O fenômeno climático conhecido como El Niño tem sido motivo de atenção para especialistas em agricultura, meteorologia e agronomia. As alterações no clima que ele provoca podem ter impactos significativos na atividade agrícola. Mas, diante da confirmação da ocorrência de um El Niño atualmente, quais são os efeitos que isos pode causar na agricultura brasileira na safra 2023/24? Entenda mais sobre isso!
Entendendo o que é o El Niño e suas implicações no clima
O que é conhecido como El Niño é um fenômeno climático, que caracteriza por uma ampla alteração nas temperaturas da superfície do mar no Oceano Pacífico, influenciada pelas mudanças nas correntes de vento planetárias.
Denominado tecnicamente de El Niño/Oscilação do Sul (ENSO), esse fenômeno é monitorado do norte da Austrália até a costa do Equador, na América do Sul, sendo dividido em quatro índices.
Esses índices são utilizados para caracterizar a natureza única de cada evento de El Niño. Os números das regiões Niño 1,2,3 e 4 correspondem aos rótulos atribuídos aos rastros dos navios que cruzaram as regiões onde os fenômenos foram identificados.
Foram os dados dessas trilhas permitiram que os registros históricos do El Niño fossem calculados no tempo até 1949. É o que explicam os pesquisadores Eugene M. Rasmusson e Thomas H. Carpenter, no artigo Variations in Tropical Sea Surface Temperature and Surface Wind Fields Associated with the Southern Oscillation/El Niño.
Índices de caracterização do El Niño (Fonte: Tropical Tidbits)
O início de um episódio do El Niño é catalogado quando a temperatura média da superfície do mar na região denominada Niño 3.4 do Pacífico equatorial aumenta 0,5°C por três meses consecutivos. Caso essa elevação exceda 1,5°C, temos o chamado Super El Niño.
É mostra o procedimento adotado para catalogar o fenômeno seguido pelo Centro de Previsão Climática da NOAA, o Serviço Nacional de Meteorologia norte-americano.
Os efeitos do El Niño no clima são notáveis: reforça o calor no verão e torna o inverno menos rigoroso, com o ar mais seco e menos chuvas em regiões onde são mais comuns. As consequências variam, podendo provocar secas extremas em algumas áreas e chuvas torrenciais em outras.
Efeitos do El Niño no clima mundial (Fonte: StoneX)
Apesar das diversas variações climáticas, o El Niño não é necessariamente um fenômeno negativo. Ele gera uma “bagunça climática” com variáveis como chuvas, temperatura e radiação solar acima ou abaixo da média histórica em várias partes do mundo.
Isso pode ter diferentes impactos em diferentes regiões e também afetar de maneira variada os variados cultivos agrícolas. Tendo isso em mente, quais são os principais impactos do El Niño no Brasil e nas suas culturas agrícolas?
Os principais impactos do El Niño nas culturas agrícolas brasileiras
O Brasil, como país continental, é afetado de maneira diversa pelo El Niño 1+2, diferente da América do Norte. Assim, regiões do país podem ser beneficiadas ou precisar se preparar melhor para as culturas a serem implantadas no segundo semestre de 2023.
Analisando as variações climáticas nas regiões brasileiras, é possível prever os impactos acima da média em algumas áreas:
– Região Norte: Redução das chuvas na região amazônica, favorecendo estiagens cíclicas e intensificando queimadas;
– Região Nordeste: Aumento da intensidade e frequência de chuvas no litoral e temperaturas acima da média no interior dos estados da região semiárida;
– Região Centro-Oeste: Mudanças no padrão de chuvas, com maior risco de alternância entre chuvas fortes e veranicos prolongados.
Já na região Sudeste, o regime de chuvas também sofrerá alterações, reduzindo a frequência e intensidade. A região Sul, por sua vez, enfrentará aumento da frequência e intensidade de chuvas torrenciais entre os meses de agosto e outubro.
Além disso, a probabilidade de um Super El Niño é considerada, e os especialistas indicam que ele pode ocorrer nos meses de agosto de 2023 a fevereiro de 2024. Caso essa possibilidade se confirme, poderá haver consequências para as safras de milho e soja no Brasil.
Enquanto a produção média do milho terá bom desenvolvimento nas zonas sul do Centro-Oeste e norte do Sudeste, a probabilidade de uma super safra é reduzida. Por outro lado, a soja será mais afetada, especialmente nas regiões norte do Centro-Oeste e sul do Sudeste.
Em um cenário mais global, também pode haver impactos que se refletem no mercado dessas commodities: países como Estados Unidos podem enfrentar problemas significativos nas safras de soja e milho em 2023-24, enquanto a Argentina pode recuperar parte das perdas de sua safra anterior. Já outros países, como o Paraguai, podem se beneficiar.
No entanto, vale lembrar que as variáveis climáticas são muitas vezes imprevisíveis. Assim, como o agricultor pode se prevenir para evitar que os impactos do El Niño prejudiquem a sua lavoura?
Práticas que podem ajudar a prevenir e mitigar danos causados pelo El Niño
Diante desse cenário, é fundamental que os produtores implementem estratégias de prevenção e mitigação antes que eventos extremos possam ocorrer. Medidas como o correto preparo do solo, a escolha de variedades adaptadas à região e atenção ao controle de doenças são essenciais.
Nesse sentido, o planejamento adequado dentro e fora da fazenda, com o auxílio de profissionais, é vital para proteger a rentabilidade da atividade agrícola. Isso inclui, por exemplo, o cuidado com a adubação e a escolha dos fertilizantes.
Os fertilizantes são a principal ferramenta para manter os níveis de fertilidade do solo, uma vez que eles repõem os nutrientes que as plantas retiram do solo para crescer e se desenvolver.
Além disso existem nutrientes que são essenciais para as plantas que também desempenham funções que ajudam na forma como elas lidam com estresses abióticos que podem ser causados por mudanças no clima, como por exemplo o estresse hídrico.
É o caso do potássio, que está relacionado à regulação de processos osmóticos que influenciam a abertura e o fechamento dos estômatos.
Isso, por sua vez, é uma parte importante para o bom funcionamento da evapotranspiração das plantas, o que faz com que elas lidem de maneira melhor com estresses hídricos, além de ser importante para a boa realização da fotossíntese.
Outro caso notável é o do silício. A comunidade científica ainda debate se ele deve ser considerado um nutriente essencial. Todavia, ele é reconhecido como um elemento benéfico par as plantas.
Isso porque, entre outras ações do silício, ele contribui para o fortalecimento dos tecidos vegetais, incluindo das folhas além de atuar também no metabolismo vegetal, induzindo assim a resistência das plantas aos estresses hídricos.
Outro ponto em que a questão do uso de fertilizantes adequados e as instabilidades que o El Niño provoca se relacionam é a lixiviação. Esse fenômeno ocorre quando os nutrientes são carregados para as camadas mais profundas do solo, geralmente em função do excesso de chuvas ou irrigação adequada.
Um dos riscos que o El Niño pode trazer é justamente a chuva em demasia. Além disso, vale notar que muitos dos fertilizantes convencionais utilizados na agricultura são mais suscetíveis a esse fenômeno. Assim, o manejo nutricional da lavoura pode sofrer impactos significativos em decorrência da imprevisibilidade climática.
Por isso, além de acompanhar de perto a previsão do tempo e estar ciente das épocas de plantio e aplicação de fertilizantes, por exemplo, é crucial que o agricultor utilize tecnologias de nutrição agrícola que ajudem a contornar esse problema. É o caso, por exemplo, dos fertilizantes que a Verde Agritech produz, a exemplo do K Forte® e o BAKS®.
Uma das características dos fertilizantes da Verde Agritech é que eles multinutrientes. Assim, eles fornecem potássio, silício e outros nutrientes importantes para as plantas, o que faz com que eles sejam uma ferramenta para ajudar na forma como elas lidam com os estresses hídricos.
E além de serem multinutrientes, eles contam com tecnologias exclusivas e inovadoras, que fazem com que eles disponibilizem esses nutrientes de maneira gradual e com um efeito residual duradouro.
Além de reduzir as perdas por lixiviação, essas qualidades dos fertilizantes da Verde Agritech ajudam a otimizar das operações de aplicação e também a mitigar a possibilidade de a lavoura ser afetada por efeitos negativos do El Niño. Dessa maneira, o investimento do agricultor é valorizado.
A disponibilização gradual ajuda a valorizar o investimento do agricultor
Vale ressaltar ainda que os fertilizantes da Verde Agritech são livres de cloro, o que ajuda a preservar a microbiota do solo. Isso é importante porque os microrganismos ajudam a tornar o agroecossistema mais saudável.
Existem, inclusive, microrganismos que ajudam a induzir a resistência das plantas aos estresses abióticos, como os que podem ser causados pelo El Niño. Assim, o manejo se torna mais completo!
Estar atento ao clima e adotar boas práticas, como o uso de fertilizantes adequados e eficientes, pode ser essencial para mitigar os impactos do El Niño
Concluindo, o El Niño é um fenômeno climático que pode ter implicações relevantes na atividade agrícola. Essas implicações estão relacionadas com o desarranjo que ele provoca nas temperaturas e nas chuvas nas regiões produtoras.
No Brasil, a ocorrência desse fenômeno pode ter impactos na safra 2023/24, como por exemplo a redução das chances de uma super safra de soja e milho. Todavia, é importante que o agricultor se mantenha atento às previsões climáticas e tome medidas para prevenir ou mitigar os possíveis danos causados pelo El Niño.
Entre essas ações, destacasse a boa adubação, com fertilizantes adequados, que sofram menos com a lixiviação e que ajudem as plantas a lidarem de maneira melhor com estresses abióticos. Assim, com o manejo adequado, é possível manter a produtividade e a qualidade da lavoura.