Lixiviação De Nutrientes Por Que O Potássio Possui O Maior Risco De Perdas

Lixiviação de nutrientes: por que o potássio possui o maior risco de perdas?

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Você sabia que as perdas de nutrientes por lixiviação podem representar mais da metade do total aplicado nas lavouras? Esses dados, apresentados por Márcio Valderrama e Salatiér Buzetti no livro Fertilizantes de eficiência aprimorada, revelam a importância de se conhecer mais a respeito da lixiviação. Descubra o que é a lixiviação de nutrientes, porque o potássio possui o maior risco de perdas e como evitar que esse processo prejudique a lavoura!

O que é a lixiviação?

A lixiviação é um processo indesejado de “lavagem” do solo, em que os nutrientes e outros elementos químicos são transportados para profundidades além daquelas ocupadas pelas raízes das plantas, podendo trazer prejuízos econômicos e ambientais para o agricultor.

O processo de lixiviação ocorre quando os nutrientes presentes na solução do solo são movimentados verticalmente no perfil do solo, principalmente, pelo escoamento das águas superficiais.

No caso dos nutrientes catiônicos como o potássio (K+), ainda é necessário que eles estejam na companhia de ânions solúveis, como cloro (Cl) e nitrato (NO3-), para serem lixiviados. Todavia, outros fatores também podem interferir nesse processo, como:

  • Tipo e textura do solo;
  • Capacidade de troca catiônica (CTC);
  • Regime hídrico;
  • Solubilidade do fertilizante.

A ocorrência da lixiviação é um problema ao qual os agricultores precisam dedicar atenção na hora de pensar o manejo agrícola, uma vez que a movimentação dos nutrientes para as camadas mais profundas do solo pode fazer com que eles fiquem longe do alcance das raízes das plantas.

Assim, pode haver sintomas de deficiência na lavoura. Além disso, as aplicações de fertilizantes acabam ficando menos eficientes, já que a quantidade de nutrientes aplicada pelo agricultor no solo não será integralmente aproveitada.

Então, pensando no manejo agrícola do potássio, como a lixiviação de nutrientes afeta a adubação potássica?

Adubação potássica e lixiviação de nutrientes: por que o potássio possui o maior risco de perdas?

Determinados nutrientes têm uma facilidade maior para serem lixiviados no solo. Isso porque, devido às suas propriedades químicas, eles têm uma mobilidade vertical maior no solo.

Além disso, a interferência humana nos processos agrícolas, com a adição de fertilizantes para aumentar o nível de nutrientes no solo também pode aumentar e acelerar o processo de lixiviação.

É o que observaram Paulo Roberto Ernani e outros pesquisadores, no estudo Mobilidade vertical de cátions influenciada pelo método de aplicação de cloreto de potássio em solos com carga variável.

Essa constatação é similar a do pesquisador Bernardo Van Raij, que, em seu livro Fertilidade do solo e manejo dos nutrientes, explica que sais de potássio de alta solubilidade, como o Cloreto de Potássio (KCl), conferem à solução do solo altos teores de potássio e, com isto, este elemento fica propício a ser lixiviado.

Além desse aumento de potássio, que, pela mobilidade do cátion K+ faz com que haja um incremento na quantidade de nutrientes carregados pela lixiviação, a textura do solo pode influenciar também nesse processo.

Rodrigo Werle e outros estudiosos avaliaram as taxas de lixiviação em função de solos de diferentes texturas, no artigo Lixiviação de potássio em função da textura e da disponibilidade do nutriente no solo.

Eles constataram que, para solos de textura média, ou seja, mais arenosa que os argilosos, a intensidade da lixiviação foi mais intensa, mesmo com quantidades menores de K2O aplicado.

Já nos solos mais argilosos, a lixiviação tende a ser menor, o que significa que eles têm maior capacidade de reter o potássio.  De acordo com Rodrigo Werle e seus colegas, isso pode ser explicado pela maior CTC (capacidade de troca catiônica) dos solos mais argilosos.Intensidade Da Lixiviação De Potássio Em Diferentes Tipos De Solo (Fonte: Werle Et Al., 2008)

Intensidade da lixiviação de potássio em diferentes tipos de solo. (Fonte: Werle et al., 2008)

Outros fatores, como a acidez do solo, também devem ser observados na hora de pensar o manejo do potássio. Isso porque, em solos mais ácidos, o potássio é um dos cátions com maior taxa de lixiviação.

É o que explica Bernardo Van Raij, no seu artigo Propriedades eletroquímicas de solos. Ele nota que, nesse tipo de solo, a lixiviação de cátions segue a ordem: K+ > Mg2+ > Ca2+ > Al3+.

A acidez do solo é uma propriedade que pode ser corrigida com técnicas de correção do solo. Mas, e nos casos em que o agricultor precisa trabalhar em um solo de textura mais arenosa, como evitar que o potássio aplicado durante o manejo seja perdido por lixiviação?

Como diminuir as perdas de potássio por lixiviação?

A CTC do solo é um parâmetro que tem influência direta na taxa de lixiviação de nutrientes. Assim, garantir que o solo tenha uma boa CTC é uma primeira medida para diminuir as perdas de potássio por lixiviação.Esquema Mostra A Atração De Cargas Que Acontece No Solo.

Esquema mostra a atração de cargas que acontece no solo.

Para isso, o uso de técnicas que promovam o incremento do teor de matéria orgânica do solo é muito importante. É o caso, por exemplo, da compostagem, que incorpora o uso de materiais de origem orgânica no manejo e, entre seus benefícios, promove o aumento da CTC.

Outra maneira de reduzir as perdas de nutrientes causadas pela lixiviação é através da escolha adequada de fertilizantes.

No caso do potássio, uma das principais fontes desse nutriente utilizada na agricultura é o Cloreto de Potássio (KCl). Entretanto, devido à sua alta solubilidade em água e à disponibilização muito rápida dos nutrientes para o solo, o KCl também está mais sujeito à lixiviação.

É o que notam Álvaro Vilela de Resende e outros pesquisadores, no artigo O suprimento de potássio e pesquisa de uso de rochas “in natura” na agricultura brasileira. Nesse estudo, Álvaro e seus colegas explicam que o Cloreto de Potássio tem uma solubilidade de 58% em água.

Diante disso, para evitar que o potássio do KCl se perca para as camadas mais profundas do solo em decorrência da lixiviação, os agricultores precisam recorrer a métodos como o parcelamento das aplicações.

Entretanto, isso pode encarecer os custos de produção e tornar o manejo menos otimizado, já que é preciso mais entradas na lavoura. Além disso, o agricultor também precisa ficar mais atento ao clima, já que a ocorrência de chuvas fortes pode acelerar a lixiviação.

Uma alternativa para lidar com isso é utilizar fontes de potássio menos solúveis, com liberação gradual dos nutrientes.

Essas fontes de potássio promovem a liberação dos nutrientes ao longo de um tempo maior, evitando que haja um excesso de potássio no solo, o que aumenta a suscetibilidade à lixiviação. Além disso, como elas são menos solúveis, isso faz com que a movimentação do potássio no perfil do solo em função do excesso de água seja menor.

Outra vantagem das fontes de liberação gradual de potássio é que elas fazem com que os nutrientes estejam disponíveis para as plantas quando as elas precisam.

 

Usar fontes de liberação gradual e menos solúveis ajuda o agricultor a lidar com a lixiviação.

Entender o que é a lixiviação e otimizar o manejo ajuda a diminuir as perdas de nutrientes

Assim, entender o que é o fenômeno da lixiviação e como ele afeta os diferentes elementos, como o potássio, é importante para que o agricultor saiba como lidar com ele e diminuir as perdas de nutrientes.

Características do solo, como a textura e os níveis de CTC e acidez influenciam diretamente nas taxas de lixiviação do potássio, bem como os fertilizantes escolhidos para utilização no manejo agrícola.

Dessa maneira, conhecer o solo e utilizar técnicas de correção adequadas são passos importantes para minimizar a lixiviação de nutrientes.

Além disso, o uso de fontes de potássio de liberação gradual, como o K Forte® , auxilia a evitar que a lixiviação ocasione grandes perdas de nutrientes e, em consequência, sintomas de deficiência nas plantas e queda de produtividade na lavoura.

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