Melhore A Adubação De Potássio Para Pastagens Com Essas Cinco Dicas

Melhore a adubação de potássio para pastagens com essas cinco dicas

Atualizado em::

As doses recomendadas de potássio (K2O) para pastagens nos solos de baixa fertilidade podem chegar a mais de 50kg/ha. Contudo, a falta de noção clara do retorno do investimento faz com que a prática de adubação de potássio para pastagens ainda seja conduzida de forma inadequada ou ineficiente. Entenda porque é importante melhorar essa prática e veja cinco dicas para realizá-la de forma eficiente.

Qual é o objetivo da adubação de pastagens?

A adubação de pastagens visa manter e melhorar as condições de fertilidade do solo, já que parte dos nutrientes são perdidos tanto pela exportação do produto animal (leite e carne), quanto pelo próprio processo de lixiviação dos elementos do solo.

De acordo com o zootecnista Adilson P. A. Aguiar, autor do MilkPoint, apesar de 75 a 90% dos nutrientes consumidos pelo rebanho serem excretados, até 85% desse total pode ser perdido ao final de um ano.

As perdas de nutrientes nas pastagens estão relacionadas, principalmente, às condições de solo.

Em condições de baixa capacidade de troca catiônica (CTC), nutrientes com cargas positivas, como o potássio (K+), são facilmente carregados para as camadas mais profundas do solo pela água.

Ou seja, a condução inadequada ou ineficiente da adubação de potássio para pastagens no decorrer dos anos leva a constante degradação da fertilidade do solo.

Consequentemente, existe a redução do volume e qualidade da forragem, que compromete o desempenho dos animais e leva a uma menor capacidade de carga animal na área.Taxa De Lotação E Produção Animal Por Área Em Pastagens De Panicum Maximum Cv Makueni Consorciado Com Leguminosas Sem (A E B) E Com (C E D) Adubação Durante Nove Anos. (Fonte: Vilela, 2007)

Taxa de lotação e produção animal por área em pastagens de Panicum maximum cv Makueni consorciado com leguminosas sem (A e B) e com (C e D) adubação durante nove anos. (Fonte: VILELA, 2007)

Mas, como identificar essa condição? O ideal é que ela seja identificada através das análises de solo e foliares de potássio, uma vez que quando os sintomas visuais se manifestam já houve um comprometimento da produtividade da pastagem.

Segundo a Embrapa, alguns dos principais sintomas de deficiência potássio em pastagens são:

  • Redução da taxa de crescimento vegetativo e radicular das plantas;
  • Colmos mais finos e menos resistentes ao tombamento;
  • Clorose e necrose das folhas mais velhas;
  • Redução do perfilhamento.

 

Para, então, melhorar a adubação potássica para pastagens é preciso contar com algumas boas práticas e ferramentas:

1. Garantir a correção adequada do solo

Não é possível alcançar um bom desempenho da adubação de potássio para formação e manutenção de pastagens se a base de todo o sistema de produção não estiver devidamente corrigida.

Os dois principais insumos usados para correção do solo são o calcário e o gesso agrícola. Enquanto a calagem proporciona a correção da acidez do solo e fornece cálcio e magnésio para as plantas, a gessagem atua principalmente na neutralização do alumínio em profundidade, um elemento tóxico para as plantas que limita o crescimento radicular.

Mesmo que a maior parte das forrageiras tropicais usadas nos sistemas de produção de leite e carne do país tenham uma tolerância média a acidez do solo, não se deve subestimar os benefícios da correção do solo.

Quando o solo é mantido dentro de uma faixa de pH mais neutra, é possível aumentar a disponibilidade de potássio e a atividade de microrganismos do solo, inclusive daqueles capazes de solubilizar e disponibilizar os nutrientes para as plantas de fontes menos solúveis de potássio.

2. Se atentar a qualidade das análises do solo

Melhorar a adubação de potássio para pastagens também exige uma melhor análise e interpretação das análises de solo. Entretanto, as análises laboratoriais brasileiras de rotina, na maioria das vezes, não conseguem quantificar a real disponibilidade de potássio nos solos.

Isso acontece porque os extratores utilizados nessas análises de rotina, como Mehlich e resina, geralmente quantificam apenas o potássio mais prontamente disponível nas amostras de solo.

Porém, o solo contempla uma complexa dinâmica entre diferentes “reservas” de potássio no solo. E para entendê-la o agricultor precisa conhecer os diferentes extratores utilizados nos métodos de análise de solo, para escolher aquele que mais se adeque a situação da lavoura.

3. Conhecer e usar o efeito da sazonalidade da produção de forragem

A sazonalidade é caracterizada pela presença de duas épocas distintas quanto ao nível de produção de forragem das pastagens. Nas regiões Sudeste e Centro-Oeste, por exemplo, a distribuição típica anual fica restrita a dois momentos, os períodos “das águas” e “de seca”.

Conhecer esses períodos é muito importante para definir o melhor momento de aplicação de fertilizantes. No artigo Adubação de pastagens: possibilidades de utilização, o autor ressalta que a adubação realizada no período de inverno, normalmente, não resulta em efeito positivo sobre a produção de forragem durante este período, uma vez que as condições climáticas impõem restrições ao crescimento do pasto.

Por sua vez, ele também destaca que a adubação realizada no término do verão e, ou, início do outono contribui para incrementar a produção de forragem no período de “seca”, minimizando a diferença de produção com o período das “águas”.

4. Considerar as características do sistema produtivo

A adubação potássica das pastagens pode ser conduzida de diferentes formas e exigir diferentes cuidados durante o manejo, dependendo das características do sistema produtivo.

Em sistemas de produção extensivos, por exemplo, a adubação é uma ferramenta muito usada para manter a perenidade e sustentabilidade das áreas.

A ausência da adubação, somada ao manejo incorreto da pastagem, é uma das principais causas de degradação dos solos, que afeta 80 a 100 milhões de hectares no país, segundo o Laboratório de Processamento de Imagens e Geoprocessamento (Lapig).

Já em sistemas de produção intensiva, em que é necessário manter níveis elevados de produção vegetal e animal, o cuidado deve recair na diminuição dos possíveis efeitos negativos do excesso de fertilizantes e dos corretivos no ambiente.

Para evitar a manifestação de sintomas de toxicidade por excesso de nutrientes nas plantas, ou mesmo a contaminação dos corpos d’água pelo processo de lixiviação dos elementos no solo, o agricultor pode buscar por fontes de liberação gradual de potássio.

5. Usar fontes de liberação gradual de potássio

Fontes de liberação gradual de potássio são aquelas que possuem uma taxa de liberação de nutrientes mais lenta que os fertilizantes potássicos convencionais, como o Cloreto de Potássio (KCl).

Elas permitem atingir um maior equilíbrio entre a taxa de liberação de nutrientes dos fertilizantes e a taxa de absorção das plantas, principalmente para culturas que possuem um longo ciclo produtivo, como as pastagens. Assim, as fontes de liberação gradual de potássio oferecem diversos benefícios ao sistema de produção, por:

  • Ser menos suscetíveis a sofrer perdas por lixiviação;
  • Poder reduzir custos com aplicação;
  • Manter os níveis de potássio no solo estáveis por mais tempo;
  • Poder otimizar a adubação nitrogenada;
  • Reduzir a retenção indesejada de potássio no solo.

É preciso ir além das fontes convencionais para melhorar o desempenho da adubação de potássio em pastagens

Somente o uso de fontes convencionais de potássio não é suficiente para melhorar o desempenho da adubação em pastagens, pois o potássio é nutriente muito dinâmico no ecossistema do solo.

A existência de diferentes “reservatórios” de potássio no solo dá aos agricultores uma pista de que é preciso buscar por outras fontes de potássio para alcançar o máximo desempenho das pastagens. Isso porque no solo é possível encontrar:

  • O potássio disponível na solução do solo;
  • O potássio adsorvido na superfície das partículas do solo, denominado K-Trocável;
  • O potássio integrante da rede cristalina dos minerais do solo, denominado K-Não Trocável;
  • O potássio fortemente retido entre as unidades cristalográficas dos minerais, denominado K-Fixado.

Considerar esses reservatórios é importante para entender a dinâmica potássio-solo-planta-produtividade e ampliar a visão sobre a adubação potássica.

Assim, a diversificação dos fertilizantes potássicos nos programas de adubação para pastagem se tornará uma importante ferramenta para melhorar o manejo e o desempenho dessa cultura agrícola.

Compartilhe esta publicação