No ano de 1975, a criação do Programa Nacional do Álcool ou Proálcool incentivou o desenvolvimento de diversas pesquisas com micronutrientes na cultura da cana-de-açúcar, incluindo o manganês. Mas, quais os resultados que esse nutriente vem proporcionando para a cana? Descubra quais são eles e porque é importante fazer a inclusão da adubação com manganês na cultura da cana!
Qual a função do manganês na cultura da cana?
Entre os micronutrientes, o manganês (Mn) é o segundo mais extraído pela cana-de-açúcar, uma cultura que já é conhecida por extrair e acumular grandes quantidades de nutrientes dos solos.
Entretanto, alguns os fatores fizeram com que a nutrição dos canaviais com micronutrientes, a exemplo do manganês, se tornasse um desafio para muitos agricultores, como:
- A expansão das áreas de cultivo para solos naturalmente deficientes em micronutrientes, como aqueles da região dos cerrados;
- O desenvolvimento de cultivares altamente produtivas;
- A intensificação das práticas de manejo agrícola.
Segundo os pesquisadores Estêvão V. Mellis e José A. Quaggio, a cana-de-açúcar apresenta frequentemente o fenômeno da “fome oculta” em relação aos micronutrientes. Quando isso acontece, as plantas têm a sua produtividade limitada mesmo sem sintomas aparentes de deficiência.
É o que eles ressaltam no estudo Micronutrientes em cana-de-açúcar: a fome oculta dos canaviais.
Essa perda de produtividade está associada às diversas funções essenciais que o manganês desempenha nas plantas, contribuindo para:
- Síntese de proteínas, carboidratos e lipídeos;
- Funcionamento dos cloroplastos;
- Divisão e extensão celular;
- Processo de fotossíntese;
- Processo de respiração;
- Ativação enzimática.
No processo de fotossíntese, por exemplo, o manganês atua como um componente estrutural de um complexo responsável por realizar a fotólise da água que forma o oxigênio molecular que será liberado pelas plantas.
Além disso, o manganês também é um micronutriente responsável pela ativação e modulação da atividade de mais de 35 enzimas envolvidas com os mais diversos processos metabólicos vegetais.
Mas, na prática, o que essas diferentes funções têm promovido de benefícios para a cultura da cana?
A adubação com manganês na cultura da cana
Foi na década de 60 que o Instituto Agronômico de Campinas (IAC) impulsionou as primeiras pesquisas com micronutrientes em cana-de-açúcar no Brasil.
Uma das constatações da instituição foi de que os teores de micronutrientes dos solos de diversas regiões tradicionais de produção de cana estavam extremamente baixos na maioria das áreas de produção.
Mesmo que micronutrientes como o manganês sejam exigidos em pequenas quantidades, a ausência de teores adequados pode limitar a produtividade das plantas.
Isso porque, segundo a Lei de Liebig, ou Lei dos Mínimos, a produtividade de uma lavoura é limitada pela ausência de qualquer um dos nutrientes essenciais para as plantas, mesmo que todos os outros estejam disponíveis em quantidades adequadas.
Assim, diversas pesquisas começaram a ser desenvolvidas pelo Brasil a fim compreender quais resultados a adubação com manganês poderia trazer para a cultura da cana.
No estudo Micronutrientes em cana-de-açúcar: a fome oculta dos canaviais, os pesquisadores Estêvão V. Mellis e José A. Quaggio observaram que a cana-planta apresentou ganhos expressivos de produtividade com a aplicação de micronutrientes, independentemente do tipo de solo e da variedade empregada.
Nesse contexto, a adubação com manganês proporcionou ganhos médios de produtividade de mais de 10%.
Efeito da aplicação de micronutrientes em cana-de-açúcar. (Fonte: MELLIS & QUAGGIO, 2009)
Também tem sido observado que a adubação com manganês pode influenciar positivamente diversos parâmetros agronômicos desejados na cultura da cana-de-açúcar, aumentando:
- O número de internódios;
- O diâmetro médio de colmos;
- O açúcar total recuperável e tonelada de pol;
- Os teores foliares de macro e micronutrientes;
- O acúmulo de nutrientes nos colmos e na palhada;
É o que explicou o Engenheiro Agrônomo Cleiton Gredson Sabin Benett, em seu estudo Doses e fontes de manganês na cultura da cana-de-açúcar.
Nesse sentido, para alguns desses parâmetros, podem existir variações dependendo da fase de corte da cana-de-açúcar. Esse é o caso, por exemplo, do acúmulo de nutrientes na palhada, que pode ser diferente para cana planta e cana soca.
No artigo Fontes e doses de manganês no acúmulo de nutrientes na palhada em cana-de-açúcar, Cleiton Gredson Sabin Benett e outros pesquisadores observaram que na palhada da cana planta a adubação com manganês proporcionou maiores acúmulos de cálcio, magnésio, enxofre e manganês, enquanto para cana soca foram acumulados maiores teores de cálcio, ferro e manganês.
- O número de internódios;
- O diâmetro médio de colmos;
- O açúcar total recuperável e tonelada de pol;
- Os teores foliares de macro e micronutrientes;
- O acúmulo de nutrientes nos colmos e na palhada;
Tendo em mente esses cuidados e os diferentes resultados promissores da nutrição com manganês, podemos perceber que a sua inclusão no manejo pode proporcionar resultados muito positivos para a cultura da cana e o seu manejo adequado deve sempre ser priorizado nos programas de adubação!
O bom manejo do manganês é muito importante para a cultura da cana
Em resumo, podemos perceber que o manganês é um nutriente muito importante para a cana-de-açúcar, contribuindo com diversas funções essenciais que podem impactar diretamente na produtividade e qualidade da cultura.
Assim, a adoção de diferentes boas práticas de manejo, associadas ao uso de fontes de manganês adequadas no canavial, irá proporcionar o melhor aproveitamento dos diferentes benefícios que esse nutriente pode proporcionar para a cultura da cana!
