Além de ser tradicional na mesa do brasileiro, o feijão é também muito importante para a agricultura nacional: o Brasil é o quarto maior produtor de feijão do mundo. É o que mostram dados da Secretaria de Inteligência e Relações Estratégicas (Sire). O feijão é uma cultura altamente exigente em nutrientes e o potássio é um dos mais relevantes. Saiba o porquê dessa importância e descubra como fazer a adubação com potássio para feijão!
A importância do potássio para as plantas
O feijão é uma cultura com grandes exigências nutricionais. Em termos de macronutrientes, diversos trabalhos indicam que a necessidade de potássio para o feijão só é superada pela necessidade de nitrogênio.
É o que afirma Marcos Plácido Braga e Silva, no estudo Importância do potássio para a cultura do feijão. Isso é corroborado, por exemplo, por dados de extração e exportação de potássio averiguados em pesquisas diversas desde a década de 60.
Diversos trabalhos com diferentes cultivares mostram a importância do potássio para o feijão. (Fonte: Rosolem e Marubayashi, 1994)
Mas, por que o potássio é tão importante na nutrição vegetal? Entre as funções gerais do potássio nas plantas, pode-se destacar:
- A ativação de enzimas;
- Síntese proteica;
- Transporte no floema de substâncias produzidas na fotossíntese;
- Crescimento celular;
- Regulação do potencial hídrico das células;
- Melhoria da qualidade de flores e frutos;
- Amenização de estresses bióticos e abióticos.
Pensando nisso, pode-se perceber porque a adubação com potássio para feijão deve ser feita de maneira adequada. Mas, o que um manejo de potássio inadequado nessa cultura pode acarretar?
O que um manejo inadequado de potássio para feijão pode acarretar?
Devido ao seu papel de ativador enzimático e de transporte de fotoassimilados pelo floema, o potássio exerce funções fisiológicas importantes na cultura do feijão.
Ainda no estudo Importância do potássio para a cultura do feijão, Marcos Plácido Braga e Silva destaca que uma nutrição com potássio para feijão feita de maneira inadequada pode trazer como consequências:
- Plantas com tecidos menos enrijecidos, já que há uma menor espessura da cutícula e da parede celular;
- Menor formação de tecidos esclerenquimáticos, que são aqueles responsáveis pela sustentação das plantas;
- Menor lignificação;
- Menor sínteses de proteínas, amido e celulose;
- Acúmulo de compostos que alteram o equilíbrio osmótico das células;
- Maior suscetibilidade ao ataque de pragas e doenças.
Além disso, a falta de potássio no feijoeiro causa clorose e necrose nas folhas, prejudica o crescimento da planta e do sistema radicular. Os grãos também acabam ficando menores e com menor intensidade na coloração.
Assim, um programa adequado de adubação potássica é muito importante para que as lavouras de feijão possam expressar todo o seu potencial produtivo.
Mas, quais são as melhores práticas de adubação com potássio para o feijão?
As melhores práticas de adubação com potássio para feijão
O feijão é uma cultura de ciclo curto, o que permite que, no Brasil, ele tenha até três safras anuais. Entretanto, essa especificidade faz com que os nutrientes para a lavoura precisem ser disponibilizados para as plantas em quantidades, tempo e locais adequados.
Outra razão para isso é que o sistema radicular do feijão é pequeno e pouco profundo. Diante disso, o agricultor precisa estar muito atento ao programa de adubação da lavoura.
Começando pelo momento de aplicação do fertilizante potássico, é preciso entender como funciona a absorção do nutriente no ciclo da cultura. Existem dois grandes saltos no ritmo de aquisição do nutriente pelo feijoeiro:
- O primeiro acontece entre 25 a 35 dias após a emergência (DAE), na diferenciação dos botões florais;
- O segundo acontece no florescimento e na formação das vagens, entre 45 e 55 DAE.
Progressão de absorção de nutrientes pelo feijoeiro: o potássio tem dois grandes saltos durante o ciclo da cultura. (Fonte: Haag et al., 1967)
Tendo isso em mente, é preciso que o potássio esteja disponível para o feijão antes desses saltos de absorção, para que não haja algum tipo de deficiência. Por isso, a recomendação é que a adubação seja realizada ainda no plantio.
Uma observação deve ser feita, entretanto, quando o solo for arenoso. Para esse tipo de solo, existem recomendações de que seja realizado o parcelamento da aplicação:
- Metade da dose no momento do plantio;
- A outra metade na cobertura, entre 25 a 30 DAE.
Além disso, o agricultor precisa estar atento aos níveis de fertilidade do solo, para que não haja um desgaste com o passar do tempo.
Uma estratégia eficiente para evitar esse esgotamento de potássio e construir a fertilidade do solo é o uso de fertilizantes potássicos de liberação gradual. Essas fontes disponibilizam o nutriente ao longo de um tempo maior.
A longo prazo, isso traz vantagens, como a estabilização dos níveis de potássio no solo, a redução das perdas por lixiviação e o efeito residual duradouro. Isso otimiza o manejo nutricional da lavoura, além de melhorar a fertilidade do solo.
O potássio de liberação gradual traz vantagens para o agricultor.
Em relação à dose de potássio para feijão, ela pode variar entre 20kg/ha e 50kg/ha, dependendo da produtividade esperada da lavoura, das técnicas utilizadas no cultivo e no teor do nutriente no solo.
Por isso, é importante também que o agricultor conheça a sua lavoura, sabendo qual o cultivar ele utiliza e através de análises de solo adequadas, aliadas à análise foliar para entender qual a resposta ao manejo.
Entender a dinâmica do potássio no feijão e conhecer a lavoura é a chave para garantir uma boa produtividade
Para resumir, o potássio é um nutriente muito relevante para a cultura do feijão. Por isso, é necessário que o manejo desse nutriente na lavoura receba atenção, a fim de garantir uma boa produtividade e rentabilidade.
Aliar o conhecimento da importância e da dinâmica do potássio no feijoeiro ao conhecimento da lavoura é um passo muito importante para isso.
Além disso, o uso correto de fertilizantes potássicos, bem como a opção por fontes de potássio de liberação gradual ajudam a construir e manter a fertilidade do solo. Isso otimiza o manejo e evita que haja a deficiência de potássio no solo!
