Como a broca da cana-de-açúcar prjeudica a cultura e como realizar o manejo dessa praga?

Como a broca da cana-de-açúcar prejudica a cultura e como realizar o manejo dessa praga?

As condições climáticas favoráveis para o desenvolvimento da broca da cana-de-açúcar no Brasil tornaram essa a principal praga presente nos canaviais do nosso país. Entretanto, a sua presença nas lavouras preocupa muitos agricultores, já que ela pode causar uma série de prejuízos na atividade. Entenda como a broca da cana-de-açúcar prejudica a cultura e saiba como realizar o manejo dessa praga!

O que a broca da cana-de-açúcar faz na lavoura?

A broca da cana-de-açúcar, representada pela principal espécie Diatraea saccharalis, é considerada a principal praga da cana, sendo capaz de afetar não apenas a produtividade da cultura, mas também a produção de açúcar e etanol.

Para cada 1% de índice de infestação de broca, estima-se que existe um decréscimo, em média, de 0,85% da produtividade da cana e perdas industriais de 20 a 30 Kg de açúcar por hectare.

É o que observaram Marcelo de Almeida Silva e outros pesquisadores, no artigo Avaliação de clones de híbridos IAC de cana- -de-açúcar, série 1985, na região de Jaú (SP).

Essas perdas são resultado dos danos diretos e indiretos que essa praga pode causar nas lavouras de cana ao longo do seu ciclo de vida.

Normalmente, o ciclo de vida da broca da cana-de-açúcar acontece em um intervalo de 60 a 90 dias. Por isso, várias gerações de uma mesma população da praga podem acabar afetando a cultura da cana.

Se as condições de campo forem favoráveis ao desenvolvimento da D. saccharalis, 4 a 5 gerações de uma mesma população da praga podem ser observadas ao longo do ano, apresentando, geralmente, a seguinte distribuição temporal:

  • Primeira geração: entre setembro e outubro;
  • Segunda geração: entre dezembro e fevereiro;
  • Terceira geração: entre fevereiro e abril;
  • Quarta geração: entre maio e junho.

Durante o seu ciclo de vida, a broca da cana-de-açúcar passa por 4 fases de desenvolvimento: ovo, larva, pupa e adulto. Entretanto, é a fase larval que mais gera prejuízos à cultura da cana-de-açúcar.

Quando as lagartas eclodem dos ovos, elas começam a raspar as folhas mais novas para se alimentar até atingirem o tamanho necessário para migrar e perfurar o colmo da planta.

Uma vez dentro do colmo, as lagartas passam a consumir seu conteúdo interno e a formar galerias, o que traz diversos prejuízos para o canavial e, em consequência, para o agricultor.

O primeiro deles está relacionado ao “coração morto” ou “olho morto”, identificado pela paralisação temporária do crescimento da cana, amarelecimento das folhas mais novas, enraizamento aéreo e brotações laterais.

Isso acontece porque essa região acaba sendo a preferida para o ataque da broca da cana-de-açúcar e acaba gerando a morte da gema apical.

Além disso, a formação de galerias nos colmos atacados também resulta:

  • Na maior quebra de colmos pela ação do vento;
  • Na redução direta da produtividade, pela redução do conteúdo dos colmos;
  • Na maior susceptibilidade das plantas de cana ao ataque de fitopatógenos, como os causadores da podridão-vermelha do colmo, que diminuem a pureza do caldo e o rendimento industrial no processo de produção de açúcar e/ou álcool.

Dessa forma, podemos perceber que é indispensável que o agricultor faça o controle dessa praga nos seus canaviais. Mas, como isso pode ser feito?

Como controlar a broca da cana-de-açúcar?

Uma das formas mais eficientes de se controlar a broca da cana-de-açúcar e outras pragas presentes na lavoura consiste no uso dos diferentes pilares do manejo integrado de pragas (MIP).

Instituído na década de 60, o manejo integrado de pragas busca com a integração de diferentes métodos de controle reduzir o nível da população da praga abaixo de um ponto conhecido como nível de controle.

O nível de controle é um valor de referência no qual os agricultores podem se basear para tomada de decisão acerca da implementação ou não dos métodos de controle da broca da cana-de-açúcar.

Para isso, o agricultor deve realizar o acompanhamento periódico das suas lavouras e fazer a instalação de armadilhas para acompanhar os níveis populacionais da praga.

Normalmente, quando são observadas cerca de seis mariposas macho por armadilha em 30% das armadilhas, o agricultor deve entrar com os métodos de controle. No entanto, esse número pode variar em função da região, clima, cultivar, dentre outros fatores.

Entretanto, vale destacar que é sempre importante que o agricultor utilize práticas que previnam que a praga atinja o nível de controle, como a eliminação das plantas hospedeiras, o corte da cana sem desponte e a moagem rápida da cana. Essas práticas são conhecidas como controle cultural.

A escolha dos métodos de controle muitas vezes acaba sendo definida pelo estágio do ciclo de vida da praga predominante na lavoura.

Caso a broca da cana-de-açúcar se encontre nos primeiros estágios de desenvolvimento larval e ainda não tenha penetrado nos colmos, o agricultor pode fazer uma ação combinada da aplicação de silício, controle químico e biológico.

Essa combinação permite alcançar uma melhor eficiência com o controle químico e biológico, porque o silício é capaz de reduzir a velocidade de penetração das brocas no colmo da cana-de-açúcar.

E isso faz com que a praga fique mais suscetível a atuação dos inimigos naturais, condições climáticas desfavoráveis e aos métodos químicos de controle.

O atraso na penetração da broca nos colmos está relacionado ao desgaste que o silício provoca no aparelho bucal da praga, que prejudica a sua alimentação, crescimento e na reprodução do inseto.

Contudo, quando falamos de resistência em plantas através da aplicação de silício na cana, estamos falando de uma manifestação temporária da resistência. Ou seja, são necessárias reaplicações do insumo para manter o efeito ao longo do ciclo da cultura.

Dentro de um programa de manejo integrado de pragas, o uso de silício pode ser muito benéfico

Agora, caso a broca da cana-de-açúcar se encontre em estágios mais avançados de desenvolvimento e que já tenha penetrado os colmos, o controle biológico tem se mostrado como um dos métodos mais efetivos.

Segundo o Dr.  Pedro Yamamoto, no futuro é previsto que 70% do controle de pragas será feito utilizando ferramentas não-químicas, com destaque para o controle biológico nesse cenário.

No caso da cana, o controle biológico da broca tem apresentado resultados muito positivos com o uso das vespinhas parasitoides Cotesia flavipes e Trichogramma galloi e do fungo entomopatogênico Beauveria bassiana.

Portanto, o uso integrado de métodos de controle no momento adequado pode garantir uma maior eficiência no controle da broca da cana-de-açúcar.

A integração de diferentes métodos do MIP é essencial para o controle da broca da cana-de-açúcar

Em conclusão, podemos perceber que a integração dos diferentes métodos de controle recomendados pelo MIP é indispensável para alcançar o manejo eficiente da broca da cana-de-açúcar.

Isso porque dependendo do estágio de desenvolvimento da praga, alguns métodos podem se tornar mais ou menos efetivos para o seu controle.

Sendo assim, o uso integrado do controle cultural, químico e biológico, dentro outras práticas de manejo associadas a aplicação de silício, com fontes adequadas desse elemento, se tornam importantes ferramentas que o agricultor dispõe para controlar efetivamente a broca da cana-de-açúcar na lavoura!

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