Apesar da cultura da batata-doce ser considerada uma espécie “rústica”, isso não significa que ela seja pouco responsiva à adubação. É possível alcançar plantas mais sadias, produtivas e de melhor qualidade quando a fertilidade do solo é construída em profundidade, sendo o potássio um dos nutrientes protagonistas desses benefícios. Saiba mais sobre a importância do potássio para batata-doce e como adubar!
A importância do potássio para batata-doce
A batata-doce está entre as dez hortaliças mais cultivadas no Brasil, de acordo com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), com uma produção de quase 750 mil toneladas ao ano. Para a maioria das hortaliças tuberosas, como a batata-doce, o potássio é o nutriente mais extraído pelas plantas.
Vincent Lebot, autor do livro Tropical root and tuber crops: cassava, sweet potato, yams, and aroids, afirma que a colheita de 20 t/ha de batata-doce remove, aproximadamente, 100 kg/ha de potássio. Vale ressaltar que essa remoção é ainda maior se forem retiradas as folhas, as ramas e as raízes do campo.
Tal condição foi observada por João Bosco C. da Silva e outros pesquisadores no capítulo Cultura da batata-doce, do livro Agricultura: Tuberosas amiláceas latino americanas. Nesse estudo, eles verificaram que a extração de até 236 kg/ha de potássio (K2O) para uma produtividade entre 13 a 15 t/ha.
A dinâmica de extração de potássio pela batata-doce foi observada por diversos pesquisadores, sendo que a maioria deles o considera o nutriente mais extraído pela cultura.
Extração de macronutrientes pela colheita das raízes tuberosas de batata-doce avaliada por diferentes pesquisadores. (Fonte: ECHER et al., 2015)
A grande demanda de potássio pela batata-doce está associada às diversas funções e benefícios que ele proporciona para cultura, por exemplo:
- Incrementar a translocação de carboidratos nas plantas;
- Alterar os teores de sólidos solúveis dos tubérculos;
- Melhorar a eficiência de uso da água;
- Potencializar a adubação nitrogenada;
- Favorecer a qualidade do produto.
Ricardo Tajra de Figueiredo, também destaca o importante papel que o potássio parece desempenhar na síntese de amido das raízes tuberosas da batata-doce, influenciando diretamente no seu crescimento.
Em seu estudo Manejo da adubação potássica na cultura da batata-doce, Ricardo Tajra explica que a relação que o potássio estabelece com outros elementos, como o nitrogênio, é muito importante para:
- O aumento do teor de água;
- O aumento da taxa de respiração e crescimento da raiz de armazenamento;
- A translocação rápida dos produtos das folhas (fotoassimilados) para as raízes.
Por isso, é comum observar a redução da espessura (diâmetro) das raízes em condições de deficiência de potássio na batata-doce, além da diminuição da pigmentação roxa e amarelecimento, bronzeamento e necrose nas bordas entre as nervuras de folhas mais velhas.
Alguns pesquisadores inclusive destacam que a ausência de teores adequados de potássio, pode aumentar o estresse causado pela seca.
Isso porque os estômatos, estruturas responsáveis pelas trocas gasosas entre as plantas e a atmosfera, passam a abrir parcialmente e se fechar mais lentamente, aumentando as perdas de água da planta.
Como, então, aplicar as doses adequadas de potássio para batata doce?
As recomendações de adubação com potássio para batata-doce
As lavouras de batata-doce vêm apresentando altas repostas à adubação com potássio, sendo mais evidentes em solos arenosos de baixa fertilidade. Respostas que têm se mostrado inclusive superiores à aplicação de fósforo, algo pouco comum em olerícolas.
Mesmo em comparação com o nitrogênio, a batata-doce tem uma necessidade relativamente alta de potássio.
As doses de potássio para batata-doce necessárias para o bom rendimento da cultura podem facilmente ultrapassar mais de 100kg/ha, dependendo de fatores como a condição de fertilidade do solo e finalidade do cultivo, seja ela mesa ou indústria.
No artigo Genotypic variation for potassium uptake and utilization efficiency in sweet potato (Ipomoea batatas L.), Melvin Sidikie George e outros pesquisadores observaram a melhor resposta para a produtividade com a dose de 144 kg/ha de potássio (K2O), utilizando como fonte o sulfato de potássio.
Já no estudo Produtividade da batata-doce em função de doses de K2O em solo arenoso, Carlos Henrique de Brito e outros pesquisadores obtiveram a máxima produtividade com a dose de 163 kg/ha de potássio (K2O), parcelada aos 30 e 60 dias após o plantio.
As respostas positivas da batata-doce ao parcelamento de fontes mais solúveis de potássio têm sido recorrentes, porque esse nutriente é bastante móvel no solo.
Além disso, a aplicação de altas doses de algumas fontes de potássio pode provocar a elevação da salinidade do solo próximo à zona das raízes, comprometendo a absorção de águas e nutrientes e o crescimento e distribuição das raízes da batata-doce.
O efeito da salinização na produtividade da batata doce foi evidenciado por Sandra Maria Cruz Nascimento. Em seu estudo Nutrição mineral e produtividade da batata-doce biofortificada em função de doses de fósforo e potássio, ela observou a máxima produtividade até a dose de 85 kg/ha.
Extração total de potássio por planta de batata-doce em função das doses e parcelamentos de Cloreto de potássio. (Fonte: NASCIMENTO, 2013)
Por isso, a Embrapa recomenda a aplicação da metade da dose do potássio no plantio e o restante aos 45 dias. Contudo, uma das situações mais recorrentes é a cultura da batata-doce ser introduzida no sistema de produção de forma a aproveitar a adubação residual da cultura anterior.
Ou seja, é muito importante que as fontes de potássio escolhidas para o sistema produtivo apresentem um efeito residual no solo, visando reduzir os custos com aplicação e melhorar o aproveitamento de nutrientes pela batata-doce.
O efeito residual de nutrientes se caracteriza pela liberação gradual dos nutrientes para o solo e prolongação de todos os benefícios que o fertilizante possa proporcionar a longo prazo e está presente principalmente em fontes de potássio de liberação gradual.
Os benefícios da liberação gradual de potássio para batata-doce
As fontes de potássio de liberação gradual, além de proporcionarem o fornecimento de potássio ao longo do ciclo da cultura, vão proporcionar diversos benefícios para a cultura da batata-doce.
Isso porque a batata-doce tem ciclo relativamente longo, que pode chegar a até 150 dias, tendo sua maior demanda de potássio concentrada entre os 40 aos 80 dias de desenvolvimento. Já que nesse período ocorre um intenso crescimento das ramas e o início do desenvolvimento das raízes tuberosas.
Diversos autores destacam que a presença de teores adequados de potássio na segunda metade do crescimento do ciclo da batata-doce, favorece a resistência da planta contra os ataques de pragas e doenças.
Além disso, o potássio também é reconhecido por aumentar a eficiência de uso de outros nutrientes, como o nitrogênio.
Por isso, o aproveitamento da adubação residual de fontes muito solúveis de potássio, ou mesmo a aplicação somente no plantio, não é eficiente ou vantajosa. Uma vez que grande parte dos nutrientes serão perdidos para as camadas mais profundas do solo e não vão atender todas as exigências nutricionais ao longo do ciclo produtivo da cultura.
Assim, o uso de fontes de potássio de liberação gradual se torna uma prática de adubação indispensável para alcançar resultados de excelência na cultura da batata-doce.
Entender a dinâmica do potássio é a chave para o sucesso da cultura
Em resumo, entender a dinâmica do potássio na cultura da batata-doce é uma das chaves para que a adubação potássica seja mais eficiente.
Aliar isso à melhor compreensão da lavoura, como o tipo de solo, bem como dos tipos de fontes de potássio disponíveis, também é fundamental para que o agricultor escolha adequadamente o fertilizante potássico para batata-doce, melhorando a produtividade e a rentabilidade da lavoura!