Existem diversos tipos de solo, que trazem diferentes desafios na hora de pensar e realizar o manejo. Um deles é o solo argiloso. Considerado favorável à atividade agrícola, esse tipo de solo também requer atenção do agricultor para que a adubação seja mais eficiente e a lavoura tenha mais produtividade. Entenda mais sobre isso e como adubar com potássio em solo argiloso.
O que é a textura do solo e o que são solos argilosos?
Cada tipo de solo tem características diferentes, que fazem com que sejam precisos cuidados diferentes na adubação. Isso não é diferente no manejo do potássio em solo argiloso. Mas, para fazer isso de forma eficiente, é preciso entender o que é esse tipo de solo.
Quando falamos que um solo é argiloso, estamos falando sobre a sua textura. A textura nada mais é do que uma propriedade física do solo que diz respeito às proporções de areia, silte e argila presentes nele, de acordo com o seu tamanho.
De acordo com o Sistema Brasileiro de Classificação de Solos, existem 14 classes texturais descritas. Mas, de maneira geral, podemos reuni-las em três grandes grupos: os solos argilosos, os solos arenosos e os solos siltosos.
Triângulo de classificação textural de solos (Fonte: Lemos & Santos, 1984)
Ainda de acordo com a Embrapa, os solos argilosos correspondem a pouco mais de 26% dos solos do Brasil, sendo a maior parte representada pelos argissolos. Alguns dos estados brasileiros em que há presença desse tipo de solo são:
- São Paulo;
- Santa Catarina;
- Região Nordeste;
- Região norte do estado do Rio Grande do Sul;
- Sudoeste de Minas Gerais.
Os solos argilosos são chamados também de “solos pesados” e têm como característica definidora a presença de partículas de argila, que são muito pequenas, com tamanho inferior a 0,002 mm.
Nesse contexto, para ser classificado como argiloso, é preciso que pelo menos 30% ou mais da composição de um solo seja de argila. Em alguns casos a proporção de argila pode chegar até 60% da composição do solo.
Entre as principais propriedades desse tipo de solo, que apresentam um impacto na maneira como se faz o manejo do potássio em solo argiloso, estão:
- Alta retenção de água;
- Alta impermeabilidade;
- Facilidade de encharcamento;
- Acidez moderada;
- Alta retenção de nutrientes;
- Favorecimento da compactação em determinados contextos.
Diante disso, quais são os desafios da adubação com potássio em solo argiloso?
Os desafios da adubação com potássio em solo argiloso
Estudos mostram que a necessidade da adubação com potássio em solo argiloso costuma ser menor quando comparada com solos mais arenosos.
É o caso do estudo Resposta à adubação potássica em solos de diferentes texturas, no qual Lucas Benes Delai e outros pesquisadores atribuem isso à menor exaustão do potássio não-trocável ao longo dos anos nesse tipo de solo.
Todavia, isso não quer dizer que não existam questões a serem pensadas na hora de adubar com potássio em solo argiloso.
Uma delas é em relação à correção do solo, em especial com o uso de técnicas como a calagem. A aplicação de calcário para a correção desse tipo de solo costuma ser maior que nos demais.
Todavia, o agricultor precisa estar atento para evitar a chamada super calagem, que é a aplicação em excesso de calcário.
Entre os problemas que isso pode causar, está a mineralização excessiva da matéria orgânica, tornando-a muito mais vulnerável ao processo de lixiviação. Além disso, a super calagem pode afetar relações importantes entre os nutrientes do solo.
É o caso da relação cálcio, magnésio e potássio. As propriedades físico-químicas desses três nutrientes fazem com que eles precisem de um equilíbrio no solo. Isso acontece porque, caso contrário, eles entram em uma relação de inibição competitiva.
Assim, as ações de correção com o que utilizam calcário precisam ser feitas com muito cuidado para não prejudicar a adubação com potássio em solo argiloso.
Outro aspecto que necessita atenção do agricultor é em relação à maior facilidade de compactação dos solos argilosos em decorrência do excesso de entrada de máquinas na lavoura.
A compactação do solo pode trazer problemas para a lavoura, como a dificuldade de penetração do sistema radicular das plantas. Isso, por sua vez, afeta a capacidade de absorção de água e nutrientes e a produtividade da lavoura.
Tendo em mente esses desafios, como o agricultor pode potencializar a adubação com potássio em solo argiloso?
Dicas para potencializar a adubação potássica em solos argilosos
Na hora de pensar o manejo com potássio em solo argiloso, o agricultor precisa primeiro entender quais são as características e o estado nutricional do seu solo.
Para isso, uma ferramenta importante é a análise do solo, que ajuda inclusive a entender os níveis de acidez para planejar a correção do solo. Entretanto, a eficiência dessa técnica está atrelada ao uso de métodos adequados, de maneira especial quando se trata do potássio.
A análise do solo requer métodos de calibração para que os dados possam ser obtidos e interpretados. Todavia, os métodos mais comuns utilizados nos laboratórios medem apenas a quantidade do nutriente que está nas frações mais prontamente disponíveis do solo.
O avanço das pesquisas na área, no entanto, tem apontado que as plantas conseguem utilizar o potássio em outras frações do solo, como a não-trocável.
É o que o pesquisador Michael J. Bell, juntamente com seus colegas, escreve no capítulo Using Soil Tests to Evaluate Plant Availability of Potassium in Soils, do livro Improving Potassium Recommendations for Agricultural Crops.
Nesse mesmo trabalho, Bell e os outros pesquisadores inclusive sugerem que a visão do ciclo do potássio no solo seja ampliada.
Uma visão mais ampliada do ciclo do potássio no solo. (Fonte: Bell et al., 2021)
Uma forma de entender melhor isso é imaginar que cada reservatório fosse uma caixinha que vai reabastecendo as outras.
Quando as plantas vão utilizando o nutriente daquelas mais prontamente disponíveis, uma série de mecanismos ligados tanto à fisiologia das plantas quanto ao ciclo do potássio no solo faz com que as outras caixas reponham o que foi utilizado.
Com esse entendimento ampliado do ciclo do potássio no solo, novas tecnologias como as fontes de potássio de liberação gradual podem ser mais bem utilizadas no manejo do potássio.
Essas fontes disponibilizam o potássio ao longo de um período de tempo maior. Além disso, elas são menos suscetíveis à lixiviação, além de terem um efeito residual duradouro que mantém os níveis de potássio no solo. Isso ajuda a construir e manter a fertilidade do solo.
No caso da adubação potássica em solo argiloso, isso é vantajoso, já que reduz o número de entradas na lavoura e, assim, reduz os fatores que podem levar à compactação do solo. Além disso, há mais economia para o agricultor.
O uso de fontes de potássio de liberação gradual pode ajudar a reduzir os custos do agricultor
O uso de fertilizantes com matérias-primas ricas em glauconita, por exemplo, também é outra ação que o agricultor pode utilizar para melhorar a adubação com potássio em solo argiloso.
A glauconita é um mineral que tem propriedades físico-químicas que ajudam a melhorar e preservar características do solo como a capacidade de troca catiônica (CTC), que inclusive é uma característica que faz com que o solo argiloso seja favorável à atividade agrícola.
Assim, com esses cuidados, o agricultor consegue otimizar o manejo do potássio em solo argiloso.
Com os cuidados adequados, é possível potencializar a adubação com potássio em solo argiloso
Em síntese, o solo argiloso é um tipo de solo presente em diversos locais com atividade agrícola no Brasil e que requer atenção em alguns pontos na hora de fazer o manejo agrícola.
No caso da adubação com potássio em solo argiloso, é importante que o agricultor esteja atento ao uso adequado da análise de solo, às ações de correção adequadas e também o uso de fontes de potássio eficientes e de liberação gradual, como o K Forte®.
Dessa maneira, é possível potencializar o uso do potássio em solo argiloso e ter mais produtividade na lavoura!