As nanopartículas do solo: entenda o que são e como elas interferem na aptidão agrícola natural do solo

As nanopartículas do solo: entenda o que são e como elas interferem na aptidão agrícola natural do solo

Você já ouviu falar em nanotecnologia? Ela é uma ciência que se dedica ao estudo da manipulação da matéria em uma escala extremamente pequena e que proporcionou avanços significativos do entendimento do homem acerca do seu ambiente nas últimas décadas. Esses avanços também alcançaram o meio agrícola com o estudo das nanopartículas do solo, que tem permitido a elaboração de métodos inéditos capazes de entender profundamente a aptidão agrícola natural dos solos.

Para falar sobre esse assunto, o Doutor em Agronomia, professor da UNESP e docente em Agricultura Digital no SolloAgro da ESALQ/USP, Diego Silva Siqueira, participou do “Encontro com Gigantes – Nanotecnologia da terra: o potencial e aptidão natural do solo”.

O evento foi promovido pela Verde Agritech, empresa que produz os fertilizantes BAKS®, K Forte® e MONDÉ®, no dia 22 de setembro de 2022.

Você pode conferir a conversa, mediada pela Bruna Quintas, na íntegra pelo link:

O que é uma nanopartícula do solo?

O termo “nanopartícula”, como o próprio nome sugere, é usado para se caracterizar partículas de tamanho extremamente diminutos, que alcançam diâmetros que variam entre 1 e 100 nanômetros.

Segundo o Doutor em Agronomia Diego Silva Siqueira, o surgimento das nanopartículas na natureza está incluso dentro da própria história de formação da Terra, datando de mais de 3 milhões de anos.

Desde a sua criação, as nanopartículas vêm influenciando a vida dos seres vivos e de toda a dinâmica dos ecossistemas presentes no planeta Terra, incluindo o solo:

“É dentro da fração mineral do solo, que compõe cerca de 50% do solo de qualquer lugar do mundo, que estão essas partículas pequenininhas apelidadas de “DNA do solo”, as nanopartículas. São as suas propriedades que dão ao solo a sua cor, a sua capacidade de trocar calor e adsorção de fósforo, dentre diversas outras características.”, explicou o Dr. Diego Silva.

Ele explicou ainda que, de forma geral, as características das nanopartículas do solo não mudam e isso faz com que elas sejam um ótimo parâmetro para determinar a aptidão agronômica do solo.

Inicialmente, as análises das nanopartículas do solo eram feitas com técnicas laboratoriais de alto valor agregado, como a análise difração de raio X.

Todavia, com o avanço dos estudos e tecnologias, o custo para realização da análise das nanopartículas do solo caiu mais de 150 vezes nos últimos anos, tornando-a acessível para a maior parte dos agricultores.

Uma das principais tecnologias que permitiram a redução desses custos foi o desenvolvimento de sensores que conseguem medir a capacidade magnética das nanopartículas do solo e, assim, permitem fazer o diagnóstico do potencial agronômico ou aptidão natural do solo.

Essa tecnologia, desenvolvida pelo Dr. Diego Silva e sua equipe, está revolucionando a ciência do solo no mundo, colocando o Brasil como destaque e referência em diversas comunidades científicas.

A proposta de mapeamento das nanopartículas do solo utilizando o magnetismo, para determinar a aptidão dos solos, já é conhecida no Brasil desde 1984. Entretanto, esse ainda é um tópico pouco difundido e conhecido no meio agrícola.

Mas, quais benefícios o agricultor pode obter ao conhecer mais sobre as nanopartículas e a aptidão do seu solo?

Para que servem as nanopartículas do solo?

De acordo com o Dr. Diego, o conhecimento mais aprofundado do solo e as suas nanopartículas permite um maior refinamento e assertividade das práticas de manejo que vão ser implementadas na propriedade:

“Apesar das características das nanopartículas do solo não mudarem, é possível alterar o manejo do solo de acordo com o diagnóstico da propriedade. Ou seja, quando a gente entende sobre essas nanopartículas, é como se a gente estivesse fazendo o mapa genético da terra e, com ele, a gente consegue entender onde que eu vou plantar uma determinada espécie de planta que produza em quantidade e qualidade.”

Portanto, quando a aptidão de um determinado solo é determinada através da análise das nanopartículas, o agricultor consegue ter uma tomada de decisão mais assertiva e, assim, alcançar uma maior lucratividade e sustentabilidade no seu sistema de produção.

Segundo dados do Tribunal de Contas da União, para cada 1 real investido no entendimento do solo, mais de 100 reais são retornados para a sociedade. Isso torna essa área de estudo muito relevante dentro da perspectiva de alavancar a produção de alimentos no mundo.

Vale lembrar que, para conseguir alimentar a população mundial de forma adequada em 2050, a produção de alimentos terá que aumentar em 70%.

Essas são as estimativas da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO). E nesse cenário, o Brasil deverá ser responsável por 40% do aumento da produção de alimentos.

Nesse contexto, a área de estudo das nanopartículas do solo e tecnologias associadas para determinação da aptidão agrícola dos solos, juntamente com todas as demais áreas da ciência que buscam o aperfeiçoamento da agricultura, serão de suma importância para concretizar essa nova Revolução Verde que já está a caminho.

Em conclusão, o Dr. Diego Silva pontuou que para que isso se concretize é preciso que as empresas e agricultores valorizem cada vez mais a ciência do solo brasileira, porque o Brasil é rico em muita tradição e conhecimento na área.

Para entender mais sobre o potencial e aptidão natural do solo, confira o vídeo do Encontro com Gigantes na íntegra!

Não perca os próximos eventos. Confira toda a programação do Encontro com Gigantes e faça sua inscrição pelo link: Encontro com Gigantes.

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