O manejo de pastagens como ferramenta para impulsionar a produção de gado de corte

O manejo de pastagens como ferramenta para impulsionar a produção de gado de corte

O Brasil é o detentor de um dos maiores rebanhos bovinos comerciais do mundo, com previsão para alcançar a marca de 250 milhões de cabeças de gado no território nacional. Apesar do tamanho do rebanho ser expressivo, o setor ainda tem muito espaço para crescer, impulsionando a produção de gado, que é majoritariamente mantida exclusivamente a pasto. E uma das maneiras de fazer isso é através de um manejo de pastagens eficiente.

Para falar sobre esse assunto, a Doutora em Zootecnia pela Unesp e Professora de Agronomia e Medicina Veterinária da UniFios, Dra. Márcia Regina Coalho participou do “Encontro com Gigantes – Como o sistema de pastagem rotacionado pode impulsionar a produção de gado de corte?”.

O evento foi promovido pela Verde Agritech, empresa que produz os fertilizantes BAKS®, K Forte® e Silício Forte, no dia 24 de fevereiro de 2022.

Você pode conferir a conversa, mediada por Rafael Bittencourt, na íntegra pelo link:

 

O que é manejo de pastagens?

Segundo a Dra. Márcia Regina, o manejo de pastagens pode ser definido como o conjunto de ações que visam a obtenção de um rebanho mais produtivo, por meio das seguintes formas:

  • Planejamento e oferta de uma alimentação em quantidade e qualidade nutritiva;
  • Produção constante e regular de capim, por unidade de área, durante o ano;
  • Recuperação e manutenção da fertilidade do solo;
  • Suplementação alimentar nos períodos críticos;
  • Ajustes nas taxas de lotação.

Ela explicou que um dos primeiros passos para implementar um bom manejo de pastagens na propriedade agrícola começa com o próprio pecuarista, já que ele deve enxergar a sua propriedade como uma empresa.

A partir disso, torna-se possível obter uma administração racional dos recursos ainda disponíveis, de maneira a orientar toda a estratégia da empresa considerando as tendências futuras do mercado a curto, médio e longo prazo.

A rastreabilidade dos alimentos, que consiste no armazenamento e acesso a informações e procedimentos de todas as etapas da produção do alimento, e também a sustentabilidade da cadeia produtiva foram citadas pela Dra. Márcia Regina como as principais tendências do mercado futuro.

Tendências estas que já vêm sendo acompanhadas pelo Brasil e mais de cem outros países, que estabeleceram o Compromisso Global do Metano. Essa ação global preconiza a redução em 30% as emissões de metano até 2030 em relação aos níveis de 2020.

Tendências e boas práticas no manejo de pastagens

Dentro do manejo de pastagens, uma das ações que vem trazendo resultados expressivos para acompanhamento dessas tendências é o sistema de integração lavoura-pecuária-floresta, também conhecido pela sigla ILPF.

Segundo a rede ILPF, a integração-lavoura-pecuária-floresta pode ser definida como uma estratégia de produção que integra diferentes sistemas produtivos, agrícolas, pecuários e florestais dentro de uma mesma área, de forma que haja benefício mútuo para todas as atividades.

“O sistema integrado otimiza o uso da terra, melhorando a produção, melhorando a eficiência de uso dos insumos e diversifica a produção, gerando mais renda para o pecuarista de forma ambientalmente correta e ainda proporcionando a mitigação da emissão dos gases do efeito estufa”, complementa Dra. Márcia Regina.

Pesquisas conduzidas pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) em uma área de integração Lavoura-Pecuária já constataram uma redução da emissão de metano em 30%, quando feita uma comparação com índices preconizados pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas da Organização das Nações Unidas, o IPCC.

As condições para a expressão desses resultados se deram durante o inverno, no bioma Pampa, com a alimentação de terminação de novilhos em pastagens cultivadas de azevém e aveia na altura ótima de pastejo.

A altura de pastejo mencionada nas pesquisas também foi outro tópico destacado pela Dra. Márcia Regina. Ela explica que é preciso acompanhar constantemente a altura do perfilho das forrageiras para entrada e saída do rebanho das áreas de pastejo.

Essa prática é importante para não prejudicar a rebrotação das plantas, já que o manejo correto recomenda a alimentação dos animais somente com as folhas do capim, sem ultrapassar a altura do talo (colmo).

“Para que a pastagem se recupere é preciso ter um período de descanso e um período de ocupação dos animais, não deixando os animais pastejarem no ponto meristemático das plantas. Ao mesmo tempo, também é preciso deixar algumas folhas remanescentes para que a planta faça a fotossíntese e consiga se recuperar”, explicou Dra. Márcia Regina.

Porém, nem sempre essa recuperação das pastagens acontece de forma uniforme ao longo do ano, uma vez que o Brasil enfrenta um grande desafio: a sazonalidade das estações.

O que é sazonalidade da produção de forragem?

A sazonalidade da produção de forragem se caracteriza pela curva de produção dos capins de acordo com a estação do ano. Tal fenômeno acontece pela presença de períodos distintos de temperatura e precipitação entre inverno e verão.

A Dra. Márcia Regina destaca que uma das principais estratégias para minimizar os efeitos desse fenômeno é a própria antecedência do pecuarista frente a situação. Assim, os animais não vão sofrer tanto com as consequências que podem comprometer severamente a produtividade dos rebanhos:

“O pecuarista precisa se preparar para os períodos de inverno, senão ele pode enfrentar consequências como diminuição da produtividade, perda significativa de peso, baixas taxas de prenhez, entre outros.”

A escolha correta dos capins que irão compor as pastagens e as raças bovinas também pode fazer a diferença nessa situação. A Dra. Márcia ilustrou citando o exemplo das raças zebuínas, que apresentam uma grande rusticidade e adaptabilidades às nossas condições ambientais.

Em contrapartida, animais que passam por programas mais intensivos de melhoramento genético, apesar de apresentarem um desempenho superior, são mais exigentes com a sua nutrição e podem ser mais sensíveis a situações adversas.

Por fim, a Dra. Márcia Regina concluiu que não existe um animal ou capim melhor que o outro, e sim aquele que é mais adequado para a propriedade.

Para entender mais sobre como o sistema de pastagem rotacionado pode impulsionar a produção de gado de corte, confira o vídeo do Encontro com Gigantes na íntegra!

Não perca os próximos eventos. Confira toda a programação do Encontro com Gigantes e faça sua inscrição pelo link: Encontro com Gigantes.

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