Cinco dicas para evitar a deficiência de potássio no solo

Cinco dicas para evitar a deficiência de potássio no solo

O potássio é um nutriente com funções importantes para o desenvolvimento das plantas. Por isso, é essencial que as lavouras tenham acesso a uma nutrição potássica adequada. Mas, quais são os sintomas que a deficiência de potássio no solo traz? Como evitar que ela aconteça? Confira cinco dicas para nutrir bem o solo com potássio e evitar a deficiência desse nutriente na lavoura!

Quais são as funções do potássio nas plantas?

Sendo um macronutriente primário, o potássio é requerido em grandes quantidades pelas plantas. De maneira geral, ele é o segundo nutriente mais exigido durante o processo de desenvolvimento vegetal. Mas, por que isso acontece? Quais são as funções do potássio nas plantas?

Embora não esteja relacionado com a síntese direta de moléculas orgânicas nas plantas, o potássio participa de diversas funções que são essenciais ao desenvolvimento e à produtividade das culturas. Entre essas funções, podemos citar:

  • A ativação de enzimas;
  • Síntese proteica;
  • Transporte de substâncias produzidas na fotossíntese no floema;
  • Crescimento celular;
  • Regulação do potencial hídrico das células;
  • Melhoria da qualidade de flores e frutos;
  • Amenização de estresses bióticos e abióticos.

Diante da grande exigência de potássio e da intensificação da agricultura, muitas vezes esse nutriente não consegue ser reposto no solo de maneira a sustentar as grandes necessidades agrícolas atuais.

O solo é a fonte primária de nutrientes das plantas, já que, embora elas consigam absorver nutrientes através das folhas, as raízes são a estrutura principal da nutrição vegetal

Vale notar que, considerando o contexto brasileiro, a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), no estudo Aspectos relacionados ao mapeamento da disponibilidade de potássio nos solos do Brasil, aponta que a maioria dos solos do Brasil tem baixa disponibilidade desse nutriente. Isso porque os solos brasileiros são muito antigos e intemperizados.

Assim, o manejo agrícola que faça a reposição do potássio extraído do solo, através do uso de fertilizantes e outras técnicas como o uso da matéria orgânica, é importante para evitar a deficiência de potássio nas plantas. Mas quais são esses sintomas?

Quais os principais sintomas de deficiência de potássio nas plantas?

Geralmente, a manifestação visual mais aparente da deficiência de potássio se apresenta nas folhas. Plantas com baixos níveis de potássio apresentam um amarelamento ou clorose das bordas, que evolui para uma necrose, deixando-as com aparência de queimadas.

Esse sintoma aparece nas folhas mais velhas, já que, devido à grande mobilidade desse nutriente, a planta remaneja o potássio disponível para as folhas mais novas.Folhas de café afetadas pela deficiência de potássio (Fonte: EMATER-MG).

Folhas de café afetadas pela deficiência de potássio (Fonte: EMATER-MG).

Embora os sintomas de deficiência de potássio variem de planta para planta, pensando nas funções desse nutriente no desenvolvimento vegetal, normalmente eles incluem:

  • Baixo ritmo de crescimento;
  • Caules quebradiços;
  • Ocorrência de acamamento;
  • Problemas na floração;
  • Frutos com baixo desenvolvimento;
  • No caso de plantas que produzem sementes e grãos, o tegumento pode apresentar características de enrugamento;
  • Queda geral na produtividade.

Vale destacar que, quando os sintomas de deficiência se apresentam, geralmente isso significa que os níveis de potássio do solo já estão muito baixos há bastante tempo. Ou seja, o trabalho para a recuperação da fertilidade do solo será maior.

Então, como repor o potássio no solo e evitar que haja essa deficiência?

1. A importância da escolha dos fertilizantes

Os fertilizantes são essenciais para que seja feita a reposição do potássio no solo e evitar a deficiência desse nutriente no manejo agrícola. Portanto, a primeira ação para que a adubação potássica seja eficiente é escolher bem qual o fertilizante utilizar. Mas, como isso pode ser feito?

Existem diferentes fertilizantes potássicos e, entre os mais convencionais, estão o Cloreto de Potássio (KCl), o sulfato de potássio (K2SO4) e o nitrato de potássio (KNO3). Cada um deles tem características diferentes, que oferecem vantagens e também limitações no seu uso na adubação potássica.

O Cloreto de Potássio, por exemplo, é bastante utilizado por causa do seu alto teor de potássio: ele tem em torno de 53% do nutriente em sua composição. Todavia, os outros 47% da composição do KCl são de cloro, o que pode trazer problemas para o solo e para as plantas.Embora o KCl tenha um alto teor de potássio, ele também é composto por uma grande quantidade de cloro

Embora o KCl tenha um alto teor de potássio, ele também é composto por uma grande quantidade de cloro.

O excesso de cloro no manejo agrícola pode trazer problemas para as plantas, como sintomas de toxicidade que prejudicam a produtividade e a qualidade da lavoura. Já para o solo, o excesso de cloro está ligado a efeitos como:

Além disso, mesmo tendo um alto teor de potássio em sua composição, o Cloreto de Potássio tem uma liberação muito rápida do nutriente. Embora nos casos em que haja uma necessidade extrema de reposição de potássio isso seja vantajoso, a longo prazo isso também tem desvantagens.

Fontes muito solúveis, como é o caso do KCl, são mais sujeitas à lixiviação. Dessa maneira, parte do que é aplicado no solo se perde para as camadas mais profundas do solo, tornando o manejo menos eficiente.

Com o tempo, caso não sejam feitas reaplicações constantes, que agravam os problemas causados pelos efeitos negativos do excesso de cloro, isso pode levar a uma deficiência de potássio no solo e consequentemente nas plantas.

Uma saída para lidar com isso é o uso de fertilizantes de liberação progressiva dos nutrientes. Assim, além de evitar a lixiviação, o agricultor consegue aproveitar o efeito residual prolongado e construir a fertilidade do solo, otimizando o manejo.

2. Construir a fertilidade do solo é essencial

A fertilidade do solo é, basicamente, a capacidade que o solo tem de fornecer nutrientes para as plantas.

Para que o solo seja fértil, não basta que os nutrientes estejam presentes no solo. É preciso que sejam garantidas as condições necessárias para que as plantas consigam absorvê-los. Por isso, a fertilidade pode ser subdividida em:

  • Fertilidade Natural, que é aquela do solo que não teve nenhuma interferência humana a curto prazo;
  • Fertilidade Potencial, que é aquela que o solo pode alcançar com o manejo adequado;
  • Fertilidade Atual, que é aquela que o solo apresenta após as práticas de manejo corretas.

Entender essas “etapas” da fertilidade é importante para compreender que é possível construir um solo fértil. Isso se faz, por exemplo, conhecendo o solo e as suas características naturais e, a partir disso, utilizando técnicas adequadas para que a fertilidade potencial se expresse.

Essas técnicas incluem a correção de aspectos como altos teores de alumínio, que limitam as disponibilidades de cálcio, magnésio e fósforo, ou o controle do pH.

A aplicação de fertilizantes potássicos deve levar em conta esses aspectos da fertilidade do solo, para que o manejo seja mais eficiente. Por exemplo, um aspecto que pode diminuir a eficácia do manejo e levar a um quadro de deficiência são as interações entre os nutrientes.

Por exemplo, é preciso que haja um equilíbrio entre os teores de magnésio e cálcio no solo para que não ocorra a inibição competitiva entre esses nutrientes e resulte em um mal aproveitamento da fertilização.Exemplos de relações de inibição competitiva e não competitiva.

Exemplos de relações de inibição competitiva e não competitiva. (Fonte: Adaptado: KANASHIRO, 2005)

3. O conhecimento da lavoura é uma das chaves para o sucesso do manejo

Sabendo que é importante escolher bem os fertilizantes, além das complexidades que envolvem a construção da fertilidade do solo, uma ação importante para que se evite a deficiência de potássio e outros nutrientes é conhecer a lavoura.

Isso envolve o conhecimento de aspectos como a fertilidade natural do solo. Antes de começar a trabalhar em uma área, é preciso saber se o solo é arenoso, se apresenta níveis elevados de acidez, qual a situação nutricional dele no momento, etc.

A partir disso, o agricultor tem uma ideia do que pode ser feito para que a fertilidade daquele solo seja potencializada e a planta seja nutrida de maneira assertiva.

Mas, não é somente o conhecimento do solo que faz com que o manejo nutricional seja bem sucedido. É preciso entender a cultura que se pretende cultivar. Cada tipo de planta tem exigências nutricionais diferentes.

Entendendo qual é essa necessidade e qual é o estado nutricional atual do solo, o agricultor pode calcular quanto de potássio ele vai aplicar para que a nutrição da lavoura seja satisfatória.

Além disso, avaliar qual está sendo a resposta das plantas à adubação também é importante e existem ferramentas para isso.

4. Utilizando a análise foliar

Uma das ferramentas à disposição do agricultor para entender a resposta da lavoura à adubação e evitar que haja uma deficiência de potássio é a análise foliar.

Em resumo, a análise foliar consiste em uma técnica que, a partir do recolhimento de amostras de folhas, avalia a quantidade de nutrientes presentes na planta. Para que ela seja mais eficiente, é preciso estar atento a alguns pontos:

  • Preparo: deve ser feita a seleção de talhões homogêneos por tipo de solo, idade, variedade e sistema de produção e padronização do sistema de amostragem de acordo com recomendações do laboratório;
  • Coleta: a realização da coleta deve antes da aplicação de insumos agrícolas, para evitar efeito residual dos produtos, e acondicionamento em sacos porosos para preservação do material;
  • Envio: nesse momento, é preciso uma identificação clara das amostras, para não gerar problemas de reconhecimento dos dados dos talhões a posteriori, e lavagem e secagem das amostras caso não sejam analisadas em até 48h após a coleta.

Esses cuidados auxiliam na garantia de resultados que retratem com maior fidedignidade a situação da lavoura, tornando as tomadas de decisão relacionadas ao manejo nutricional mais assertivas.

5. A importância da escolha dos métodos adequados de análise do solo

A análise foliar complementa outra ferramenta muito importante para entender o estado nutricional do solo e evitar a deficiência de potássio, que é a análise do solo.

A análise de solo utiliza substâncias conhecidas como extratores para quantificam os nutrientes presentes em amostras de solo. No Brasil, os métodos mais utilizados nas análises laboratoriais utilizam como extratores o Mehlich e a resina de troca iônica.

Entretanto, mesmo que a rigor não exista apenas um método correto de análise de potássio no solo, existem situações em que essas metodologias não conseguem dar uma ideia do quadro nutricional do solo.

Isso porque elas medem os “reservatórios” de potássio de disponibilidade mais rápida (em solução e trocável). Entretanto, no livro Improving Potassium Recomendations for Agricultural Crops, Michael J. Bell e outros pesquisadores ressaltam que é preciso ampliar a visão dos reservatórios e do ciclo do potássio no solo.Uma visão mais ampliada do ciclo do potássio no solo

Uma visão mais ampliada do ciclo do potássio no solo (Fonte: Bell et al., 2021)

Além disso, é preciso pensar nas interações das plantas com o solo, uma vez que muitas culturas conseguem acessar os reservatórios de potássio além daqueles com disponibilidade mais imediata.

Assim, é preciso que o método de análise de potássio leve em consideração o tipo de solo, a cultura utilizada, o manejo agrícola e, especialmente, a fonte de potássio utilizada.

Isso torna a compreensão da dinâmica potássio-solo-planta-produtividade mais completa e o manejo cada vez mais capaz de evitar a deficiência de potássio.

 

Estar atento a um conjunto de fatores é fundamental para um manejo que evite a deficiência de potássio

Em resumo, para evitar a deficiência de potássio no solo e nas plantas, é preciso que o agricultor esteja atento a um conjunto de fatores.

Esses fatores vão desde a escolha do fertilizante potássico adequado, que é auxiliada pelo conhecimento da lavoura e dos processos e técnicas de construção da fertilidade do solo, até a redução de causas que possam levar à diminuição da disponibilidade de potássio.

Já a utilização de métodos corretos de avaliação dos resultados ajuda a tornar o manejo mais assertivo e eficiente!

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