Trabalhos desenvolvidos ao longo dos anos mostram que o bom manejo do potássio pode aumentar a produtividade da cultura do eucalipto em até 200%, desde que as plantas tenham um bom aproveitamento do potássio sincronizando o fornecimento e a disponibilização do nutriente com a demanda das plantas. Descubra qual é a relação existente entre a época de aplicação de potássio e a produtividade do eucalipto e como fazer uma nutrição mais assertiva dessa cultura!
A importância do nutriente potássio para o desenvolvimento e a produtividade do eucalipto
O potássio é um nutriente muito importante para o desenvolvimento do eucalipto, sendo capaz de favorecer diversos parâmetros que estão relacionados diretamente com a produtividade da cultura.
No artigo Determinação da demanda nutricional de genótipos de Eucalyptus da Bahia Sul Celulose, Araújo et al. (2001) verificaram uma correlação direta entre o acúmulo de potássio nos clones de eucalipto, o tipo de solo e a produtividade.
Aos 7 anos após o plantio, os clones de eucalipto cultivados nos argissolos amarelos de textura arenosa/argilosa e média/alta fertilidade alcançaram mais que o dobro da produtividade verificada nos espodossolos de textura arenosa de baixa fertilidade, atingindo uma média de 49 m³.ha-1.ano-1.
O cultivo de eucalipto em solos de baixa fertilidade e que não costumam ser aptos para cultivos anuais, também conhecidos como solos marginais, é uma prática comum na agricultura brasileira. Contudo, essa prática traz muitos desafios para o setor.
Ronaldo Silveira e Eurípedes Malavolta destacaram, no trabalho Nutrição e adubação potássica em eucalyptus, que o conteúdo de potássio na maioria dos solos florestais, na profundidade de 0-20 cm, não é suficiente para atender a demanda das espécies de Eucalyptus durante o ciclo de produção.
Ou seja, apesar da elevada resposta do eucalipto à adubação potássica, um dos maiores desafios enfrentados pela silvicultura é alcançar uma boa performance nesses solos marginais, como destaca Marcos Flávio Gontijo Diogo, Engenheiro Agrônomo que também é especialista em Gestão e Manejo Ambiental em Sistemas Agrícolas pela Universidade Federal de Lavras (UFLA):
A construção da fertilidade é um dos principais desafios da silvicultura
Além disso, o eucalipto é uma cultura com uma alta extração de potássio, que pode acumular mais de 150 quilos por hectare ao final de uma rotação de 7 anos e levar à rápida degradação da fertilidade do solo e da produtividade da lavoura, se o manejo nutricional não for realizado da forma correta.
Esse fenômeno foi observado por Geraldo Erli de Faria e outros pesquisadores no artigo Produção e estado nutricional de povoamentos de Eucalyptus grandis, em segunda rotação, em resposta à adubação potássica.
Nas condições do estudo, os pesquisadores observaram que houve decréscimo médio de mais de 50% da produtividade da primeira para a segunda rotação do povoamento florestal.
A combinação da baixa fertilidade dos solos com a alta exigência do eucalipto por potássio favorece o surgimento de sintomas de deficiência, que podem levar inclusive à paralisação do desenvolvimento vegetativo.
Será, então, que existe uma forma eficiente de melhorar o fornecimento de potássio para eucalipto? A resposta pode estar na época de aplicação, associada a fonte de potássio utilizada.
O uso de fontes de liberação gradual e a aplicação antecipada favorecem a produtividade do eucalipto
Quando pensamos em melhorar o aproveitamento de nutrientes para as plantas, um dos aspectos que mais precisam ser trabalhados é a redução de perdas de nutrientes no sistema de produção.
Isso porque o caminho inverso, de aumentar as dosagens de fertilizantes, além de fragilizar a sustentabilidade econômica do empreendimento e gerar mais riscos ambientais, não traz necessariamente o aumento produtivo esperado.
No artigo Produção e distribuição de biomassa em Eucalyptus camaldulensis dehn em resposta à adubação e espaçamento, Silvio N. O. Neto observou que o uso de doses mais elevadas de fertilizantes não implicou no aumento proporcional na produção de matéria seca de madeira em um talhão com 32 meses de idades.
Esse estudo ressalta tanto a questão da menor resposta do eucalipto à adubação potássica com o avanço do ciclo produtivo, tanto o impacto que as perdas de nutrientes podem ter num agroessistema.
Como o potássio é um nutriente muito dinâmico no sistema solo-planta, as perdas por lixiviação podem atingir a ordem de 50-70%.
É o que relatam os pesquisadores Lan Wu e Mingzhu Liu, no artigo Preparation and properties of chitosan-coated NPK compound fertilizer with controlled-release and water-retention. Mas, como isso tudo se relaciona com a época de aplicação e a escolha dos fertilizantes?
Quando altas doses de fertilizantes de liberação imediata, como o Cloreto de Potássio (KCl), são aplicados no solo, a planta não tem tempo suficiente para absorver os altos teores de potássio que estarão disponíveis na solução do solo.
Consequentemente, todo o restante não absorvido fica muito suscetível a ser carregado para as camadas mais profundas do solo, fora do alcance das raízes, num processo conhecido como lixiviação.
No caso do eucalipto, isso pode ser ainda mais danoso, já que a cultura apresenta um longo ciclo produtivo que pode alcançar mais de 10 anos, quando destinado para produção de madeira serrada.
Porém esse longo ciclo produtivo favorece o acesso das raízes aos “reservatórios” de potássio de liberação mais lenta, o que nos indica uma possível solução para esse impasse: o uso de fontes de potássio de liberação progressiva.
O uso das fontes de liberação progressiva de potássio no eucalipto
As fontes de liberação progressiva de potássio são um importante recurso tecnológico a ter seu uso cada vez mais difundido no setor silvicultural, uma vez que elas podem reduzir o número de aplicações de fertilizantes, sem diminuir a produtividade e sem o risco de lixiviação dos nutrientes.
Como destacam Paulo H. M. Silva e os demais pesquisadores no artigo Mortalidade, crescimento e solução do solo em eucalipto com aplicação de fertilizante de liberação lenta.
Como o próprio nome sugere, as fontes de liberação progressiva proporcionam uma disponibilização dos nutrientes por um período de tempo maior, fazendo com que as plantas tenham acesso ao potássio por um período prolongado, aumentando o efeito residual desse tipo de fertilizante.
Esse prolongado efeito residual também tem se mostrado benéfico, não só para produtividade do eucalipto, mas como também na relação do potássio com outros nutrientes do solo, como destacou a pesquisadora Natasha Mirella Inhã Godoi, no estudo Adubação e residual de doses de nitrogênio, fósforo e potássio no eucalipto em sistema de talhadia no Cerrado.
Ela observou que o efeito residual das doses de potássio (K2O) influenciou positivamente o teor de cálcio no solo, aumentou o teor de manganês e zinco nas folhas e de potássio no folhedo, favorecendo:
- Biomassa: folhas, lenho e total;
- Altura das plantas;
- Volume de madeira.
Dessa forma, o máximo potencial produtivo do eucalipto pode ser alcançado com a aplicação antecipada de fertilizantes potássicos de liberação progressiva, já que elas favorecem a manutenção e construção da fertilidade do solo.
O uso das fontes de liberação progressiva de potássio no eucalipto
Em resumo, o potássio exerce um papel muito relevante para a produtividade do eucalipto, já que é bastante acumulado pela cultura.
Entretanto, o longo ciclo da cultura e a alta taxa de extração de potássio pelo eucalipto são desafios na hora de pensar a adubação potássica. Isso porque o aumento das dosagens acaba não correspondendo ao aumento da produtividade com o tempo.
O uso de fertilizantes potássicos de liberação progressiva, como o BAKS®, que também é fonte de boro e enxofre, dois nutrientes muito importantes para o eucalipto, se torna uma ação que pode trazer uma melhoria para a cultura. Isso porque, graças às características de suas matérias-primas, essas fontes ajudam a construir e manter os níveis de potássio e dos outros nutrientes no solo por períodos mais prolongados.
Assim, a aplicação antecipada desses fertilizantes é importante para que o solo possa ser nutrido adequadamente e o eucalipto possa usufruir dos importantes benefícios do potássio!