Você já observou estrias cloróticas e esbranquiçadas nas folhas mais novas do milho, associadas à redução do crescimento das plantas? Saiba que esses podem ser alguns indícios de que há deficiência de manganês na cultura. Aprenda, a seguir, como identificar os sintomas da deficiência de manganês no milho e como evitá-los através do bom manejo desse micronutriente no solo!
Os sintomas de deficiência de manganês no milho
Segundo a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), depois do ferro e do zinco, o manganês é o micronutriente mais extraído pelas plantas de milho.
Além disso, a cultura do milho é considerada uma cultura medianamente sensível à deficiência desse nutriente. Quando plantas de milho não recebem uma adubação adequada com manganês, elas tendem a apresentar alguns sintomas, como colmos mais finos.
Também há um menor crescimento e danos nos tecidos mais jovens, principalmente com o aparecimento de regiões cloróticas, que podem evoluir para faixas longas e brancas e regiões necróticas.
Esse padrão sintomático está relacionado à baixa mobilidade do manganês no interior das plantas e às diversas funções que esse micronutriente desempenha.
Sintomas de deficiência de manganês no milho Híbrido BRS 1010, aos 17 (A), 33 (B) e 34 (C) dias após a emergência (DAE) (Fonte: Ferreira, 2012)
Os colmos mais finos e o atraso do crescimento de plantas de milho sob condições de deficiência de manganês normalmente são um reflexo do comprometimento de algumas funções que esse micronutriente desempenha nas plantas.
Uma dessas funções é a síntese de diversos compostos vegetais, como proteínas, carboidratos, lipídeos, lignina e aminoácidos.
Já o aparecimento de regiões cloróticas e estrias esbranquiçadas é associado, em parte, as funções que o manganês desempenha na fotossíntese.
Isso acontece porque o manganês é um componente estrutural de um complexo responsável por realizar a fotólise da água. Além disso, ele está envolvido com a ativação de diversas enzimas da fase escura da fotossíntese e do sistema antioxidante das plantas.
Assim, todos esses processos são prejudicados na ausência de teores adequados de manganês no solo.
Trabalhos científicos também destacam o papel do manganês na ativação enzimática dentro da fisiologia e do metabolismo vegetal.
É o caso do artigo Manganese Deficiency in Plants: The Impact on Photosystem II, em que Sidsel Birkelund Schmidt e outros pesquisadores ressaltam que o manganês é responsável por ativar ou modular a atividade de mais de 35 enzimas envolvidas com:
- A eliminação dos radicais livres prejudiciais as plantas, mitigando os efeitos do estresse oxidativo;
- O metabolismo secundário das plantas;
- As reações de oxidação e carboxilação;
- O metabolismo de carboidratos;
- As reações com fósforo;
- O ciclo do ácido cítrico;
- A glicólise.
Dessa forma, o manejo adequado de manganês no solo é necessário para se evitar os efeitos negativos que a deficiência de manganêsno milho tem sobre essa cultura.
O manejo como forma de evitar a deficiência de manganês no milho
Atualmente, alguns fatores tem impulsionado a ocorrência dos sintomas de deficiência de manganês nas lavouras de milho.
Isso acontece de forma particular naquelas lavouras que estão inseridas em sistemas de rotação com a cultura da soja em que não é feita a inclusão desse micronutriente nos programas de adubação e com o uso intensivo e a aplicação incorreta de corretivos, como o calcário.
É o que explica o pesquisador da Embrapa, Antônio Marcos Coelho, na circular técnica nº 78 da Embrapa: Nutrição e Adubação do Milho.
Por essa razão, é muito importante que o agricultor inclua boas fontes de manganês no seu programa de adubação para melhorar a disponibilidade desse nutriente para as plantas.
De forma geral, os fertilizantes que podem apresentar uma melhor eficiência no campo e ao mesmo tempo uma melhor disponibilidade de manganês no solo são as fontes de liberação progressiva e com longo efeito residual de nutrientes.
Isso porque elas são capazes de prolongar todos os benefícios que o fertilizante pode proporcionar a longo prazo, ao ajustar a liberação dos nutrientes às necessidades das plantas ao longo do seu ciclo e ainda reduzir as perdas no sistema solo-planta-atmosfera.
Quanto à demanda de manganês pelas plantas de milho, no estudo Influência da Nutrição Foliar com Manganês em Caracteres Agronômicos de Híbridos de Milho, Karen R. de T. Alvim e outros pesquisadores ressaltam que, para uma produtividade de 12 t/ha, existe uma exigência de 454 g/ha de manganês.
Entretanto, essa quantidade pode variar, principalmente em função das exigências nutricionais da cultivar escolhida e das condições no solo.
Solos alcalinos, com baixa atividade microbiológica e com elevados teores de cobre e zinco, quando associados a períodos de seca prolongados, tendem a reduzir a disponibilidade de manganês no solo.
Por isso, seguir as recomendações técnicas na hora de realizar a correção do solo e buscar evitar práticas que degradem a sua qualidade física e biológica é indispensável para garantir a boa disponibilidade desse micronutriente para as plantas.
Nesse sentido, é importante evitar, por exemplo, o uso de insumos com alto teor de cloro, como o Cloreto de Potássio (KCl), já que eles podem contribuir para a compactação do solo e têm um efeito biocida sobre a microbiota do solo.
O uso excessivo de Cloreto de Potássio (KCl) pode causar a compactação do solo, um processo que afeta negativamente na produtividade das lavouras.
Assim, o uso associado da adubação com manganês com práticas que favoreçam a disponibilidade desse nutriente no solo são importantes ferramentas que o agricultor tem em mãos para evitar os efeitos negativos que a deficiência de manganês tem na cultura do milho.
A adubação com manganês no milho é uma prática essencial para se evitar os sintomas de deficiência de manganês na cultura
Em resumo, a deficiência de manganês no milho pode gerar muitos efeitos indesejados na lavoura, atrasando e reduzindo o crescimento das plantas de milho e ainda pode comprometer a sua produtividade.
Sendo assim, a inclusão de fontes de manganês adequadas nos programas de adubação da lavoura e outras práticas que favoreçam a disponibilidade desse nutriente no solo são indispensáveis para se evitar os efeitos negativos que os sintomas de deficiência de manganês têm na cultura do milho!