificados através da marcha de absorção de nutrientes, que representa a porcentagem de acúmulo do nutriente em função dos dias após a emergência.
Acúmulo de potássio na planta inteira e nos diferentes componentes da parte aérea das plantas de soja BRS 1001, em função dos dias após emergência (DAE). (Fonte: ARAÚJO, 2018)
A partir da observação do gráfico acima, é possível perceber que grande parte do potássio é absorvido durante o período de maior crescimento vegetativo, até poucos dias antes da floração. Ou seja, a marcha de absorção de nutrientes é capaz de fornecer diversos dados para orientar a escolha da melhor época para aplicação de potássio na soja.
A época de aplicação de potássio na soja
A definição da melhor época de aplicação de potássio na soja tem por objetivo garantir uma melhor sincronia entre a taxa de liberação do fertilizante e a taxa de absorção de nutrientes pela planta.
Eurípedes Malavolta, em seu livro Manual de química agrícola. Adubos e adubação, descreveu que a melhor época de aplicação de potássio será aquela realizada no momento do plantio, incorporado ou na superfície.
Recomendação esta que vem sendo aprimorada ao longo dos anos, em decorrência do maior entendimento da dinâmica do potássio no solo e da melhoria constante das novas variedades de soja.
Algumas linhas de pesquisa, por exemplo, vêm estudando os impactos da antecipação da adubação da soja, que passaria a ser realizada na cultura antecessora utilizada normalmente como adubo verde.
Por exemplo, no artigo Produtividade e acúmulo de potássio na soja em função da antecipação da adubação potássica no sistema plantio direto, José S. S. Foloni e Ciro A. Rosolem não observaram diferença para produtividade de grãos de soja com a adoção dessa prática em três anos de cultivo.
Com isso, eles concluíram que a adubação potássica para soja poderia ser antecipada totalmente na semeadura da cultura de cobertura, já que essa prática além de não interferir na produtividade da soja, otimiza o tempo de operação das máquinas agrícolas.
Porém, também existem situações em que a aplicação de potássio em cobertura vem sendo recomendada, dependendo das condições do solo e da lavoura e a fonte de potássio escolhida.
Quando adotar o parcelamento da adubação potássica na soja
De acordo com a Embrapa, é recomendada a aplicação do potássio em cobertura após a semeadura quando as doses de fontes convencionais de potássio são iguais ou superiores a 50 kg/ha, ou quando o solo possui teor de argila inferior a 40%.
A ocorrência de qualquer uma dessas situações tende a favorecer as perdas de potássio no sistema de produção. Isso porque solos com baixos teores de argila possuem uma baixa capacidade natural de retenção de nutrientes, que poderia ser melhorada apenas com o emprego de algumas práticas agrícolas.
Já as fontes convencionais de potássio, como o Cloreto de Potássio (KCl), são muito solúveis e liberam todo o conteúdo de potássio no momento da aplicação.
E como a planta não consegue absorver todo conteúdo de nutrientes disponíveis no momento da aplicação, o restante tende a ser carregado pela água para as camadas mais profundas do solo.
Além disso, no caso do KCl, também existe a limitação do elevado índice salino do fertilizante.
No trabalho Diferentes épocas e formas de aplicação de KCl (Cloreto de Potássio) na cultura da soja, os pesquisadores Tiago S. Avila e Evandro L. N. Casimiro destacam que o uso de doses elevadas de KCl pode causar problemas como a salinização do solo, que leva a:
- Redução do potencial de crescimento das plantas, devido ao desequilíbrio na solução do solo dificultando a retirada de água do solo pelos microrganismos e raízes;
- Redução de atividades enzimáticas que levam a perdas de produtividade e rentabilidade;
- Redução da respiração do solo em até 50% pelo decréscimo da população da microbiota do solo;
- Diminuição da distribuição de fungos, como os que formam importantes simbioses com as raízes das plantas, as micorrizas arbusculares.
Vale ressaltar que a salinidade pode desfavorecer a ação de bioinsumos agrícolas, ou seja, daqueles produtos que tem seu princípio ativo baseado na ação de microrganismos, materiais vegetais, orgânicos ou naturais.
No caso da soja, isso é extremamente desvantajoso, já que a cultura tem o uso de insumos biológicos para otimização da fixação de nitrogênio muito consolidado.
Mas, existem alternativas para manter uma nutrição de potássio adequada para soja sem depender de fontes que tragam limitações para o sistema produtivo?
Como escolher o fertilizante potássico ideal para obter uma maior produtividade da soja?
A variedade de opções de fertilizantes potássicos disponíveis no mercado, e a diversidade de sistemas de produção em que a soja pode estar inserida, ainda dificulta a decisão de compra de muitos agricultores.
Por isso, para orientar melhor o momento da escolha do fertilizante potássico ideal para a adubação da sua lavoura, o agricultor pode considerar:
- Avaliar o potencial da matéria-prima utilizada na produção do fertilizante potássico;
- Valorizar as fontes de potássio de liberação gradual;
- Observar o índice salino e teores de cloro da fonte de potássio utilizada;
- Buscar por benefícios que vão além da nutrição vegetal.
Laercio Dalla Vecchia, campeão de produtividade de soja, dá dicas para ter uma safra produtiva.
Assim, ao aliar as melhores épocas de aplicação a escolha ideal do fertilizante potássico para sua lavoura, o agricultor estará promovendo o alcance do potencial máximo de desenvolvimento e produtividade da soja!