O ano de 2022 se iniciou com incertezas e preços altos no mercado de potássio e outros fertilizantes. Ao longo do ano, as turbulências continuaram a afetar os preços. Mas, e para 2023? O que o agricultor pode esperar dos preços do potássio e outros fertilizantes? E como ele pode se preparar?
Um ano de turbulências no mercado de potássio
O ano de 2022 foi de incertezas e, no geral, de preços altos dos principais fertilizantes utilizados na agricultura brasileira, incluindo o potássio.
As turbulências no cenário internacional, como por exemplo o conflito entre a Rússia e a Ucrânia, além de outros fatores, impulsionaram o preço desses insumos tão importantes para a agricultura durante o ano.
Os preços dos principais fertilizantes utilizados na agricultura tiveram um aumento em 2022 (Fonte: World Bank)
Ao longo do ano, foram várias flutuações nos preços dos fertilizantes, mas ainda assim os valores se mantiveram altos ao final de 2022, quando comparados com 2021.
O aumento dos preços dos fertilizantes no Brasil, com os valores convertidos em reais nas cotações dos respectivos dias (Fonte: ACERTO Weekly Fertilizer Report Brazil 01/01/2021 e 01/12/2022)
Além dos preços altos, a insegurança em relação ao fornecimento de fertilizantes também foi motivo de preocupação dos agricultores. Isso porque esses insumos são essenciais para a garantia da produtividade e da qualidade agrícola.
Mas, e em relação à 2023? O que esperar do mercado de potássio e outros fertilizantes no Brasil e no mundo?
O que esperar do mercado de potássio e outros fertilizantes em 2023
O conflito no Leste Europeu trouxe diversas repercussões que afetaram o mercado de potássio e que podem continuar tendo impactos negativos em 2023.
Um deles é o caso das taxações de fertilizantes vindos da Rússia. De acordo com a agência de notícias Interfax, depois de meses de sinalização do governo russo, o gigante do Leste Europeu deve estabelecer tributos sobre os insumos produzidos no país.
O ministro do Comércio Denis Manturov indicou que o tributo deve ser estabelecido sobre todos os tipos de fertilizantes em 23,5% quando o preço estiver acima de US$ 450,00 por tonelada.
Vale lembrar que a Rússia é um dos grandes players do mercado de fertilizantes, em especial do potássio. Junto com a Bielorrúsia e o Canadá, o país controla cerca de 80% do comércio mundial desse fertilizante que é extremamente importante para a agricultura do Brasil.
Só em 2022, de acordo com dados consolidados do governo federal brasileiro, entre janeiro e o início de dezembro, o gigante do Leste Europeu foi o segundo maior fornecedor de potássio do Brasil, responsável por quase 30% das importações desse fertilizante.
As sanções impostas à Rússia e outros países importantes envolvidos no conflito, como a Bielorrúsia também podem contribuir para que a instabilidade no mercado de potássio continue em 2023, haja visto que o confronto ainda persiste no Leste Europeu.
Na Europa de maneira geral, um ponto que pode ter reflexos no mercado de potássio e outros fertilizantes é a crise energética que atinge o continente. Isso porque as indústrias são afetadas pela falta do gás natural, principal recurso ligado à crise, incluindo as de fertilizantes.
Aqui vale lembrar que a China, que também é um player importante no cenário internacional do agronegócio, é outro país que passa por uma crise energética. Assim, há um desbalanceamento no mercado que, em face da globalização da economia, pode ter impactos nos preços e na disponibilidade dos fertilizantes.
Além disso, outro fator que tem importância no mercado de potássio é a taxa cambial do dólar, que se manteve elevada também em 2022.
Diante desse cenário, como o agricultor pode se preparar e fortalecer o agronegócio brasileiro?
A importância de fortalecer o mercado de potássio interno
Os solos brasileiros têm baixa disponibilidade de potássio. É o que afirma a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), no documento Aspectos relacionados ao mapeamento da disponibilidade de potássio nos solos do Brasil.
Assim, reduzir as compras de potássio não é uma opção para o agricultor brasileiro. Isso porque uma ação assim traria sérios impactos para o setor agrícola, tendo em vista as funções essenciais que esse nutriente exerce na fisiologia e no metabolismo das plantas, que contribuem para a produtividade e a qualidade dos alimentos.
E, com uma produtividade menor, além do aumento do preço dos alimentos, há um risco de desabastecimento. Já a diminuição da qualidade dos alimentos traz diminuição da rentabilidade para os agricultores.
Dessa maneira, é importante que haja o fortalecimento do mercado interno de potássio no Brasil, para reduzir a dependência externa desse recurso tão importante para o agronegócio brasileiro e para o país como um todo.
Nesse sentido, pesquisas têm mostrado cada vez mais o potencial do Brasil em produzir o seu próprio potássio, com novas fontes eficientes desse nutriente e que agregam tecnologias inovadoras.
Essas tecnologias favorecem, por exemplo, o uso dos microrganismos benéficos para potencializar a adubação, trazendo mais produtividade e qualidade para as lavouras brasileiras.
Laercio Dalla Vecchia, Campeão Nacional de Produtividade do Cesb, fala sobre os investimentos em fontes de potássio brasileiras, que fortalecem o mercado interno
Fortalecer o mercado interno com novas fontes de potássio eficientes e que agregam tecnologias é essencial para enfrentar o ano de 2023
Em síntese, o agronegócio enfrentou grandes dificuldades em 2022. E, para 2023, ainda existem turbulências que devem se estender e que podem ter um reflexo no mercado e nos preços do potássio e de outros fertilizantes essenciais para a atividade agrícola.
A continuação do conflito no Leste Europeu, bem como as crises energéticas na Europa e na China estão entre os fatores que podem afetar o mercado internacional de potássio.
Dessa maneira, é importante que o agricultor esteja preparado, se planejando desde já, antecipando as suas compras de fertilizante e também investindo no potássio brasileiro, que conta com fontes eficientes e que agregam tecnologias inovadoras. Isso fortalece o mercado nacional e reduz a dependência do mercado externo!
