O fósforo e cálcio são dois nutrientes requeridos pelas plantas e presentes no fertilizante superfosfato triplo. Também conhecido como super triplo ou pela sigla STP, o insumo vem sendo amplamente utilizado para suprir essas demandas nutricionais a fim de garantir o pleno desenvolvimento das culturas. Entenda o que é o STP e a sua viabilidade como fonte de fósforo e cálcio.
O que é o superfosfato triplo (STP)
O superfosfato triplo (STP), também conhecido como super triplo, é um fertilizante mineral fosfatado obtido por meio da solubilização das rochas fosfáticas, como fosforitas e apatitas, com ácido fosfórico. O insumo resultante é um composto geralmente granulado com 41% de fósforo e 11% de cálcio em média.
Esquema da produção de alguns fertilizantes fosfatados comercializados no Brasil. (Fonte: Adaptado de TEIXEIRA, 2010)
A granulação do super triplo permite uma maior área de contato do solo com o insumo, facilitando o processo de solubilização fósforo e do cálcio que são pouco móveis no solo e apresentam uma dificuldade para serem disponibilizados para planta.
A baixa mobilidade do fósforo no solo é em decorrência da grande afinidade com os óxidos de ferro e de alumínio, muito abundantes em solos tropicais. Mas, uma vez dentro da planta, o fósforo apresenta uma alta mobilidade, sendo responsável por regular a síntese proteica e atuando diretamente no desenvolvimento radicular e aceleração da maturidade.
Os principais sintomas visuais manifestados com a deficiência desse nutriente, são identificados nas folhas mais velhas pelas próprias características da mobilidade do nutriente, que apresentam amarelamento e necroses internervais.
Já o cálcio é um macronutriente secundário responsável por compor a parede celular das plantas. Além disso, no solo desempenha um papel essencial para reduzir a acidez, diminuir a toxidez do alumínio, aumenta a atividade microbiana e melhorar a disponibilidade de outros nutrientes.
Ao contrário do fósforo, o cálcio apresenta uma mobilidade quase inexistente no interior da planta. Dessa forma, os sintomas de deficiência são manifestados nos órgãos mais novos com a morte da gema apical, clorose e necrose internervais nas folhas mais novas.
Os dois nutrientes também estão presentes em outro fertilizante fosfatado similar ao STP, o superfosfato simples. Ele se difere do superfosfato triplo pelo menor teor de fósforo e a presença do enxofre na forma de sulfato de cálcio.
As limitações do STP
Na agricultura, as maiores limitações para o uso do STP são a sua reatividade, acidez livre e rápida liberação dos nutrientes.
Guia de compatibilidade para a mistura de fertilizantes (Fonte: EFMA, 2006)
A reatividade do superfosfato triplo está relacionada à presença de água livre, que reage com outros compostos e ocasiona o empedramento. Esse resultado ocorre devido à formação de fortes pontes cristalinas e forças adesivas entre os grânulos do insumo.
Para reduzir ou anular a taxa de absorção de água pelos grânulos, o STP pode ser revestido com dolomita calcinada. Entretanto, até mesmo o revestimento é incompatível com alguns tipos de insumo, como o nitrato de amônio.
A outra limitação é relacionada à acidez livre presente no super triplo, que é criada durante o processo produtivo do insumo. Essa acidez influencia diretamente na qualidade física deste insumo, alterando a interação com outros fertilizantes, a eficiência agronômica e também se relaciona com o empedramento das misturas de grânulos.
Além disso, a acidez livre não pode ser extraída somente em água, devido à solubilização de fosfato monocálcico presente no fertilizante. A correção desse fator só pode ser feita com o uso de solventes orgânicos que deslocam fisicamente o ácido fosfórico, sem que ocorra dissolução de componentes da fase sólida.
O STP então tende a acidificar o meio, porém em níveis menores quando comparado ao superfosfato simples. Segundo Gean Marcos Merten e seus colegas pesquisadores, no estudo Potencial acidificante de diferentes fertilizantes fosfatados aplicados em dois solos do Paraná, isso se torna possível pela ausência de nitrogênio e enxofre na composição.
Por fim, o fato de o super triplo ser facilmente solubilizado em água faz com que os seus nutrientes sejam disponibilizados de forma muito rápida. Como o fósforo apresenta uma grande afinidade com os óxidos de ferro e de alumínio presentes no solo, grande parte desses nutrientes disponibilizados acabam ficando retidos, reduzindo a eficiência agronômica do insumo.
Para otimizar essa disponibilidade do nutriente, é necessário recorrer a algumas alternativas de manejo apresentadas pelo doutor em Ciência do Solo Renan Costa Beber Vieira:
Consideradas as limitações e alternativas do superfosfato triplo, ele é um fertilizante fosfatado viável?
A viabilidade do superfosfato triplo
O superfosfato triplo apresenta algumas limitações características do insumo, como a reatividade com outros insumos, potencial para acidificação do solo e indisponibilização de nutrientes. Porém, isso é compensado com os benefícios:
- Alto teor de fósforo e quantidades significativas de cálcio;
- Rápida disponibilização para as plantas, suprindo demandas momentâneas de forma eficiente;
- Alternativas de manejo para uma maior disponibilização do fósforo;
- Alternativas de produtos para aumentar a compatibilidade do STP com outros insumos.
Além disso, outros fertilizantes que vão suprir as demais demandas nutricionais podem complementar ou ampliar esses benefícios. Um exemplo para complementação potássica, seria a ação conjunta do superfosfato triplo, que apresenta o fosfato monocálcico, com o Siltito Glauconítico, em que ambos proporcionam a criação de ambiente que potencializa a ação dos microrganismos.
O agricultor passa então a ser protagonista, junto a um profissional especializado, na escolha de fertilizantes com benefícios complementares ou sinérgicos para a sua lavoura, buscando extrair o máximo do potencial da sua lavoura.