Saiba como a situação atual entre Rússia e Ucrânia pode impactar o mercado de fertilizantes mundial, incluindo o Brasil

Saiba como a situação atual entre Rússia e Ucrânia pode impactar o mercado de fertilizantes mundial, incluindo o Brasil

A agricultura representa um quarto do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil, sendo um dos setores mais importantes da economia brasileira. Vale notar também que o setor agrícola é um dos mais globalizados da economia nacional. Nesse sentido, a agricultura brasileira é afetada por turbulências internacionais, como o conflito entre Rússia e Ucrânia, que recentemente teve desenvolvimentos significativos que pode ter reflexos no mercado de fertilizantes mundial, incluindo o Brasil. Entenda mais sobre esse assunto e saiba quais possíveis soluções podem ajudar o agricultor brasileiro.

O cenário atual do conflito entre Rússia e Ucrânia e sua relação com a agricultura

Após quase um ano e meio, o conflito entre Rússia e Ucrânia ainda se arrasta e recentes acontecimentos relacionados a ele podem ter um impacto significativo na agricultura mundial e também no Brasil.

Nos últimos dias, o governo russo enfrentou problemas com um grupo paramilitar, que chegou a tomar o controle de duas regiões importantes do sul do país. A situação foi resolvida, mas trouxe mais tensão ainda para o conflito no Leste Europeu.

De acordo com Ian Bremmer, presidente da Eurasia, uma das principais consultorias de risco político do mundo, em uma reportagem da Revista Veja, analisa que a situação deu impulso a movimentações de contraofensiva do lado ucraniano. Mas, como isso afeta a agricultura?

Na avaliação de Bremmer, isso pode fazer com que a Ucrânia possa decidir não renovar o acordo para comércio de grãos e fertilizantes através do porto de Odessa, que foi assinado no ano passado e precisa ser renovado até o próximo dia 18.

Para Valdir da Silva Bezerra, Mestre em Relações Internacionais pela Universidade de São Petersburgo, também há motivos para que a Rússia não renove o acordo. Em entrevista ao programa Hora H do Agro, explica que existem três principais razões que indicam que o gigante do Leste Europeu tome essa decisão:

  • A alegação de Moscou de que o corredor marítimo utilizado para as exportações têm sido alvo de ataques ucranianos;
  • Bloqueios e dificuldades de cunho logístico que a Rússia tem enfrentado para fazer o seguro de embarcações do país que usam o corredor marítimo do Mar Negro;
  • A alegação russa de que um duto de exportação de produtos como a amônia, componente necessário para a produção de fertilizantes, teria sido atacado.

“Então são três fatores que a Rússia tem colocado para dizer que o país não está exatamente disposto para ampliar esse acordo de grãos com a Ucrânia”, conclui Valdir.

Essa conjuntura do conflito entre Rússia e Ucrânia pode trazer reflexos no mercado de fertilizantes global e atingir inclusive o Brasil.

Impactos das turbulências internacionais na agricultura brasileira

A agricultura brasileira é altamente dependente de fertilizantes importados. E, nesse contexto, a Rússia está entre os maiores fornecedores de fertilizantes para o Brasil.

De fato, segundo um relatório da consultoria Itaú BBA, no primeiro semestre de 2023, entre os meses de janeiro e maio, o país do Leste Europeu foi responsável por 27% das importações que o Brasil fez desses insumos essenciais para a atividade agrícola. Vale notar que esse número cresceu 3% em comparação ao mesmo período do ano anterior.

Entre os fertilizantes que o Brasil importa da Rússia, está o potássio, geralmente na forma de cloreto de potássio (KCl). Aqui, vale notar que, em 2022, a Rússia foi o segundo maior fornecedor de potássio para a atividade agrícola brasileira, sendo responsável por quase 30% das importações feitas desse fertilizante. É o que mostram dados consolidados do governo federal brasileiro.

Essa dependência de fertilizantes importados é uma fragilidade da agricultura do Brasil, uma vez que deixa os preços desse insumo crucial suscetíveis a questões sociais, políticas e econômicas.

A possibilidade da não renovação do acordo de exportação de fertilizantes russos, por exemplo, pode afetar o mercado mundial e gerar algum tipo de efeito sobre os preços dos fertilizantes no Brasil.

Além disso, existe também a questão do dólar. A moeda norte-americana, que serve de lastro das operações comerciais dos fertilizantes tem tido um movimento de queda, mas, de acordo com análise do portal G1, está já em um patamar de estabilidade. Existe também a possibilidade de valorização do dólar nos próximos dias.

Aqui, vale notar que, depois de semanas de queda nos preços, o valor pago por alguns fertilizantes, incluindo o cloreto de potássio, já demonstram uma tendência de aumento na última semana, segundo relatório ACERTO Weekly Fertilizer Report Brazil

Diante desse contexto, o que pode ser feito para evitar faltem fertilizantes para o manejo agrícola ou que o agricultor seja prejudicado por preços altos? 

A importância de fortalecer o mercado nacional de fertilizantes

Uma coisa importante a ser notada é que os solos brasileiros têm baixa disponibilidade de alguns nutrientes, como é o caso do potássio. É o que diz o documento Aspectos relacionados ao mapeamento da disponibilidade de potássio nos solos do Brasil, da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).

Por isso, é crucial que o agricultor brasileiro esteja consiga realizar o manejo adequado do potássio, que é feito principalmente com o uso de fertilizantes.

Do contrário, pode haver sérios impactos para o setor agrícola, já que o potássio exerce funções essenciais na fisiologia e no metabolismo das plantas, que contribuem para a produtividade e a qualidade dos alimentos.

Nesse contexto é crucial que o mercado interno de potássio no Brasil seja fortalecido, de forma a reduzir a dependência externa desse recurso tão importante para o agronegócio brasileiro e para o país como um todo.

Ações como o Plano Nacional de Fertilizantes (PNF) são importantes para que o Brasil possa explorar o seu potencial de produzir o seu próprio potássio, com novas fontes eficientes desse nutriente e que agregam tecnologias inovadoras.

Tecnologias inovadoras ajudam a tornar os fertilizantes mais eficientes

Essas tecnologias favorecem, por exemplo, o uso dos microrganismos benéficos para potencializar a adubação, trazendo mais produtividade e qualidade para as lavouras brasileiras.

Vale notar que o PNF também prevê ações para melhorar a infraestrutura logística do país, o que ajuda a garantir que atrasos, que podem prejudicar o manejo, afetem os agricultores.

Nesse sentido, também em entrevista ao programa Hora H do Agro, Jefferson Souza, que é analista da Agrinvest Commodities, ressalta que é importante que o agricultor também fique alerta para fatores como as janelas de compra de fertilizantes e as relações de troca, que, quando favoráveis, ajudam a reduzir os custos das compras desses insumos.

Outras ações do governo que também podem ajudar a fortalecer a agricultura brasileira estão dentro do Plano Safra 2023/24, mas também é essencial que o agricultor esteja atento a empresas que desenvolvem soluções de nutrição eficientes e nacionais, como é o caso da Verde Agritech, com fertilizantes como o K Forte® e o BAKS®.

Estar atento aos acontecimentos internos e externos, além de valorizar os fertilizantes brasileiros, pode ajudar a fortalecer o setor agrícola do país

Em síntese, a configuração atual do mercado de fertilizantes brasileiro faz com que ele seja altamente dependente de insumos importados, como é o caso do potássio. Isso fragiliza a agricultura brasileira.

Situações de turbulência internacional, como o conflito entre Rússia e Ucrânia, além de questões econômicas como as variações cambiais do dólar, podem afetar os preços e em alguns casos até mesmo a disponibilidade e a logística dos fertilizantes no Brasil. Assim, é essencial que o agricultor esteja preparado, estando atento a fatores como relações de troca, conhecendo ações como o Plano Nacional de Fertilizantes e também o Plano Safra 2023/24.

Além disso, outras ações como antecipar as compras de fertilizante e também investir no potássio brasileiro, que conta com fontes eficientes e que agregam tecnologias inovadoras ajudam a fortalecer o mercado nacional e reduz a dependência do mercado externo!

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