O potássio está entre os três nutrientes mais extraídos pela cana-de-açúcar, por estar envolvido em diversos processos fisiológicos e metabólicos que contribuem para qualidade e produtividade da cultura. Mas, como a adubação potássica pode influenciar a produtividade da cana?
A influência da adubação potássica na cana
A adubação potássica pode exercer uma influência significativa na qualidade e produtividade de diversas culturas, já que o potássio é responsável por desempenhar diversas funções nas plantas, que vão desde a ativação enzimática ao aumento da resistência das plantas aos estresses.
Além disso, o potássio também é capaz proporcionar para a cana-de-açúcar:
- O aumento do teor de carboidratos, óleos, lipídeos e proteínas;
- A promoção do armazenamento de açúcares e amido;
- O estímulo da vegetação e do perfilhamento.
A influência da adubação potássica na produtividade da cana é evidenciada em diversas pesquisas, por exemplo no artigo Manejo da adubação potássica na cultura da cana-de-açúcar.
Nesse estudo, o Dr. Rafael Otto e outros pesquisadores constataram que as doses de potássio aumentaram o crescimento em altura e o perfilhamento da cana-de-açúcar.
Nas condições da pesquisa, a produtividade de colmos e de açúcar aumentou com as doses de potássio até um ponto máximo de, aproximadamente, 160 kg por hectare de potássio (K2O).
Perfilhamento da cana-de-açúcar aos nove meses após o plantio, em função das doses e modos de aplicação de potássio. (Fonte: OTTO et al.,2010)
Para encontrar a dose ideal de potássio que permita o alcance de uma boa resposta da lavoura, é preciso escolher o método de análise de solo mais adequado e realizar a amostragem certa.
O Instituto Brasileiro de Análises (IBRA) recomenda que é preciso levar em consideração a fase produtiva da lavoura para a amostragem do solo:
- Para cana-planta: a amostragem de solo deve ser realizada três meses antes do plantio, recolhendo 15 subamostras de solo em “zig-zag” de uma área uniforme nas profundidades de 0-20 a 20-40cm;
- Para cana-soca: a amostragem de solo deve ser realizada logo após o corte, retirando amostras de solo a cerca de 20-25cm da linha.
Caso a amostragem e análise de solo não sejam feitas de maneira adequada, pode haver a sub ou superestimação dos teores de nutrientes do solo. Ou seja, poderá existir a expressão de efeitos negativos na cana-de-açúcar.
Enquanto as superdosagens podem prolongar o estádio vegetativo, atrasar o acúmulo de sacarose e prejudicar o processo de cristalização na fabricação do açúcar, as subdosagens podem comprometer parâmetros de produtividade, como diâmetro médio e altura dos colmos.
Condição que foi verificada por Jose Orlando Filho e outros pesquisadores, no artigo Fontes de potássio na adubação da cana-de-açúcar: KCl e K2SO4.
Além disso, outro aspecto que pode influenciar a produtividade da cana é a fonte de potássio utilizada.
A escolha da fonte de potássio pode afetar a produtividade da cana
A escolha da fonte de potássio pode contribuir positivamente ou negativamente para produtividade da cana que, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), foi de 645,5 milhões de toneladas no Brasil na safra 2020/2021.
O que vai definir o resultado final irá depender do quão capazes os fertilizantes potássicos serão para atender as características únicas dessa cultura.
Boas práticas podem fazer toda a diferença no manejo da adubação de potássio na lavoura de cana.
O ciclo produtivo da cana-de-açúcar é mais longo que as culturas anuais, mas não é tão extenso quanto o das culturas perenes. Isso faz com que ela seja considerada uma cultura semi-perene.
Por ser uma cultura semi-perene, ela vai depender do fornecimento de nutrientes por um prolongado período de tempo. Situação que nem sempre é contemplada pelas fontes de potássio de liberação imediata.
Fertilizantes como o Cloreto de Potássio (KCl) são capazes de abastecer somente os “reservatórios” de potássio de disponibilidade mais rápida. “Reservatórios” esses que são muito suscetíveis a perder os nutrientes para as camadas mais profundas do solo, num processo conhecido como lixiviação.
No artigo Lixiviação de nutrientes em um Latossolo cultivado com cana-de-açúcar, Pablo Javier Ghiberto constatou perdas de mais de 60% de potássio (K2O) no ciclo de cana-planta, e mais de 40% no ciclo de cana-soca.
Além disso, o efeito do cloro e dos sais no solo provocados pelo uso intensivo de KCl pode prejudicar a produtividade da cana.
Ao avaliar os efeitos do uso do KCl na cultura da cana-de-açúcar, o pesquisador Hilário Júnior de Almeida destaca que a toxidez do cloro pode ser um fator limitante no crescimento e na produtividade de colmos da cana-de-açúcar.
Resultados que foram explorados no artigo no estudo Nutrição potássica em soqueira de cana-de-açúcar colhida sem queima.
Para realmente atender as demandas da cultura no longo prazo, é preciso adotar o uso de fontes de potássio de liberação gradual, que possuem uma taxa de disponibilização mais lenta dos nutrientes para a lavoura do que aqueles de liberação imediata.
O uso de fontes de potássio de liberação gradual na cana
Michael J. Bell e outros pesquisadores, no capítulo Using Soil Tests to Evaluate Plant Availability of Potassium in Soils, do livro Improving Potassium Recommendations for Agricultural Crops notam que:
“Quando o potássio adequado precisa ser fornecido ao longo de períodos de tempo mais longos (como ocorre com a remoção repetida de biomassa no cultivo de forragem, ou perenes, ou culturas de alta demanda de potássio de biomassa, como a cana-de-açúcar), há muitos solos a partir dos quais as plantas são capazes de extrair mais do que o reservatório de potássio inicialmente trocável.”
No caso do longo ciclo produtivo da cana, que atinge em média seis anos com cinco cortes, as raízes têm mais tempo para acessar o potássio retido na superfície e nas intermacadas dos minerais do solo.
Assim, as fontes de potássio de liberação gradual são capazes de favorecer um aproveitamento mais efetivo dos nutrientes aplicados na lavoura e mitigar as perdas de potássio por lixiviação.
Efeitos que são alcançados pelo melhor equilíbrio entre a taxa de disponibilização de nutrientes pelo fertilizante potássico de liberação progressiva e taxa de absorção de potássio pelas plantas.
A melhoria da produtividade da cana é resultado de um conjunto de fatores
A adubação potássica tem uma influência direta na produtividade da cana, já que esse nutriente tem funções muito importantes no desenvolvimento dessa cultura.
Para que os benefícios do potássio sejam otimizados, o agricultor precisa, além de entender a relevância do nutriente e conhecer a sua lavoura, através de análises de solo adequadas, por exemplo, realizar um bom planejamento do manejo nutricional.
Isso inclui o uso dos fertilizantes potássicos de liberação progressiva, como o K Forte®, que surgem como uma importante ferramenta para potencializar o aproveitamento de nutrientes pela cana, e assim, favorecer a sua produtividade.