A grande diferença de produção e qualidade que as forrageiras apresentam nas estações de chuva e de seca ainda impõe muitos desafios para o manejo da alimentação animal no Brasil. Entretanto, essa diferença tem sido superada com o uso da técnica de ensilagem, que promove a conservação de forragens de qualidade para alimentação dos rebanhos nas épocas mais críticas. Saiba como essa técnica tem sido empregada no sorgo, uma forrageira que vem ganhando destaque nos últimos anos no meio agropecuário!
Para falar sobre esse assunto, o Doutor em Agricultura Tropical e Professor da Universidade Federal de Mato Grosso, Campus Sinop, Dr. Arthur Behling Neto participou do “Encontro com Gigantes – Sorgo para produção de silagem: qual o mais recomendado”.
O evento foi promovido pela Verde Agritech, empresa que produz os fertilizantes BAKS®, K Forte® e Silício Forte, no dia 30 de junho de 2022.
Você pode conferir a conversa, mediada por Rafael Bittencourt, na íntegra pelo link:
A produção de silagem de sorgo de alta qualidade
Dentre as diferentes técnicas de conservação de alimentos para animais, a ensilagem está entre as mais utilizadas no Brasil.
Essa é uma técnica que surgiu com o importante papel de ajudar a superar as diferenças de produção das forragens nas estações de chuva e de seca.
Segundo explica o Dr. Arthur Behling explicam a ensilagem busca conservar as forragens na sua forma úmida, para posterior fornecimento para os animais nos períodos mais secos do ano.
A conservação dos alimentos úmidos se dá através do processo da fermentação microbiológica anaeróbica, ou seja, que os microrganismos benéficos realizam na ausência de oxigênio. Nele, os diferentes ácidos que são produzidos promovem a queda de pH do meio, proporcionando a conservação do alimento.
Entretanto, nem todas as forragens são adequadas para esse processo, conforme explica o Dr. Arthur Behling:
“Não é qualquer material que pode ser usado para produção de silagem. Quando a forragem possui baixo teor de matéria seca, como o capim, o material vai sofrer uma fermentação indesejável que reduz a qualidade final do alimento. Já o oposto dificulta a compactação e, consequentemente, a conservação do alimento dentro do silo. Assim, é importante observar sempre o teor matéria seca e de carboidratos solúveis e a capacidade tampão ideal, que é a capacidade do material de resistir a queda de pH.”
Geralmente, as culturas mais usadas para ensilagem são o milho e o sorgo. Entretanto, esse último tem apresentado um bom desempenho em regiões de baixa fertilidade e que são acometidas pela seca, o que nem sempre acontece com a cultura do milho.
Existem quatro principais tipos de sorgo que podem ser usados para produção de silagem, cada um com suas diferentes características:
- O sorgo forrageiro, que apresenta uma boa produção de massa, com material de boa qualidade;
- O sorgo granífero, que apresenta uma baixa produtividade, mas produz uma silagem de maior qualidade;
- O sorgo sacarino, que produz uma silagem com boa qualidade energética e boa produção, mas requer o uso de aditivos;
- O sorgo biomassa, que apresenta uma elevada produtividade, mas que ainda requer mais estudos.
Segundo o Dr. Arthur Behling, os dois primeiros tipos são os mais empregados para produção de silagem, cada um com as suas diferentes particularidades e manejos específicos.
O sorgo forrageiro, por exemplo, requer um maior cuidado para o plantio da safrinha. Isso porque ele é mais sensível ao fotoperiodismo, uma característica que permite que as plantas percebam a época do ano de acordo com a quantidade de luz do dia.
Já o sorgo granífero não requer esse cuidado, e sua safrinha pode ser plantada com uma maior flexibilidade temporal, respeitando sempre o zoneamento agroclimático, recomendou o Dr. Arthur Behling.
Como, então deve se dar o manejo da cultura do sorgo para que seja feita a sua ensilagem?
Como é feita a silagem de sorgo?
A silagem de sorgo começa no campo, realizando adequadamente todas as práticas de correção, plantio e adubação da lavoura.
Segundo o Dr. Arthur Behling, deve ser dada uma atenção especial para a adubação, já que quando trabalhamos com material para silagem, a extração de nutrientes da área é mais elevada.
Além disso, o espaçamento e a densidade de plantas podem ser diferentes dependendo do tipo de sorgo escolhido. Para a semeadura do sorgo granífero, por exemplo, pode ser empregada uma maior densidade de plantas e um menor espaçamento entre linhas.
O momento da colheita também é outro período crítico, que pode afetar toda a qualidade final da silagem produzida.
“Se fizermos a colheita muito antecipada, o material pode estar muito úmido e vai gerar uma fermentação indesejada e maior perdas por efluentes. Além disso, o grão não vai estar com um bom acúmulo de amido. Já a colheita tardia vai trazer dois problemas: a dificuldade de compactação do material e o grão vai ficar muito duro, diminuindo a seu aproveitamento pelos animais.”, explicou o Dr. Arthur Behling
O Dr. Arthur Behling recomenda que o momento ideal de corte do sorgo para silagem é no estágio leitoso/pastoso. Ele pode ser identificado quando os grãos da parte inferior da panícula ainda estão mais esverdeados e os da parte superior em um tom vinho escuro esbranquiçado.
Após a colheita do sorgo, ele deve ser processado para reduzir o tamanho das partículas para 1-2cm. Processo esse que é necessário para favorecer a compactação do material no silo e, posteriormente, o processo de ruminação dos animais.
Durante a montagem do silo, o Dr. Arthur Behling destaca que é importante que as máquinas que irão compactar o material evitem ao máximo levar terra para pilha, já que ela é rica em bactérias que atrapalham o processo de fermentação e estragam o alimento.
Uma vez finalizado o processo de compactação, o silo deve ser completamente vedado com o auxílio de lonas plásticas abauladas de dupla face. Sendo que a vedação ainda pode ser complementada com o uso de capim seco e terra sobre a lona.
Depois de cerca de 30 dias, a silagem de sorgo já pode começar a ser utilizada para alimentar os animais. Todavia, o Dr. Arthur Behling explica que é importante que a face exposta ao oxigênio seja consumida em até 24h, para evitar a perda de qualidade do material.
Segundo ele, as principais características que indicam uma silagem de boa qualidade são:
- Coloração do material original;
- Temperatura ambiente;
- Não apresentar mofos;
- Odor agradável;
- Textura firme.
Em conclusão, o Dr. Arthur Behling ressaltou que não existe um melhor tipo de sorgo para produção de silagem e sim aquele que mais vai atender o objetivo do agricultor. E que, apesar do sorgo forrageiro ser tradicionalmente o mais utilizado, os demais também apresentam diferentes vantagens e limitações que podem exploradas.
Para entender mais sobre o sorgo para produção de silagem, confira o vídeo do Encontro com Gigantes na íntegra!
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