O enchimento de grãos na soja é muito importante para que a lavoura alcance bons índices de produtividade. E, nesse sentido, a adubação potássica adequada é fundamental para que essa fase de desenvolvimento da planta aconteça de forma satisfatória. Mas, por que isso acontece? E como o agricultor pode realizar o manejo desse nutriente de maneira mais eficaz?
A relação entre o potássio e o enchimento de grãos na soja
Pertencendo ao grupo dos macronutrientes primários, o potássio é o segundo nutriente mais requerido pela soja. De acordo com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), são extraídos quase 40kg/ha para cada tonelada de grãos de soja produzidos.
Estudos mostram que a adubação potássica tem uma influência no enchimento de grãos na soja. É o caso do trabalho Aplicação de doses de potássio na cultura da soja na fase reprodutiva no enchimento de grãos.
Nessa pesquisa, Fernanda Thais Rosa e seus colegas verificaram que doses maiores de potássio trouxeram resultados melhores em parâmetros como o rendimento e o peso de 100 grãos.
Já segundo a Embrapa, em condições em que há deficiência de potássio na soja, as plantas podem apresentar:
- Grãos pequenos, enrugados, deformados, com baixo vigor e poder germinativo;
- Vagens chochas;
- Atraso na maturação da planta;
- Hastes verdes;
- Retenção foliar;
- Clorose nas bordas das folhas, que podem evoluir para necroses.
Dentre esses sintomas, dois estão diretamente relacionados ao enchimento de grãos na soja e todos eles são consequências das funções do potássio nessa cultura.
Mas, qual exatamente é o papel do potássio na maximização do enchimento de grãos na soja?
As funções do potássio que são importantes para o enchimento de grãos na soja
O chamado enchimento de grãos na soja é uma das últimas etapas da fase reprodutiva da cultura, sendo subdividida em cinco fases até o enchimento completo da vagem.
Os diferentes estádios da fase reprodutiva da soja (Fonte: NEUMAIER et. al., s.d)
A fase reprodutiva começa logo após a chamada fase vegetativa, onde são formadas estruturas importantes para as plantas, como folhas, ramos, caule e raízes. Já na fase reprodutiva ocorrem o florescimento, o desenvolvimento das vagens, o enchimento dos grãos e, por fim, a maturação.
Vagens de soja durante o estádio de enchimento de grãos (Fonte: INPI)
O potássio exerce diversas funções no metabolismo e na fisiologia da soja que vão ter um impacto direto no sucesso do enchimento de grãos na soja e, em consequência, da produtividade da lavoura. De maneira geral, entre tais funções, podemos citar:
- A ativação enzimática;
- A síntese proteica;
- A fotossíntese;
- O transporte de fotoassimilados no floema;
- O crescimento celular;
- A melhoria da qualidade de flores e frutos;
- A regulação do potencial hídrico das células;
- A amenização de estresses bióticos e abióticos.
O potássio exerce funções essenciais nas plantas
A atuação do potássio na regulação do potencial hídrico das plantas, através da sua participação do controle de abertura e fechamento dos estômatos é uma das funções fundamentais nessa contribuição para o enchimento de grãos na soja.
Além disso, ele atua na fotossíntese, processo que produz substâncias chamadas de fotoassimilados, que as plantas utilizam como energia para o seu desenvolvimento.
E é justamente na distribuição desses fotoassimilados das folhas para as outras partes das plantas que o potássio tem um papel fundamental. Isso se torna muito relevante no estádio de enchimento de grãos, já que as plantas necessitam de energia para a realização desse processo.
Assim, é muito importante que o agricultor esteja atento ao manejo do potássio na soja para que as plantas possam ter uma boa reserva desse nutriente e alcançar a máxima eficiência do enchimento de grãos.
Mas, como fazer o manejo do potássio na soja de forma adequada?
Como realizar o manejo do potássio na soja de maneira eficaz?
A primeira ação que o agricultor deve tomar para realizar o manejo da adubação potássica de forma mais eficiente é entender as condições de fertilidade do solo.
Aqui, é importante que ele saiba quais são os níveis desse nutriente no solo, sendo essencial a realização de uma boa análise de solo. Vale destacar, todavia, que é preciso que ele utilize uso métodos adequados para isso.
Isso porque os métodos mais utilizados nas análises laboratoriais não levam em conta o potássio não-trocável do solo. Entretanto, já existem estudos que mostram que esse reservatório d potássio também tem uma contribuição importante na nutrição vegetal.
É o que explicam Michael J. Bell e seus colegas, no capítulo Using Soil Tests to Evaluate Plant Availability of Potassium in Soils, do livro Improving Potassium Recommendations for Agricultural Crops.
Esse conhecimento amplo do solo permite que o agricultor tome decisões mais assertivas no manejo do potássio. Decisões como quando e quanto aplicar de potássio, além do tipo de fertilizante que ele vai utilizar na sua lavoura.
Quando se fala da época de aplicação do potássio na soja, a maioria dos estudos se baseia no uso do Cloreto de Potássio (KCl), que pode ter época de aplicação mais próxima da semeadura.
Entretanto, a composição do KCl, que tem aproximadamente 47% de cloro pode trazer consequências negativas quando há contato direto com as sementes da soja. Além disso, o uso de doses elevadas implica em um excesso de cloro no solo, que traz problemas como a compactação, a salinização e prejuízos para a microbiota do solo.
Nesse sentido, o uso de fontes de potássio que sejam livres de cloro pode ser uma solução para esse problema. Além disso, algumas dessas fontes livres de cloro também têm uma liberação gradual dos nutrientes.
O uso antecipado dessas fontes potássicas é vantajoso para o manejo do potássio na soja já que, além de serem menos suscetíveis à lixiviação a que fontes como o KCl são sujeitas, elas têm um efeito residual duradouro no solo.
Isso ajuda construir e manter a fertilidade do solo, o que é interessante para as lavouras que utilizam sistemas de sucessão, muito comuns em culturas anuais. Isso porque os níveis de potássio no solo se mantêm ao longo dos ciclos das culturas.
Já em relação à dose ideal de potássio para a soja, existem alguns parâmetros que devem ser levados em consideração na hora de planejar o manejo. São fatores como:
- A exigência da cultura;
- A textura do solo;
- A disponibilidade dos nutrientes no solo.
O uso da análise do solo, aliado ao conhecimento da cultivar utilizada, bem como ter em mente quais são as expectativas de produção ajudam a determinar esses parâmetros. Vale lembrar que ainda existem as recomendações gerais feitas para cada região agrícola.
Na Circular Técnica 50, por exemplo, a Embrapa recomenda que sejam aplicados 20Kg de K2O para cada tonelada de soja que se espera produzir.
Assim, reunindo todo esse conjunto de informações sobre a lavoura e sobre as fontes que vão ser utilizadas, realizando o acompanhamento da resposta da adubação através de técnicas como a análise foliar e contando com a orientação de um agrônomo, é possível realizar um manejo da adubação potássica que seja mais assertivo.
O bom manejo do potássio é muito importante para a maximização do enchimento de grãos na soja
Em conclusão, o enchimento de grãos na soja é um estádio de desenvolvimento da cultura muito importante para que se tenha uma boa produtividade da lavoura. E, nesse âmbito, o potássio exerce funções que são muito relevantes para que essa fase do crescimento da planta seja bem sucedida.
Dessa maneira, é preciso ficar atento ao manejo desse nutriente. Isso pode ser feito com passos com o bom conhecimento da lavoura e o uso de fontes adequadas, que vão tornar o manejo do potássio na soja mais efetivo!