Construção e manutenção da fertilidade do solo em sistemas de produção de grãos

Construção e manutenção da fertilidade do solo em sistemas de produção de grãos

Nos últimos 10 anos, houve uma expansão das plantações de grãos, principalmente para regiões de pastagens degradadas. Porém, as condições do solo dessas novas áreas trazem uma série de desafios, que precisam ser trabalhados pelos agricultores que almejam alcançar o máximo potencial produtivo dos sistemas de produção de grãos.

No segundo evento da edição especial de Encontro com Gigantes Soja: como alcançar altas produtividades, a Verde convidou o Doutor em Ciência do Solo e Professor de Fertilidade e Química do Solo da Universidade Federal de Lavras (UFLA), Dr. Guilherme Lopes, para o “Encontro com Gigantes – Construção e manutenção da fertilidade do solo em sistemas de produção”

O evento foi promovido pela Verde, empresa que produz os fertilizantes BAKS®, K Forte® e Silício Forte, no dia 26 de agosto de 2021.

Você pode conferir a conversa, mediada por Rinamara Martins, na íntegra pelo link:

 

Os desafios dos sistemas de produção de grãos

O setor agrícola mundial vem enfrentando um dos grandes desafios do século XXI: garantir o suprimento de alimentos em quantidade e qualidade para mais de 11 bilhões de pessoas em 2100.

A crescente demanda por alimentos, impulsionada pelo aumento populacional do planeta, coloca o Brasil em uma posição muito importante. Segundo a Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec), em 2020 o Brasil exportou mais de 80 milhões de toneladas de soja e 30 milhões de toneladas de milho.Evolução da produção de grãos (em mil toneladas) no Brasil, segundo os dados da Companhia Nacional de Abastecimento.

Evolução da produção de grãos (em mil toneladas) no Brasil, segundo os dados da Companhia Nacional de Abastecimento. (Fonte: LOPES, G., 2021)

Entretanto, o aumento da produtividade brasileira de grãos que aconteceu ao longo dos anos exigiu a evolução das tecnologias de manejo, a fim de se mitigar os principais fatores que podem afetar a produtividade das culturas, como:

O Dr. Guilherme Lopes destacou a importância de se avaliar todos esses fatores dentro do sistema de produção, já que foi a interação entre as tecnologias de manejo que permitiu a conquista do aumento da produtividade dos grãos:

“Não tem como se falar da fertilidade de forma isolada, porque ele está dentro de todo um sistema de produção. A conquista do aumento da produtividade dos grãos tem sido alcançada devido a fertilidade e várias outras tecnologias de manejo, como material genético das cultivares, o controle de pragas e doenças e assim por diante.”

Um dos principais fatores que geram um grande impacto na produtividade das culturas é o manejo da fertilidade do solo, que envolve três principais fases: construção, manutenção e reposição.

Mas, o que são exatamente essas fases?

As fases do manejo fertilidade do solo

O professor Guilherme Lopes explicou que as diferentes fases do manejo da fertilidade do solo têm como base duas leis enunciadas pelos químicos alemães Justus von Liebig e Eilhard Mitscherlich.

A primeira delas é a Lei de Liebig, também conhecida por Lei dos Mínimos. Ela estabelece que o desenvolvimento de uma planta será limitado pelo nutriente disponível em menor quantidade, mesmo que todos os outros elementos ou fatores estejam presentes.

 

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A produtividade de uma lavoura é limitada pelas quantidades mínimas dos nutrientes dos quais as plantas precisam.

Já a segunda é a Lei de Mitscherlich, também conhecida por Lei dos Incrementos Decrescentes de Produção. Como o próprio nome sugere, a resposta da produção relativa das culturas não é linear em função do teor do nutriente no solo: na verdade cada vez esse aumento é menor.

De forma simplificada, essa lei define as três fases do manejo de fertilidade do solo, tendo por referência um valor conhecido como nível crítico. Esse valor corresponde ao ponto em que o teor de um nutriente no solo atinge 90% da produção relativa da cultura.

Ou seja, acima desse valor a resposta da cultura ao incremento de nutrientes no solo começa ser bem menor. O Dr. Guilherme Lopes explica:

“Quando os teores de nutrientes estão abaixo do nível crítico, estamos na fase de construção da fertilidade do solo. Quando ele ultrapassa o teor do nível crítico, a literatura traz que essas áreas já tem uma fertilidade construída. Assim, o manejo da adubação é voltado para a manutenção e reposição, que são baseadas na estação e na exportação de nutrientes.”

Além disso, o professor Guilherme Lopes destacou que devemos considerar os aspectos químicos, físicos e biológicos quando pensamos em fertilidade, uma vez que esses três aspectos interagem entre si nas práticas de manejo.

Mas, quais são as práticas de manejo fertilidade do solo nas suas diferentes fases?

As práticas de manejo da fertilidade do solo

Em áreas recém-formadas, o foco do agricultor deverá ser na construção da fertilidade do solo, principalmente para regiões de pastagens degradadas.

Já em áreas em que a fertilidade já foi construída, as práticas de adubação de manutenção e reposição devem considerar a disponibilidade no solo, demanda da planta e a eficiência dos fertilizantes.

O Dr. Guilherme Lopes ressaltou que, na fase de construção, existem diversas práticas de manejo divulgadas amplamente nos boletins de recomendação e que normalmente giram em torno da(o):

  • Correção da acidez do solo superficial, com a calagem, e subsuperficial, com a gessagem;
  • Adubação fosfatada e potássica corretiva;
  • Adubação com micronutrientes;
  • Manejo da matéria orgânica do solo.

Como nessa fase geralmente o solo ainda apresenta muitas limitações para a expressão do potencial produtivo máximo das plantas, pode ser necessário buscar por culturas que sejam resistentes a essas condições iniciais adversas.

O Dr. Guilherme Lopes também destacou a importância do manejo da matéria orgânica, rotação de culturas e formação de palhada para a manutenção de ambientes mais produtivos, evolução dos atributos de fertilidade e aumento da resiliência dos sistemas produtivos:

“As mudanças climáticas tem afetado muito a agricultura, não somente o El Niño e La Niña. Então devemos aumentar a resiliência dos sistemas produtivos, buscando por uma correção adequada de todo o perfil do solo.”

Para entender mais sobre como a construção e manutenção da fertilidade do solo em sistemas de produção, confira o vídeo do Encontro com Gigantes na íntegra!

Não perca os próximos eventos. Confira toda a programação do Encontro com Gigantes e faça sua inscrição pelo link: Encontro com Gigantes.

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