Conheça as 6 principais doenças da cana-de-açúcar

Conheça as 6 principais doenças da cana-de-açúcar

Você sabia que a cana é uma cultura que pode ser acometida por mais de 50 tipos diferentes doenças no Brasil? Conheça as 6 principais doenças da cana-de-açúcar desse grupo e quais medidas de prevenção e controle podem ser adotadas pelo agricultor! 

Os sintomas das principais doenças da cana-de-açúcar e como tratá-las

De acordo com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), até hoje foram identificadas 216 doenças da cana-de-açúcar, sendo que mais de 50 delas já foram encontradas no Brasil. 

Desse total, algumas doenças da cana-de-açúcar se destacam frente as demais. Isso porque algumas delas, além de serem facilmente transmitidas podem causar prejuízos significativos para a qualidade e produtividade da cana. São elas:

1. O mosaico da cana

O mosaico da cana é uma doença causada pelo Sugarcane Mosaic Virus (SCMV), o qual pertence ao grupo dos Potyvirus. 

Esse vírus é conhecido por ser hospedar em diferentes culturas além da cana, como o sorgo, o milho, o trigo, e o arroz, e é transmitido principalmente pela ação dos afídeos (pulgões), como também através de ferimentos na cana. 

Uma vez dentro da planta, esse vírus causa manchas foliares verde-claras entremeadas com áreas verde-escuras e áreas necrosadas de cor avermelhada ou amarelada nas folhas. 

Como o vírus é transmitido principalmente através de vetores, a melhor forma de controlar o mosaico da cana-de-açúcar consiste na implementação das bases do manejo integrado de pragas (MIP) associado ao uso de variedades de cana resistentes ou tolerantes.

2. As ferrugens da cana

As ferrugens também estão inclusas entre as principais doenças da cana-de-açúcar. Elas são causadas por diferentes espécies de fungos, que podem ser distinguidos pelas características dos sintomas nas plantas. 

A ferrugem marrom da cana-de-açúcar é causada por um fungo chamado Hemileia vastatrix, que provoca pústulas amarronzadas grandes mais concentradas no centro das folhas, raramente com a ocorrência de necrose. 

Já a ferrugem alaranjada da cana-de-açúcar é causada pelo fungo Puccinia kuehnii, que provoca pústulas alaranjadas pequenas mais concentradas na base das folhas, também podendo ocorrer a necrose dos bordos das folhas. 

Ambos os fungos podem ter seus esporos dispersos pela ação do vento ou por gotículas de água. Sendo que condições de alta umidade, temperatura amena e alta densidade de plantas podem acabar favorecendo o seu desenvolvimento nos canaviais. 

Grande parte das medidas de controle a ferrugem da cana-de-açúcar são baseadas em medidas preventivas, como o uso de variedades resistentes, a rotação de culturas e o controle de plantas daninhas hospedeiras desses patógenos.

3. As podridões da cana

Outras doenças da cana-de-açúcar de origem fúngica que podem acometer essa cultura são as podridões. Doenças essas que podem reduzir severamente a produtividade e o conteúdo de sacarose dos colmos. 

Elas podem se manifestar de diferentes formas das plantas, dependendo do estádio vegetativo e das áreas das plantas afetadas, afetando a germinação dos toletes, causando lesões internas nos colmos e superficiais nas folhas. 

Existem três tipos de podridões da cana mais comuns. São elas: 

  • A podridão abacaxi, causada pelo fungo Thielaviopsis paradoxa; 
  • A podridão de Fusarium, causada pelo fungo Fusarium oxysporum 
  • A podridão vermelha, causada pelo fungo Colletotrichum falcatum 

Assim como no caso do mosaico, a melhor forma de controlar essas doenças da cana-de-açúcar consiste no uso de variedades de cana resistentes ou tolerantes, associados a uso de mudas sadias e a eliminação de restos culturais de áreas afetadas por essas doenças. 

Além disso, também é importante realizar o manejo adequado da broca-da-cana, já que essa praga facilita a entrada do fungo no colmo das plantas. Para isso, o agricultor pode fazer uma ação combinada da aplicação de silício, controle químico e biológico. 

Essa combinação permite alcançar uma melhor eficiência com o controle químico e biológico, porque o silício é capaz de reduzir a velocidade de penetração das brocas no colmo da cana-de-açúcar. 

O atraso na penetração da broca nos colmos está relacionado ao desgaste que o silício provoca no aparelho bucal da praga, que prejudica a sua alimentação, crescimento e na reprodução do inseto. 

E isso faz com que a praga fique mais suscetível a atuação dos inimigos naturais, condições climáticas desfavoráveis e aos métodos químicos de controle. 

Mandíbulas de lagartas de Eldana saccharina (broca da cana-de-açúcar) alimentadas com plantas de cana tratadas (direita) e não tratadas (esquerda) com silício. (Fonte: KEVDARAS, 2011)

Mandíbulas de lagartas de Eldana saccharina (broca da cana-de-açúcar) alimentadas com plantas de cana tratadas (direita) e não tratadas (esquerda) com silício (Fonte: KEVDARAS, 2011)

Alguns estudos também indicam que o uso de agentes de controle biológico, como os microrganismos do gênero Trichoderma, tem demonstrado resultados muitos promissores para o controle das podridões em resíduos de pós-colheita.

4. O carvão da cana

Ainda dentro do grupo de doenças da cana-de-açúcar de origem fúngica e de grande importância econômica, podemos destacar o carvão da cana. 

Essa doença, causada pelo fungo Ustilago scitaminea , é capaz de causar perdas de até 100% em variedades muito susceptíveis. Por isso, a incidência dessa doença nos canaviais tem sido motivo de preocupação para muitos agricultores. 

Quando plantas de cana são infectadas pelo fungo causador do carvão, elas começam a apresentar alguns sintomas típicos da doença, como o limbo foliar estreito e curto, colmos mais finos que o normal e touceiras com superbrotamento. 

Contudo, com a evolução da doença, começa a ser formado uma estrutura similar a um “chicote” no meristema apical do colmo, que é o sintoma mais marcante do carvão da cana. 

Esse “chicote” apresenta inicialmente uma película prateada, que pode se romper e expor uma massa preta pulverulenta da estrutura reprodutiva do fungo. Como essa estrutura fica na parte mais alta das plantas, ela pode facilmente disseminar essa doença no canavial pela ação do vento.  

Para o controle do carvão da cana, recomenda-se que plantas que apresentem qualquer um desses sintomas sejam eliminadas da lavoura. Sendo também muito importante fazer o uso de variedades de cana resistentes ou tolerantes e de mudas sadias. 

5. A escaldadura das folhas

A escaldadura das folhas da cana-de-açúcar, também conhecida como “folha queimada”, é uma doença da cana causada pela bactéria Xanthomonas albilineans, que pode afetar seriamente a produção de cana-de-açúcar. 

Isso porque alguns dos sintomas causados por essa doença danificam as folhas da cana e comprometem o processo de fotossíntese realizado pelas plantas. E isso pode levar a uma redução na produção de açúcar e uma queda na qualidade da cana. 

Os sintomas da escaldadura das folhas da cana nem sempre são facilmente reconhecidos, porque eles se alteram dependendo das condições ambientais.  

De forma geral, essa doença apresenta três diferentes estágios: 

  • O latente: no qual a planta se apresenta assintomática; 
  • A crônica: que pode ser reconhecida pela presença de estrias brancas nas folhas e descoloração do interior dos colmos; 
  • A aguda: que apresenta o sintoma típico de queima das folhas, que dá o nome a essa doença. 

Para controlar a escaldadura das folhas da cana, é importante adotar medidas de prevenção e controle adequadas.  

Isso inclui manter a plantação limpa e bem cuidada, fazendo a remoção dos restos culturais das áreas afetadas, plantando mudas sadias e fazendo o controle rigoroso da limpeza das máquinas e ferramentas utilizadas no corte da cana.

6. O raquistismo das soqueiras

Por fim, dentro do grupo das doenças bacterianas da cana-de-açúcar também existe ou doença de grande relevância econômica: o raquistismo das soqueiras (RSD). 

Essa doença, causada pela bactéria Leifsonia xyli, pode causar perdas acima de 50% em variedades suscetíveis e reduzir a longevidade dos canaviais. 

Ela é transmitida principalmente durante a operação de corte, quando as lâminas cortam uma planta doente e, posteriormente, uma planta sadia.  

Entretanto, como geralmente não há sintoma externos característicos, o raquitismo das soqueiras é frequentemente confundido com deficiências nutricionais ou até mesmo outras doenças da cana-de-açúcar. 

Para se obter um diagnóstico preciso dessa doença, normalmente é preciso realizar testes laboratoriais baseados em microscopia, em DNA (PCR) e em imunologia. 

Como não existe um método de controle químico para essa doença e a bactéria pode permanecer no solo por até seis meses, grande parte dos métodos de controle se baseiam na limpeza de equipamentos, o tratamento térmico dos toletes de cana e o uso de mudas sadias. 

Além disso, também é importante minimizar as condições de estresse no campo buscando potencializar o sistema de defesa natural das plantas, seja pelo plantio nas épocas mais adequadas, seja pela inoculação de microrganismos benéficos, como as rizobactérias. 

O Bacillus aryabhattai, por exemplo, é um dos microrganismos que tem demonstrado resultados promissores em pesquisas conduzidas no mundo todo para a atenuação de estresses bióticos e abióticos em plantas. 

A inclusão de rizobactérias promotoras de crescimento e da adubação com silício podem melhorar a resistência das plantas aos estresses.

Assim, o seu uso associado ao demais métodos de controle do raquitismo das soqueiras podem se concretizar como métodos importantes para o controle dessa e de outras doenças da cana-de-açúcar que debilitam as plantas. 

O controle efetivo das doenças na cana-de-açúcar exige a integração de diferentes métodos

Em conclusão, podemos perceber que a produtividade e qualidade da cana pode ser afetada por uma grande variedade de doenças. Por isso, o agricultor deve estar constantemente fazendo o monitoramento da sua lavoura e adotando medidas preventivas para evitar a introdução e disseminação dos fitopatógenos no seu canavial. 

Caso seja identificada algumas dessas doenças da cana-de-açúcar, é importante sempre adotar as diferentes estratégias de controle preconizadas pelo manejo integrado de pragas (MIP) de forma conjunta para obter o sucesso com o controle das doenças da cana-de-açúcar. 

Complementarmente, também vale destacar a importância que o manejo adequado da lavoura pode ter para a saúde do canavial, já que plantas bem nutridas e livres de estresses apresentam uma melhor condição para combater naturalmente o ataque de fitopatógenos. 

Com isso, a aplicação adequada de fertilizantes associado ao uso de microrganismos capazes de atenuar os efeitos dos estresses das plantas são bem relevantes para melhoria da resistência das plantas às doenças da cana-de-açúcar. 

No mercado, já é possível encontrar fertilizantes multinutrientes que favorecem a microbiota do solo, como o K Forte®, que facilitam ainda mais o dia-a-dia do agricultor trazendo os benefícios da nutrição das plantas e dos microrganismos benefícios em um só produto! 

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