Um dos destaques das notícias agrícolas da semana é que o mês de outubro se iniciou com compras em marcha lenta e desafios na entrega de fertilizantes, o que tem gerado apreensão no setor agrícola no Brasil.
As condições climáticas desafiadoras, marcadas por uma severa estiagem em algumas regiões e chuvas intensas em outras, têm levado os agricultores a reavaliar seus gastos, mantendo a postura cautelosa adotada desde o início do ano, quando os altos preços dos adubos eram a principal preocupação.
Para os produtores que já deram início à semeadura da soja, mas estão monitorando de perto as condições climáticas, é imperativo ajustar os calendários e planejar aquisições de fertilizantes considerando a janela de plantio da safrinha. Atualmente, as compras estão sendo feitas de forma contida, adquirindo apenas o necessário e evitando a formação de estoques.
Por outro lado, as distribuidoras de insumos enfrentam desafios na entrega de fertilizantes de nitrogênio, especialmente devido às compras de última hora que impactaram a logística. Isso tem resultado em atrasos na entrega dos produtos no campo.
Embora os preços dos fertilizantes não tenham sido afetados diretamente pela logística, a comercialização dos nitrogenados, especialmente a ureia, enfrenta dificuldades devido aos altos preços. Após uma elevação de 60% no valor da ureia em junho, seguida por uma queda de 25% e um novo aumento de 10% até o final de agosto, esse componente apresentou oscilações no mercado.
Apesar das indicações de estabilidade e possíveis quedas a partir de novembro, o preço da ureia tem impactado negativamente a relação de troca com o milho, um cereal que depende desse adubo.
A relação de troca está cerca de 30% pior em comparação com os últimos cinco anos, desestimulando os produtores. Agora, com o início do plantio, os agricultores estão avaliando a extensão de suas plantações e se a janela disponível para a entrada do milho será adequada.
Marcelo de Melo, coordenador da mesa de fertilizantes da empresa de consultoria agrícola StoneX, em entrevista ao Portal Globo Rural, destaca que há um claro atraso nas compras para a safrinha, o que pode resultar em problemas no campo se todos os produtores deixarem as compras para o período de novembro a janeiro.
“Podemos enfrentar complicações. Dezembro é um mês em que o frete se torna mais restrito devido à sua brevidade, pois a colheita ainda não começou, e os caminhões de carga agrícola não estão se dirigindo aos portos, o que pode prejudicar a entrega dos produtos da safrinha”, argumenta.
Entidades já alertam para possíveis atrasos na entrega de fertilizantes
Por outro lado, já há relatos de atrasos na entrega de fertilizantes em alguns lugares do país, como a Região Sul. É o caso do alerta feito pela Federação das Cooperativas Agropecuárias de Santa Catarina (Fecoagro-SC).
De acordo com a cooperativa, a postergação das compras de fertilizantes tem gerado um estresse logístico que pode fazer com que esses importantes insumos cheguem tarde demais nas lavouras dos agricultores.
Além disso, existe também a questão dos prazos para a entrega de fertilizantes no território brasileiro, uma vez que a maioria desses insumos é importado. Por exemplo, a a Fecoagro-SC relata que um navio com adubo aguarda para atracar no Porto de São Francisco do Sul (SC) há mais de 20 dias.
Segundo a entidade, um fator agravante é que as embarcações com fertilizantes só têm preferência de atracação após 15 dias de espera.
A importância de acompanhar as notícias agrícolas e investir em fertilizantes nacionais
Dentro desse contexto, é importante que o agricultor esteja atento às notícias agrícolas, para se manter informado sobre fatores que podem interferir no setor, como por exemplo o clima e a logística e a entrega de fertilizantes.
Nesse sentido, essa prática ajuda a tomar decisões mais assertivas, como a melhor definição do momento de compra de fertilizantes, bem como buscar soluções que possam contornar problemas como a logística do setor desses insumos.
Soluções como a valorização e o investimento em fertilizantes nacionais, que sejam eficientes e que tragam vantagens para o manejo agrícola. Isso porque, diferentemente dos fertilizantes importados, os fertilizantes produzidos no Brasil são menos impactados por dificuldades logísticas como o escoamento dos portos por onde os insumos estrangeiros chegam no país, evitando atrasos na entrega de fertilizantes, por exemplo.
Além disso, eles são menos sujeitos às pressões externas de crises sociopolíticas e variações cambiais que podem impactar no preço dos fertilizantes, favorecendo preços mais justos e acessíveis, ajudando a valorizar o investimento dos agricultores.