Você sabia que fazer o manejo adequado de micronutrientes, a exemplo do manganês, na sua lavoura de milho é tão importante quanto daqueles mais exigidos pela cultura? Conheça a seguir as funções do manganês no milho e como ele pode contribuir para a produtividade e qualidade dessa cultura de grande importância econômica para o agronegócio brasileiro!
Para que serve o manganês no milho?
O manganês está entre os três micronutrientes mais exigido pelas culturas agrícolas, incluindo o milho. Segundo a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), depois do ferro e do zinco, o manganês é o micronutriente mais extraído pelas plantas de milho.
Tal exigência é um reflexo das diversas funções que o manganês desempenha no metabolismo vegetal, contribuindo para diversos processos fisiológicos como a fotossíntese, a ativação enzimática e a síntese de compostos vegetais.
No processo de fotossíntese, por exemplo, o manganês atua como um componente estrutural de um complexo responsável por realizar a fotólise da água que forma o oxigênio molecular que será liberado pelas plantas.
Além disso, o manganês também é um micronutriente responsável por ativar diversas enzimas da fase escura da fotossíntese.
Trabalhos como o artigo Manganese Deficiency in Plants: The Impact on Photosystem II, Sidsel Birkelund Schmidt e outros pesquisadores ressaltam que o manganês é responsável por ativar ou modular a atividade de mais de 35 enzimas envolvidas com:
- A eliminação dos radicais livres prejudiciais as plantas, mitigando os efeitos do estresse oxidativo;
- O metabolismo secundário das plantas;
- As reações de oxidação e carboxilação;
- O metabolismo de carboidratos;
- As reações com fósforo;
- O ciclo do ácido cítrico;
- A glicólise.
Além da fotossíntese, o manganês também está relacionado com a síntese de diversos compostos vegetais, como proteínas, carboidratos, lipídeos, lignina e aminoácidos.
Dentre esses compostos, os três primeiros podem contribuir muito para o processo de enchimento de grãos e os dois últimos para produção de biomassa e altura das plantas.
Isso explica, em parte, porque plantas de milho deficientes em manganês tendem a apresentar colmos mais finos e danos nos tecidos mais jovens nas plantas, principalmente com o aparecimento de regiões cloróticas, que podem evoluir para faixas longas e brancas e regiões necróticas.
Além da produtividade, a adubação com manganês também pode trazer resultados muitos positivos para a qualidade do milho.
Alguns estudos, por exemplo, têm observado uma redução da porcentagem de “grãos ardidos”, que são aqueles grãos que que sofreram com algum processo de podridão causados por fungos fitopatogênicos, em plantas de milho que receberam doses adequadas desse nutriente no campo.
Já no artigo Doses de nitrogênio e fontes de Cu e Mn suplementar sobre a severidade da ferrugem e atributos morfológicos do milho, André Luís Tomazela e outros pesquisadores afirmam que existe uma relação entre a concentração de manganês no tecido vegetal e a severidade das infecções por doenças nas plantas hospedeiras.
Se o manganês contribui tanto para a produção quanto para a qualidade do milho, como fazer o manejo correto da adubação desse nutriente?
O manejo da adubação com manganês no milho
No passado, a adubação das lavouras com manganês era uma prática de manejo pouco difundida na agricultura.
Essa realidade era um reflexo da baixa difusão das técnicas de correção do solo, que faziam com que os problemas relacionados a toxicidade do manganês fossem mais comuns que a ocorrência dos sintomas de deficiência desse nutriente nas lavouras.
Contudo, esse cenário tem sido revertido com o avanço das técnicas de manejo agrícola e a crescente demanda nutricional das novas cultivares, cada vez mais produtivas.
Segundo a Embrapa, têm sido constatados sintomas de deficiência de manganês em milho, principalmente quando cultivado logo após a soja em sistema de rotação de culturas que não recebem o manganês nos programas de adubação.
Para que esse nutriente seja inserido no programa de adubação da lavoura, o primeiro passo a ser realizado pelos agricultores é o diagnóstico correto do real estado de fertilidade dos talhões, através das análises de solo.
Nessa etapa, é recomendável que seja dada uma maior atenção aos métodos de análise do manganês.
Isso porque alguns tipos de extratores podem quelatizar o manganês presente na solução de análise e subestimar os resultados da análise, enquanto outros não apresentam uma boa sensibilidade às variações de pH e efeito das correções de solo das amostras.
Nesse âmbito, essa última condição também não desejada para análise do manganês, já que a disponibilidade desse nutriente é fortemente influenciada pelo pH do solo.
É o que explica Anderson Santos Pinto, em seu estudo Adubação com manganês em soja: efeitos no solo e na planta.
Como a disponibilidade e absorção de manganês pelas plantas também depende da qualidade do solo, é interessante que o agricultor busque incorporar práticas de manejo que proporcionem menor compactação do solo e melhorem a capacidade de retenção de água do solo.
A própria escolha dos insumos a serem aplicados na lavoura é uma importante ferramenta para aumentar a retenção de água no solo.
Por fim, vale-se ressaltar que nem todas as fontes de manganês aplicadas no milho vão apresentar o mesmo desempenho no campo.
Isso porque alguns fertilizantes apresentam certas limitações que podem prejudicar o desempenho das lavouras e, consequentemente, o retorno do investimento do agricultor.
Assim, de forma geral, os fertilizantes que podem apresentar uma melhor eficiência no campo e ao mesmo tempo uma melhor disponibilidade de manganês no solo serão as fontes de liberação progressiva e com longo efeito residual de nutrientes.
O manganês é um micronutriente indispensável para a cultura do milho
Concluindo, podemos perceber que o manganês é um micronutriente indispensável para a cultura do milho, uma vez que ele está envolvido com processos essenciais para a produção e a qualidade da cultura, como a fotossíntese, a ativação enzimática e a supressão da severidade de doenças.
Assim, é importante garantir o seu manejo adequado no campo, através da escolha dos métodos de análise do solo mais adequados, do investimento na qualidade do solo e da aplicação das fontes de manganês mais adequadas!