Como a produtividade do café é influenciada pelas doses de silício? - Como a produtividade do cafe e influenciada pelas doses de silicio

Como a produtividade do café é influenciada pelas doses de silício?

Os estudos acerca da aplicação de doses de silício na agricultura têm demonstrado incrementos significativos no crescimento e na produtividade de diversas culturas agrícolas. Resultados estes que são mais expressivos especialmente em condições de estresses bióticos, como pragas e doenças, ou abióticos, como o déficit hídrico. Mas, e no caso do café? Entenda como a produtividade do café é influenciada pelas doses de silício!

Como o uso do silício influencia a produtividade do café?

A adoção do uso do silício no café tem ganhado cada vez mais importância dentro dos programas de adubação dos cafezais, principalmente por se tratar de uma cultura perene que necessita de recursos que ofereçam benefícios não só a curto prazo, mas também a longo prazo.

O silício é conhecido por ser um elemento indutor de resistência das plantas a pragas e doenças, principalmente quando a lavoura é submetida a condições de estresses.

Quando absorvido pelas plantas, o silício cria mecanismos físicos e metabólicos que impedem ou desaceleram a colonização dos tecidos vegetais infectados por fitopatógenos e eleva a concentração de compostos de defesa. Aspectos esses que podem favorecer a obtenção de maiores produtividades.

Mesmo o café não sendo considerado uma planta acumuladora de silício, como são as gramíneas, estudos já constataram a presença e acumulação desse elemento nos tecidos vegetais.

É o que demostram André Luís Teixeira Fernandes e outros pesquisadores, no artigo Utilização do silício no controle de pragas e doenças do cafeeiro irrigado.

Os resultados desse trabalho evidenciaram que as aplicações de silício via solo apresentaram a melhor performance aos 90 dias após aplicação para controle da ferrugem do cafeeiro. E foi em um desses tratamentos que se verificou a maior produtividade do café, com 86 sacas /ha contra as 39 sacas/ha da testemunha.

Esse mesmo acúmulo de silício na superfície foliar, somado à formação de uma camada de cera e cutícula mais espessas, também foi constatado por Adélia A. A. Pozza e outros pesquisadores, no artigo Efeito do Silício no Controle da Cercosporiose em Três Variedades de Cafeeiro.

A expressão dessas características no café, somada a outros benefícios do silício, levou à redução de mais de 60% das folhas lesionados por cercosporiose nas plantas da variedade catuaí que receberam a adubação silicatada, em relação à testemunha.Presença de silício (cor escura) entre a cutícula e a epiderme adaxial (parte inferior) das folhas de cafeeiro. (Fonte: FERNANDES et al., 2010)

Presença de silício (cor escura) entre a cutícula e a epiderme adaxial (parte inferior) das folhas de cafeeiro. (Fonte: FERNANDES et al., 2010)

Já o aspecto relacionado à função do silício em estimular o metabolismo das plantas e favorecer a produtividade da cultura está no manejo de uma das principais pragas cafeeiras no Brasil: os nematoides.

Espécies do gênero Meloidogyne, por exemplo, já afetam mais de 50% das áreas de produção em Minas Gerais. Uma das formas de reduzir a capacidade reprodutiva do nematoide das raízes é com o tratamento de pés de café com silício, especialmente para cultivares suscetíveis à infecção.

Isso porque o silício estimula o café a:

  • Produzir metabólitos secundários, como lignina;
  • Aumentar atividade das enzimas, como peroxidase de fenóis (POX), polifenoloxidase (PPO) e fenilalanina amonialiase (PAL).

Como verificado pelo Dr. Fabrício Rodrigues e seus colegas em cultivares de café Coffea arabica, no artigo Biochemical responses of coffee resistance against Meloidogyne exigua mediated by silicon.

Além da produtividade ser favorecida pelo melhor controle de doenças proporcionado pelo silício, ele atua em outro aspecto muito importante para os sistemas produtivos de café: a mitigação dos estresses.

A atuação do silício na mitigação dos estresses nas plantas de café

As condições de estresses são um fator muito importante a ser considerado quando pensamos em obter o máximo rendimento produtivo do cafeeiro.

Na 3ª edição do Fórum Café e Clima da Cooxupé em 2022, as condições climáticas foram o tema central da discussão. Durante o fórum foi destacado por exemplo que a deficiência hídrica é responsável por 56% da queda de produtividade do café.

O café (Coffea arabica L.) exige cerca de 800 a 1200 mm por ciclo de produção, principalmente na fase reprodutiva da cultura.

 

A prática da irrigação é importante recurso para combater a seca, mas nem sempre se adequa à realidade do sistema produtivo. 

Mas, como atender a essa demanda se a instabilidade climática vivenciada nos últimos anos vem intensificando os períodos longos de seca e estiagem?

A resposta pode estar com o uso do silício no café. Plantas de café, quando submetidas a estresse hídrico, restringem as trocas gasosas com o ambiente para reduzir as perdas de água, levando também a redução de um processo indispensável para a produtividade: a fotossíntese.

Entretanto, quando as plantas são manejadas com a adubação silicatada, elas apresentam uma menor restrição das trocas gasosas e consequentemente uma maior fotossíntese mesmo em condições ambientais limitantes.

Assim, quanto maior a disponibilidade de silício nas plantas, menor o efeito do estresse hídrico na fotossíntese e produtividade do café. Conclusão citada por Rafael Vasconcelos Ribeiro e outros pesquisadores, no artigo A adubação silicatada ameniza os efeitos do déficit hídrico nas trocas gasosas de cafeeiros jovens.

Mesmo a longo prazo, pesquisas como as de Thatiane Abrahão Pereira mostram que a aplicação de fontes de silício é benéfica às plantas de café para qualquer regime hídrico, principalmente na seca.

Como é relatado no artigo Efeito da adubação silicatada em substituição à calagem sobre características fisiológicas de mudas de cafeeiro cultivadas em diferentes regimes hídricos.

A aplicação adequada de silício pode ajudar a melhorar a produtividade do café

Para melhorar a produtividade do café utilizando o silício como um recurso para indução da resistência das plantas e mitigação de condições de estresses, um dos principais aspectos a serem levados em conta pelos cafeicultores é o tempo de aplicação do silício do solo e o ajuste das doses.

Diferentemente das gramíneas, o café apresenta uma translocação mais lenta do silício para a parte aérea das plantas e consequentemente, precisa de um tempo maior para expressar todos os benefícios do silício.

Outro ponto importante, é o ajuste adequado das doses para adequar ao longo ciclo produtivo do café. Sendo mais recomendado nesse caso, o uso de fertilizantes silicatados com um longo efeito residual!

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