Embora a atividade pecuária tenha significativa participação no PIB nacional, grande parte das áreas de pastagens do nosso país se encontram em algum estado de degradação. E, infelizmente, essa realidade se torna um grande fator limitante para assegurar uma boa competividade brasileira no mercado internacional. Entretanto, esse cenário pode ser revertido com a mudança de mentalidade no campo, a partir do momento em que o manejo do pasto começar a ser realizado com o mesmo critério que as culturas agrícolas.
Para falar sobre esse assunto, o Doutora em Zootecnia pela UFV, professora associada da UFSJ e professora permanente da UFVJM, Janaína Martuschello, participou do “Encontro com Gigantes – Sim, seu pasto é lavoura!”.
O evento foi promovido pela Verde Agritech, empresa que produz os fertilizantes BAKS®, K Forte®, K Forte Boro e Silício Forte, no dia 27 de outubro de 2022.
Você pode conferir a conversa, mediada por Dayana Faria, na íntegra pelo link:
O que é o manejo de pastagens?
De acordo com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), o manejo de pastagens pode ser definido como um conjunto de ações que visa obter do rebanho a maior quantidade de carne e leite que o animal pode produzir por área, sem afetar o desenvolvimento da forrageira e a qualidade do solo.
Para alcançar um manejo do pasto adequado, associado ao bom desempenho do rebanho, a doutora em zootecnia Janaína Martuschello explica que um dos principais balizadores é a capacidade de suporte:
“A capacidade de suporte nada mais é do que a taxa de lotação que você vai colocar na fazenda de forma a não degradar o seu pasto, porque a sua taxa de lotação precisa se encaixar perfeitamente com a massa de forragem que você tem disponível. Caso contrário, se você não fizer nenhum tipo de intervenção e não respeitar a capacidade de suporte do seu pasto, ano após ano você vai reduzindo a capacidade de lotação da sua fazenda. Ou seja, o número de cabeças que você coloca hoje vai ser muito menor do que a que o seu pai colocava.”
A Dra. Janaína Martuschello apontou que uma das principais causas da degradação de pastos no Brasil está associada ao não respeito da capacidade de suporte dos pastos. Isso porque quando esse parâmetro não é respeitado, ele pode gerar problemas como:
- O aumento da incidência de plantas daninhas;
- A redução da qualidade da forrageira;
- A erosão e a compactação do solo;
- O baixo desempenho animal.
Atualmente, mais de 80 milhões de hectares de pastagens são afetados pelo problema da degradação, o que pode chegar a corresponder mais da metade de toda a área de pastagens do Brasil.
Dessa forma, é muito importante que o pecuarista entenda qual a capacidade de suporte das suas áreas, conhecendo tanto o padrão de produção da forragem ao longo do ano, quanto a quantidade de forragem consumida pelos animais.
Para isso o pecuarista deve sempre considerar e buscar minimizar o efeito da sazonalidade do clima sobre a produção da pastagem, fazendo um bom planejamento forrageiro anual da sua fazenda e usando, quando necessário, a suplementação alimentar animal.
Além de considerar a quantidade de pastagem na definição da capacidade de suporte, a Dra. Janaína Martuschello destacou que também é importante que o pecuarista avalie e maneje a qualidade das suas forrageiras. E para isso, ele deve considerar a altura de manejo do pasto:
“Hoje o uso da altura como critério de manejo é uma excelente forma de qualificar a nossa capacidade de suporte. Quando, por exemplo, temos pastos muito fechados, existe uma grande tendência de alongamento de colmo e o pasto perde qualidade, porque o animal ao consumir esse alimento está levando muito talo e muito material morto para dentro do rúmen. Assim precisamos sempre trabalhar com uma altura de pasto no momento que temos mais folhas, menos talo e menos material morto, para fornecer um alimento de qualidade para os animais.”
E, uma vez que o manejo do pasto esteja bem definido, o pecuarista já deve considerar trabalhar outra etapa indispensável da sua cadeia produtiva: a adubação de pastagens.
Por que é importante adubar durante o manejo do pasto?
A adubação das pastagens, apesar de ainda ser uma etapa muito negligenciada no Brasil, é uma etapa indispensável para se alcançar o alto desempenho animal.
A Dra. Janaína Martuschello explica que, apesar de existir uma reciclagem de nutrientes, ela não é suficiente para manter o sistema de produção. Isso porque os produtos, como carne e leite, são exportados da área com parte dos nutrientes assimilados pelo gado através da alimentação.
Ciclo de nutrientes minerais simplificado para ecossistema de pastagem. (Fonte: Adaptado de Wilkinson, 1973)
Por isso, diversas pesquisas apontam que a adubação como ação do manejo do pasto pode aumentar a produção de forragem e trazer diversos benefícios para o pecuarista, desde que a exigência mínima de todos os nutrientes necessários para o desenvolvimento da pastagem seja atendida.
Esse é o caso da adubação com potássio, um nutriente muito importante para a produção das forrageiras capaz de melhorar a resistência das plantas aos veranicos e ao ataque de doenças.
Contudo, a Dra. Janaína destacou que o investimento da adubação no manejo do pasto deve sempre andar lado a lado com o investimento no rebanho:
“Para cada real que você investe em adubação de pastagem, você também precisa investir em gado. Isso porque a adubação vai permitir o aumento da capacidade de suporte do seu pasto. Ou seja, se a adubação de pastagem for feita de forma estratégica e bem planejada, ela te dá retorno e o próprio adubo se paga.”
Em conclusão, a Dra. Janaína Martuschello apontou que o caminho para intensificar os sistemas de produção pecuários e conseguir produzir mais, melhor, com bem-estar animal e em menor área é através da adubação e o bom manejo do pasto.
Para entender mais sobre como implantar e manejar corretamente as pastagens, confira o vídeo do Encontro com Gigantes na íntegra!
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