Os especialistas Fernando Dini Andreote, professor de microbiologia do solo na Esalq/USP e Antônio Teixeira, fundador e diretor da Libertas Agronegócios e do Instituto Brasileiro de Agroecologia se reuniram no dia 07 de maio para discutir mudanças de paradigma na adubação.
A conversa ocorreu durante o evento “Encontro com Gigantes – Mudanças de paradigma: vida do solo e adubação orgânica”. O debate foi promovido pela Verde Agritech, empresa que produz o fertilizante K Forte®.
A conversa pode ser vista na íntegra aqui:
O solo é um patrimônio repleto de vida que abriga milhares de microrganismos que atuam no ciclo de nutrientes, como fósforo
Na visão do Fundador e diretor da Libertas Agronegócios e do Instituto Brasileiro de Agroecologia, Antônio Teixeira, que acompanha com olhar crítico há 40 anos o agronegócio, o modelo de destruição do solo está ultrapassado.
Esse tipo de modelo de negócio está em transição, prevalecendo hoje o uso de menos tecnologias de produtos e mais tecnologias de sistemas.
A parte de microbiologia do solo só começou a ser feita a partir da década de 90, segundo o professor da Esalq/USP, Fernando Dini Andreote, especialista no assunto.
Esse sistema da utilização de dados científicos para estudar os microrganismos, trouxeram muitos avanços de conceitos, novas ideias e um ambiente mais saudável e equilibrado da agricultura.
O CEO da Verde Agritech e mediador do evento, Cristiano Veloso, questionou os convidados sobre os principais impactos dos microrganismos na agricultura, além de outros assuntos relacionados ao tema.
Para Fernando, quanto maior for o leque de opções de microrganismos presentes mais rico será esse solo, confirmando que a biodiversidade existente no planeta terra é muito maior representada da forma microbiana.
Ou seja, um solo pode ter mais de 10 mil espécies disponíveis. E através do uso de ferramentas corretas é possível e mais fácil encontrar a solução adequada para cada caso.
Para Antônio a agricultura que antes estava com os olhares atentos para os “produtos milagrosos” agora está voltada, cada vez mais, para os “bichinhos milagrosos” (microrganismos).
O produtor rural tem que oferecer as condições básicas para esses organismos sobreviverem como carbono, água e oxigênio e combinar outras iniciativas como uso de ferramentas e produtos biológicos.
Como orientou Andreote, não adianta adicionar um microrganismo em um solo estéril, é preciso saber onde e como aplicar os processos certos, que caminham com os sistemas de mercado.
Antônio Teixeira afirma:
“Antigamente a gente tratava a doença com remédio, hoje sabemos da importância da nutrição equilibrada. Tanto na agronomia quanto na medicina, estamos saindo de um modelo que remediava problemas. A hora é de manter a saúde do solo para colher bons resultados e não precisar correr atrás do prejuízo, matando o solo. Precisamos resgatar o protagonismo do produtor rural e não da indústria”.
O especialista aponta, ainda, que é preciso que haja uma conscientização maior de que os agricultores são produtores de alimentos como café e milho, e que o solo precisa ser saudável, mesmo que seja para alimentar o boi, pois indiretamente vai nos alimentar também.
A análise de microbiologia, como destaca Fernando, passa a potencializar e comprovar cientificamente os processos.
Segundo ele, é possível codificar em um solo mais de 1000 espécies de microrganismos, correlacionando tipos de doenças e outros dados quantificados em laboratório.
Com todas essas pesquisas, tecnologias e produtos biológicos avançamos 10 degraus.
Às vezes usar produtos comerciais é a melhor solução. É preciso levar conhecimento para o produtor da fazenda e resgatar a importância do time da fazenda para o cientista.
Fernando Dini Andreote é professor de Microbiologia do Solo na Escola de Engenharia Superior Luiz de Queiroz (ESALQ/USP).
Além disso, é um dos cientistas afiliados à Academia Brasileira de Ciências.
Estudando comunidades microbianas em áreas naturais e áreas de produção agrícola, Fernando Andreote tem como objetivo usar a a biologia do solo como base de inovação para gerar conhecimento para uma agricultura mais produtiva e sustentável. Fernando Andreote tem formação em Engenheiria Agrônomica e, Doutorado em Genética e Melhoramento, também pela ESALQ/USP.
Antônio Teixeira é fundador e diretor da Libertas Agronegócios e do Instituto Brasileiro de Agroecologia.
Atua há 12 anos como consultor pioneiro em Agroecologia Profissional, com experiência em compostagens, complexação orgânica de minerais, pós de rocha e bioativação do solo.
Além da atuação como professor e coordenação do curso de Agronomia das Faculdades Associadas de Uberaba por 12 anos, também foi empresário e executivo do comércio de insumos agrícolas.
Antônio é formado em Agronomia pela Universidade Federal de Lavras e tem Mestrado em Ciências do Solo pela Universidade Estadual de São Paulo (UNESP) de Jaboticabal.
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