Silício No Milho: Qual A Importância E A Melhor Maneira De Adubar? - Silicio No Milho Qual A Importancia E A Melhor Maneira De Adubar

Silício no milho: qual a importância e a melhor maneira de adubar?

Atualizado em::

A cadeia produtiva de milho no Brasil tem passado por uma grande revolução tecnológica nos últimos anos, com a adoção de sistemas de plantio mais adensados e plantas cada vez mais produtivas. Para manter a sustentabilidade desse novo sistema produtivo, o uso de recursos como a adubação com silício no milho tem se tornado indispensável. Entenda mais sobre qual a importância do silício na cultura do milho e a melhor maneira de adubar!

O papel do silício em plantas de milho

A grande importância econômica que a cultura do milho tem para o agronegócio brasileiro, principalmente para produção de ração animal, tem levado a diversas pesquisas com o objetivo de tornar as lavouras cada vez mais saudáveis e produtivas.

Em meio às novas descobertas, o silício tem despontado como um importante recurso no meio agrícola. Quando esse elemento é aplicado no campo, na forma de ácido monossilícico (H4SiO4), ele é capaz de proporcionar diversos benefícios para as plantas.

 

O uso do silício na agricultura proporciona diversos benefícios, incluindo para o processo mais importante para a vida das plantas: a fotossíntese.

A adubação com silício no milho tem resultado na melhoria dos seguintes parâmetros:

  • Crescimento e desenvolvimento das plantas;
  • Aumento da resistência das plantas a estresses abióticos, como a seca;
  • Ativação dos mecanismos naturais de defesa das plantas contra pragas e doenças.

Nos estágios iniciais da cultura do milho, alguns estudos relatam a capacidade do silício em aumentar a produtividade da cultura de segunda safra pela aplicação desse elemento na cobertura das sementes.

No artigo Recobrimento de Sementes com Silício Aumenta a Produtividade de Milho de Segunda Safra, Lennis Afraire Rodrigues e outros pesquisadores observaram uma diferença na produtividade de mais de 40% (2469,7 kg/ha) com a utilização da dose cheia de uma fonte de silício avaliada no experimento, em comparação com as sementes que não receberam o tratamento.

Os autores do estudo apontaram que esse resultado pode ser explicado pelo papel que o silício tem na indução da resistência das plantas aos estresses e às doenças, com a síntese de compostos de defesa e ativação do metabolismo secundário da cultura.

Efeito Da Aplicação De Silício, Em Cobertura De Sementes De Milho De Segunda Safra, Na Produtividade. (Fonte: Adaptado De Rodrigues Et Al., 2019)
Efeito Da Aplicação De Silício, Em Cobertura De Sementes De Milho De Segunda Safra, Na Produtividade. (Fonte: Adaptado De Rodrigues Et Al., 2019)

Efeito da aplicação de silício, em cobertura de sementes de milho de segunda safra, na produtividade. (Fonte: Adaptado de RODRIGUES et al., 2019)

Conforme as plantas de milho vão crescendo e se desenvolvendo, o silício passa a se acumular e ser depositado abaixo da cutícula dos tecidos vegetais, formando uma dupla camada de sílica.

Esse processo de acumulação, muito presente na cultura do milho, funciona como uma espécie de “barreira física” que danifica o aparelho bucal das lagartas e diminui ou atrasa a velocidade dos danos, deixando as pragas mais expostas a atuação de inimigos naturais e outros agentes de controle.

No artigo Efeito da aplicação de silício em plantas de milho no desenvolvimento biológico da lagarta-do-cartucho Spodoptera frugiperda (J.E.Smith) (Lepidoptera: noctuidae), Marcio M. Goussain e outros pesquisadores observaram um desgaste acentuado na região incisora das mandíbulas nos seis instares da lagarta-do-cartucho quando em contato com folhas de milho com maior teor de silício.

Tal desgaste foi responsável por comprometer a capacidade de alimentação das pragas, resultando numa mortalidade duas vezes maior e um índice de canibalismo oito vezes maior entre as lagartas que se encontravam nas plantas de milho tratados com silício em relação às não tratadas.

A contribuição da deposição de sílica vai além do manejo integrado de pragas. Ela permite que as plantas consigam manter as suas folhas mais eretas, favorecendo:

  • O aproveitamento da radiação solar e conversão de fotoassimilados, que serão transportados para os grãos;
  • A redução do autossombreamento, favorecendo a diminuição da perda excessiva de água por transpiração;
  • O aumento da resistência da planta ao ataque de fungos patogênicos.
  • O desempenho da planta em condições de estresse hídrico.

Mas, o efeito da aplicação de silício no milho fica limitado à criação dessa “barreira”? Não, esse elemento também desempenha um papel essencial na eficiência dos processos metabólicos, fisiológicos e bioquímicos da cultura do milho.

O silício favorece o metabolismo e a fisiologia do milho

Metabolicamente e fisiologicamente, as plantas de milho também são favorecidas pela adubação silicatada adequada. Isso porque o silício consegue realizar o ajuste osmótico das células e manter o potencial hídrico foliar, além de auxiliar nas trocas gasosas do processo de respiração das plantas.

O Prof. Fabrício de Ávila Rodrigues e pesquisadores do Departamento de Fitopatologia da Universidade Federal de Viçosa, também verificaram uma correlação direta entre o silício com maiores teores de pigmentos importantes para a fotossíntese, como clorofilas e carotenoides.

Também já existem estudos que comprovam sua relação com a atividade enzimática, o metabolismo secundário das plantas e elevação da concentração de compostos de defesa contra pragas e doenças.

Os pesquisadores Jian Feng Ma e Naoki Yamaji explicam, por exemplo, que o incremento na altura de plantas de milho adubadas com silício pode estar ligado à ativação de enzimas importantes para o metabolismo celular, o que leva ao maior acúmulo de matéria seca.

Essa mesma conclusão também foi encontrada por outros pesquisadores, como César Aguirre, Tztzqui ChÁvez, Pedro García e Juan Carlos Raya no artigo El silicio en los organismos vivos.

O silício também contribui para produção suplementar de toxinas que podem agir como substâncias inibidoras de patógenos, como os fungos fitopatogênicos. É o que explica o pesquisador da Embrapa, Oscar Fontão de Lima Filho.

Como aplicar silício no milho?

Visando alcançar todos os benefícios do silício no milho, Letícia de Abreu Faria e Mariana Pereira Lima, da Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA), recomendam a sua aplicação desde o início de desenvolvimento da cultura.

O acúmulo antecipado do silício na planta, além de favorecer a eficiência e efetividade da adubação silicatada, também permite um maior tempo para a atuação desse elemento no solo. Isso favorece a capacidade do silício em melhorar a disponibilidade de nutrientes importantes para a lavoura, como o fósforo.

Assim, a aplicação de fontes de silício adequadas é capaz de favorecer a produtividade e a sanidade das lavouras de milho.

Compartilhe esta publicação