Potássio no milho safrinha: como fazer a adubação?

Potássio no milho safrinha: como fazer a adubação?

O cultivo do milho de segunda safra, ou milho safrinha, tem sido um dos fatores responsáveis pelo aumento na produtividade dessa cultura no Brasil. E o sucesso desse cultivo está ligado à boa nutrição da lavoura, incluindo a boa nutrição potássica, já que esse nutriente tem um papel muito importante para a cultura do milho. Saiba como fazer a adubação com potássio no milho safrinha de maneira mais eficaz! 

A importância do potássio para a cultura do milho

O potássio, juntamente com o nitrogênio e o fósforo, faz parte do grupo dos macronutrientes primários. Isso significa que ele é essencial e altamente requerido pelas plantas durante os seus processos de crescimento e produção.

Na cultura do milho, tanto de primeira safra quanto no milho safrinha, isso não é diferente. No artigo Doses e épocas de aplicação de potássio no desempenho agronômico do milho no cerrado piauiense, Fabiano André Petter e outros pesquisadores destacam que ele é um dos nutrientes mais requeridos e importados.

Eles analisaram a influência positiva do potássio em diferentes parâmetros, como, por exemplo:

  • A altura das plantas;
  • O diâmetro do colmo;
  • A altura de inserção de espiga;
  • A produtividade de grãos.

Em consequência, a dose adequada de potássio teve um impacto positivo na produtividade do milho.

Produtividade de grãos de milho em função de doses de potássio em latossolo amarelo do cerrado piauiense. (Fonte: PETTER et al., 2016)

Produtividade de grãos de milho em função de doses de potássio em latossolo amarelo do cerrado piauiense (Fonte: PETTER et al., 2016)

Outro fator positivo da aplicação adequada de potássio no milho safrinha foi a maior resistência dos tecidos vegetais. Isso, aliado ao acúmulo de substâncias fungistáticas, dificulta a penetração e o progresso de infecções por agentes fitopatonêncios.

É o que o pesquisador Diogo de Oliveira Carvalho aponta no estudo Efeito do nitrogênio e do potássio na intensidade da Antracnose Foliar (Colletotrichum graminicola) e na nutrição mineral do milho.

Nesse trabalho, Diogo concluiu que a adubação potássica influenciou significativamente o período de latência do fungo em até 21,7%, reduzindo assim a quantidade de esporos produzidos e consequentemente o tamanho e a quantidade de lesões na planta.

Diante desses benefícios, como o agricultor pode realizar a aplicação do potássio em milho safrinha de maneira adequada?

Os benefícios das fontes de liberação gradual na adubação com potássio no milho safrinha

A adoção do plantio do milho de segunda safra, ou milho safrinha, tem sido um fator importante para o crescimento da produtividade dessa importante cultura no Brasil.

É o que afirma a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), que destaca a associação do milho safrinha com a soja em sistemas de rotação de culturas. A instituição ressalta ainda que há potencial para essa cultura crescer ainda mais, já que 12 milhões de hectares poderiam ser utilizados nesse sistema de cultivo.

Evolução da área plantada de milho segunda safra por região de cultivo

Evolução da área plantada de milho segunda safra por região de cultivo (Fonte: Conab)

Nesse contexto, a aplicação de potássio para o milho safrinha precisa levar em consideração a cultura com a qual o milho está associado, já que isso interfere nas necessidades nutricionais do milho.

Para entender melhor isso, o agricultor precisa estar atento ao planejamento agrícola, tendo de preferência o apoio de um agrônomo para orientar sobre essas necessidades. Além disso, o conhecimento amplo e atualizado da lavoura é importante para tomar as melhores decisões.

As análises de solo são uma ferramenta relevante para isso, já que elas trazem informações como a textura do solo, níveis de acidez e o estado nutricional da lavoura. Nesse sentido, é importante que o agricultor se atente aos métodos adequados para a realização da análise de potássio no solo.

De maneira geral os métodos de calibração para as análises de solo que são utilizados nos laboratórios medem apenas a quantidade do potássio que está nas frações mais prontamente disponíveis do solo.

No entanto, o nutriente que está presente em outras frações de potássio do solo, como a não-trocável, também pode ser utilizada pelas plantas durante o seu ciclo de vida. É o que o avanço das pesquisas na área vem apontando.

Michael J. Bell e outros pesquisadores destacam isso no capítulo Using Soil Tests to Evaluate Plant Availability of Potassium in Soils, do livro Improving Potassium Recommendations for Agricultural Crops.

Além disso, Bell e seus colegas sugerem que a visão do ciclo do potássio no solo seja ampliada.

Uma visão ampliada do ciclo do potássio

Uma visão mais ampliada do ciclo do potássio no solo. (Fonte: Bell et al., 2021)

Isso abre espaço para a melhor compreensão e uso das fontes de potássio de liberação gradual, que disponibilizam o nutriente por períodos de tempo mais longos.

Tais fontes são menos suscetíveis à lixiviação, além de terem um efeito residual duradouro que mantém os níveis de potássio no solo. Assim, elas são uma ferramenta relevante para construir e manter a fertilidade do solo.

Em sistemas de rotação de cultura, como os que são comuns no plantio do milho safrinha, essas características são vantajosas. Isso porque, ao utilizar essas fontes, o agricultor consegue melhorar a qualidade do estado nutricional do solo e, a longo prazo, inclusive ter economia no manejo agrícola.

As fontes de potássio de liberação gradual podem a reduzir os custos na agricultura

Mas, além disso, existem outras ações que podem ser feitas para otimizar a aplicação de potássio no milho safrinha.

Como o uso de fertilizantes sem cloro beneficia a aplicação de potássio no milho safrinha

Um dos fertilizantes potássicos mais utilizados na agricultura é o Cloreto de Potássio (KCl). A sua rápida disponibilização do potássio é um dos motivos para isso.

E, embora essa característica seja positiva em determinados casos, ela também faz com que o KCl seja mais suscetível à lixiviação. Uma das razões para essa maior suscetibilidade está ligada ao alto teor de cloro do Cloreto de Potássio, que é de aproximadamente 47% desse elemento.

O Cloreto de Potássio (KCl) tem 47% de cloro em sua composição, um teor elevado desse elemento

O Cloreto de Potássio contém aproximadamente 47% de cloro em sua composição

O potássio é um nutriente catiônico (K+). Devido às suas características físico-químicas, o é necessário que ele esteja na companhia de ânions solúveis, com o cloro (Cl) e o nitrato (NO3-), para ser lixiviado.

Dessa maneira, o uso de fontes com alto teor de cloro acabam facilitando o processo de lixiviação do potássio.

Outro fator negativo do excesso de cloro no manejo agrícola é que isso prejudica o solo e as plantas. Nas plantas, o cloro em excesso pode causar sintomas de fitotoxidez e a queima das raízes, eventualmente comprometendo o crescimento das plantas.

No solo, a aplicação de cloro em excesso pode trazer problemas como o aumento da salinidade, da compactação e o prejuízo da microbiota benéfica do solo.

Como comparação, no seu artigo, Effects of some synthetic fertilizers on the soil ecosystem, a Heide Hermary descreve que a aplicação de 200 Kg de Cloreto de Potássio equivale a despejar 1600 litros de água sanitária no solo.

As características dos fertilizantes com alto teor de cloro também fazem com que, normalmente, se realize o parcelamento das aplicações na lavoura. Isso, a longo prazo, pode tornar os custos mais onerosos para o agricultor, já que significam mais entradas na lavoura.

Dessa maneira, na hora de pensar a aplicação de potássio no milho safrinha, a utilização de fontes livres de cloro é uma prática que pode favorecer a adubação, evitando o excesso desse elemento no solo e preservando o agroecossistema! 

O sucesso da adubação com potássio no milho safrinha está ligado às boas práticas agrícolas

Em síntese, o potássio é um nutriente de alta relevância na agricultura, o que não é diferente na cultura do milho, seja de primeira safra ou safrinha.

Assim, é importante que se esteja atento às melhores práticas para otimizar a aplicação de potássio no milho safrinha, como avaliar adequadamente o estado nutricional do solo e utilizar fertilizantes adequados.

Com isso, o agricultor pode alcançar mais produtividade e qualidade na cultura do milho de segunda safra!

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