A adubação potássica é essencial para a boa produtividade e qualidade das lavouras e, para isso, o uso de fertilizantes é uma ferramenta importante. O sulfato de potássio e o nitrato de potássio são dois exemplos de fertilizantes potássicos disponíveis do mercado. Mas, qual é a diferença entre esses dois fertilizantes? Descubra quais são as características deles e se eles são vantajosos para o manejo da lavoura!
A importância do potássio para a nutrição de plantas
O potássio é um macronutriente primário, o que significa que ele é essencial para o desenvolvimento das plantas e é requerido em grandes quantidades.
De maneira geral, ele é o segundo nutriente mais requerido pelas plantas, ficando atrás apenas do nitrogênio. Entre as funções do potássio no ciclo de crescimento e desenvolvimento das plantas, estão:
- A ativação de enzimas;
- A síntese proteica;
- O crescimento celular;
- A amenização dos estresses abióticos, como secas e geadas e também bióticos, que incluem pragas e doenças.
O potássio desempenha diversas funções nas plantas.
Dada essa importância do potássio, é essencial que as lavouras estejam bem nutridas com esse nutriente para alcançarem altos níveis de produtividade e qualidade.
No caso dos solos brasileiros, a boa nutrição potássica dos solos se torna ainda mais importante, boa parte deles apresenta baixa disponibilidade desse nutriente.
É o que afirma a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), no estudo Aspectos relacionados ao mapeamento da disponibilidade de potássio nos solos do Brasil.
Para isso, os fertilizantes são uma ferramenta valiosa. E, entre eles, estão o sulfato de potássio e o nitrato de potássio.
Mas, qual a diferença entre esses fertilizantes potássicos? Eles são vantajosos para o agricultor?
As diferenças entre o sulfato de potássio e nitrato de potássio
Apesar de ambos poderem ser utilizados como fonte potássica na agricultura, o sulfato de potássio e o nitrato de potássio possuem características diferentes, com suas próprias vantagens e desvantagens. Vejamos quais são elas:
1. O sulfato de potássio e suas características
O sulfato de potássio é um composto químico que pode ser representado pela fórmula K2SO4. A sua obtenção pode se dar de duas principais formas: Uma delas é através da combinação do Cloreto de Potássio (KCl) com o ácido sulfúrico (H2SO4). A outra é através da reação do KCl com a quieserita (MgSO4.H2O).
Uma das principais vantagens do sulfato de potássio para a agricultura é que ele é capaz de fornecer dois importantes nutrientes para as plantas: o potássio e o enxofre.
Isso acontece porque ele tem uma concentração de cerca de 50% de potássio, sob a forma de K2O, e 17% de enxofre, sob a forma de SO42-.
Além da importância do potássio, o enxofre também exerce um papel relevante no ciclo de vida das plantas, sendo considerado bastante requerido por elas e considerado como um macronutriente secundário.
Entre as principais funções do enxofre nas plantas, estão a composição de substâncias envolvidas nos processos de respiração, de crescimento, síntese de vitaminas e proteínas, mecanismos de resposta a estresses oxidativos e resistência ao frio.
Entretanto, apesar de ser fonte de dois nutrientes relevantes, o sulfato de potássio também possui uma grande desvantagem: a sua alta mobilização vertical no solo.
Em decorrência disso, os nutrientes do sulfato de potássio se deslocam muito facilmente em direção às camadas mais profundas do solo, para longe do alcance das raízes, em um processo conhecido como lixiviação.
Além disso, o sulfato de potássio possui outra desvantagem para o seu uso na agricultura, que é o seu índice salino de 46%.
Índice salino de alguns fertilizantes utilizados na agricultura.
Quando comparado com outros fertilizantes utilizados na agricultura, como o Cloreto de Potássio, cujo índice salino é de 116%, é um valor que não parece tão alto.
Entretanto, mesmo assim o uso intensivo do sulfato de potássio pode aumentar a salinidade do solo, trazendo os problemas associados a isso, como por exemplo a deterioração da saúde da microbiota do solo.
2. Para que serve o nitrato de potássio?
O nitrato de potássio também é conhecido como salitre e, na agricultura, é utilizado como fertilizante suprir as demandas de nitrogênio e potássio das plantas.
Representado pela fórmula química KNO3, o nitrato de potássio é obtido por meio da purificação do nitrato de sódio, quando ele é metabolizado junto a uma solução de Cloreto de Potássio.
Ao final desse processo de purificação, de acordo com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), o nitrato de potássio apresenta em sua composição aproximadamente 13% de nitrogênio e 44% de potássio.
Assim, essa é uma das grandes vantagens do uso do nitrato de potássio na agricultura. Isso porque o nitrogênio é também um macronutriente, e juntamente com o potássio, ele atua em processos indispensáveis para o desenvolvimento pleno das plantas.
Outra vantagem do nitrato de potássio, é que ele é um dos fertilizantes potássicos mais versáteis: a sua aplicação poder ser feita em diferentes momentos do ciclo produtivo, como adubo de base, cobertura e foliar.
Isso acontece devido a presença do nitrogênio em sua composição e a sua alta solubilidade. Solubilidade essa que permite também que o nitrato de potássio possa compor soluções nutritivas na hidroponia, em culturas como morango, tomate, entre outros.
Entretanto, essa mesma solubilidade também é uma das causas de uma grande desvantagem do nitrato de potássio: a lixiviação dos nutrientes.
A exemplo do que acontece com o sulfato de potássio, em decorrência desse fenômeno, os nutrientes desse fertilizante se perdem mais facilmente para as camadas mais profundas do solo, fora do alcance das raízes das plantas.
Além disso, o Brasil não é um grande produtor de nitrato de potássio: atualmente o Chile é responsável por grande parte da produção mundial desse fertilizante.
Assim, quando pensado como fertilizante potássico, o nitrato de potássio esbarra nas questões que envolvem o uso de fontes importadas desse nutriente, como a dependência do mercado externo que fragiliza o agronegócio brasileiro.
Essas são as principais diferenças entre o sulfato de potássio e o nitrato de potássio. Mas, levando em consideração as vantagens e desvantagens desses dois fertilizantes, quais são as fontes alternativas de potássio o agricultor pode utilizar?
As novas fontes para a nutrição potássica
Cada vez mais, novos estudos têm apontado fontes de potássio que podem ser úteis na agricultura e que não têm as mesmas limitações das fontes convencionais.
É o caso das fontes de potássio de liberação progressiva, que vêm sendo melhor compreendidas à medida que a expansão da visão da utilidade das diferentes frações do potássio do solo cresce.
As vantagens dessas fontes é que, como elas são menos solúveis em água, elas estão menos sujeitos às perdas por lixiviação e disponibilizam os nutrientes ao longo de um período de tempo maior para as plantas. Muitas delas também têm um efeito residual duradouro.
A longo prazo, essa disponibilização contínua, contribui para a construção e manutenção da fertilidade do solo, fazendo com que o potássio esteja disponível para as plantas durante o todo o ciclo produtivo e faz com que haja um equilíbrio entre as necessidades nutricionais delas e o nível de nutrientes no solo.
A glauconita, por exemplo, é uma dessas fontes. Seu uso como fertilizante é reconhecido em países como os Estados Unidos pelo menos desde 1760.
Além da sua eficiência na nutrição potássica, a glauconita traz ainda benefícios para o solo, como a melhoria da capacidade de retenção de água e nutrientes.
Isso graças a estrutura físico-químicas das suas moléculas, como relata o Dr, John Tedrow, pesquisador da Rutgers, The State University of New Jersey (EUA), no estudo Greensand and Grensand Soils of New Jersey: A Review.
Representação da estrutura física da glauconita, que permite que haja um aumento da capacidade da retenção de água e nutrientes.
Essa mesma estrutura também melhora a capacidade de troca catiônica do solo, permitindo que o uso da glauconita e de fertilizantes ricos nesse mineral ajudem, por exemplo, a melhorarem a adubação nitrogenada do solo.
Assim, com a inclusão de fontes de liberação progressiva como as que são ricas em glauconita, o agricultor pode melhorar e otimizar o manejo nutricional da lavoura.
Além do nitrato de potássio e do sulfato de potássio, outras fontes potássicas podem ser ferramentas eficientes no manejo
Em conclusão, embora possam ambos serem utilizados como fonte de potássio na agricultura, o sulfato de potássio e o nitrato de potássio têm diferenças entre si.
Além disso, apesar de terem vantagens como a disponibilização de mais de um nutriente importante para as plantas, esses dois fertilizantes também têm limitações como a alta solubilidade em água, que os tornam mais suscetíveis à lixiviação.
Nesse âmbito, o uso de fertilizantes de liberação progressiva, como aqueles que utilizem matérias-primas ricas em glauconita, por exemplo, podem ser uma alternativa eficiente para que os agricultores otimizem o manejo da lavoura!