O potássio é um macronutriente essencial para o desenvolvimento adequado das plantas. Entretanto, de acordo com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), boa parte dos solos do Brasil tem baixa disponibilidade desse nutriente. Por isso, é preciso que seja realizada a adubação potássica, a fim de evitar a deficiência desse nutriente. Mas, como a deficiência de potássio nas plantas pode prejudicar a produtividade e a rentabilidade da lavoura?
As funções do potássio nas plantas
O potássio é um dos macronutrientes necessários para que as plantas se desenvolvam. De maneira geral, ele é o segundo nutriente mais requerido durante o processo de crescimento vegetal. Entre as funções do potássio nas plantas, podemos citar:
- A ativação de enzimas;
- Síntese proteica;
- Transporte de substâncias produzidas na fotossíntese no floema;
- Crescimento celular;
- Regulação do potencial hídrico das células;
- Melhoria da qualidade de flores e frutos;
- Amenização de estresses bióticos e abióticos.
Em razão disso e do avanço das práticas agrícolas, que intensificam o uso dos nutrientes do solo, é preciso que o potássio seja reposto através de práticas de adubação, para evitar que apareçam sintomas de deficiência e perdas de produtividade e rentabilidade na lavoura.
No contexto brasileiro, essa reposição de potássio através do uso de fertilizantes e adubos potássicos é especialmente relevante. Isso porque, em razão de serem muito antigos e intemperizados, a maioria dos solos do Brasil tem baixa disponibilidade desse nutriente.
É o que destaca o estudo Aspectos relacionados ao mapeamento da disponibilidade de potássio nos solos do Brasil, da Embrapa.
Mas, para entender como a deficiência de potássio no solo e, em consequência nas plantas, pode prejudicar a lavoura, é preciso entender o que a falta desse nutriente causa nas plantas.
O que a deficiência de potássio causa nas plantas?
Cada planta manifesta os sintomas de deficiência de potássio de maneira diferente, uma vez que cada espécie tem dinâmicas e processos metabólicos diferentes.
Entretanto, de maneira geral, a falta de potássio se apresenta de forma mais aparente nas folhas. As plantas com baixos níveis de potássio apresentam um amarelamento ou clorose das bordas, que evolui para uma necrose, deixando-as com aparência de queimadas.
Tal sintoma ocorre principalmente nas folhas mais velhas. Isso porque, como o potássio tem uma grande mobilidade no sistema da planta, há o remanejamento do nutriente disponível para as folhas mais novas.
Folhas de café afetadas pela deficiência de potássio (Fonte: EMATER-MG).
Embora os indícios de deficiência de potássio variem de planta para planta, pensando nas funções desse nutriente no desenvolvimento vegetal, normalmente eles incluem:
- Baixo ritmo de crescimento;
- Caules quebradiços;
- Ocorrência de acamamento;
- Problemas na floração;
- Frutos com baixo desenvolvimento;
- No caso de plantas que produzem sementes e grãos, o tegumento pode apresentar características de enrugamento;
- Queda geral na produtividade.
Algo que deve ser ressaltado é que, quando os sinais de deficiência de potássio se manifestam, em geral isso significa que os níveis do nutriente estão muito baixos no solo há bastante tempo. Assim, o trabalho para que a fertilidade do solo seja recuperada será maior.
Portanto, o agricultor deve evitar que haja deficiências severas de potássio na lavoura, a fim de se resguardar do prejuízo que elas podem causar. Mas, quais são esses prejuízos?
Sem adubação potássica, a lavoura pode ter menos retorno
Como o potássio está ligado tanto à qualidade quanto à produtividade das plantas, quando ocorre a deficiência desse nutriente, o agricultor acaba tendo menos retorno do que poderia ter com a lavoura.
Diversos estudos mostram como a adubação potássica feita de maneira correta, ou seja, quando a reposição do nutriente no solo é adequada, pode incrementar a produtividade da lavoura.
Por exemplo, o Dr. Antônio Marcos Coelho, na circular técnica Nutrição e Adubação do Milho do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) observa que:
“Nos solos do Brasil Central, a quantidade de potássio disponível é normalmente baixa e a adubação com esse elemento produz resultados significativos. Aumentos de produção de 100% com adição de 120 a 150 kg de K2O/ha, são comuns nesses solos.”
Baseando-se nesse estudo, podemos imaginar que uma lavoura hipotética de 1000 hectares sem adubação potássica adequada tenha uma produção média de 30 sacas/ha. Levando-se em consideração que ao nutrir adequadamente a lavoura com potássio pode-se ter um aumento de produção de até 100%, essa área poderia alcançar uma produção média de 60 sacas/ha.
Mas, o que isso significa em reais? De acordo com o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/USP), o valor da saca de milho no dia 27 de outubro de 2021 era de R$ 87,50. Assim, o retorno financeiro dessa lavoura poderia passaria de R$ 2.625.000,00 para até R$ 5.250.000.
Outros estudos mostram o aumento da produtividade em função do aumento da adubação potássica. É o caso da pesquisa Avaliação da produtividade da soja em diferentes doses de potássio na região de Belterra/PA.
Neste trabalho, Nagib Jorge Melém Júnior e outros pesquisadores verificaram que:
“As respostas na produtividade da soja foram proporcionais aos incrementos na adubação de K2O.ha-1, conforme a tabela abaixo, partindo de 1.943 kg.ha-1 sem adubação potássica, atingindo um teto de 2.572 kg.ha-1, com 90 kg de K2O ha-1.”
Produtividade de soja em função do aumento da adubação potássica (Fonte: JÚNIOR et al, 2015)
Aqui, cabe destacar que outras variáveis podem interferir no rendimento da lavoura, mesmo que haja a adubação potássica. Por isso, é preciso que o agricultor tenha um conhecimento amplo da sua propriedade e da lavoura para planejar adequadamente o manejo da adubação potássica.
Além de entender quais são as características do solo, como por exemplo o nível de acidez, é preciso que o agricultor siga as recomendações das doses ideais de potássio para a cultura com a qual ele trabalha.
A utilização adequada de técnicas como a análise do solo e análise foliar também contribui para entender qual o nível de fertilidade do solo e a resposta da lavoura à adubação. Assim, evita-se que haja tanto a deficiência de potássio, quanto a adubação excessiva.
Isso porque, de acordo com Lei de Mitscherlich, ou Lei dos Incrementos Decrescentes de Produção, quando o teor de um nutriente no solo atinge um ponto crítico, há uma resposta produtiva cada vez menor da lavoura.
Conhecer a lavoura e fazer a adubação potássica adequada é a chave para o rendimento da lavoura
Em resumo, a deficiência de potássio faz com que funções importantes no desenvolvimento das plantas sejam prejudicadas.
Dessa maneira, tanto a produtividade quanto a qualidade da lavoura caem. Em consequência, a rentabilidade do agricultor sofre prejuízos.
Por isso, o agricultor deve estar atento ao manejo do potássio da lavoura, de modo a manter bons níveis do nutriente no solo. Para tal, o uso de técnicas apropriadas de análise do solo e foliar, bem como a escolha de fertilizantes potássicos adequados é essencial.