Um dos desafios da agricultura moderna é a otimização do uso de solos que antes eram considerados impróprios para a atividade agrícola, como os solos arenosos. Isso porque esses solos têm características que dificultam o sucesso da adubação. Descubra como adubar com potássio em solo arenoso de maneira eficaz!
O que são os solos arenosos e qual a sua importância para agricultura?
Para entender como adubar com potássio em solo arenoso de maneira eficiente, é preciso primeiro entender o que é esse tipo de solo e quais as características que tornam a atividade agrícola nele mais desafiadora.
Dizer que um solo é arenoso é se referir à sua textura. Essa propriedade física do solo está relacionada às proporções de areia, silte e argila presentes nele, de acordo com o seu tamanho. No Sistema Brasileiro de Classificação de Solos existem 14 classes texturais descritas.
Triângulo de classificação textural de solos (Fonte: Lemos & Santos, 1984)
Os chamados solos arenosos, ou “solos leves”, são mais predominantes na região Nordeste do Brasil. Todavia, outros estados, como Minas Gerais, São Paulo, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Goiás, também têm a presença desse tipo de solo.
Para ser classificado como arenoso, é preciso que pelo menos 85% ou mais da sua composição seja de areia. O termo aqui se relaciona às partículas do solo que sejam maiores que 0,05mm e menores ou iguais a 2,00mm.
Entre as principais propriedades do solo arenoso, e que têm a ver com a dificuldade de realizar a atividade agrícola nele, estão:
- Textura granulosa, que pode variar entre grânulos grossos, médios e finos;
- Alta porosidade e permeabilidade, consequências do arranjo das partículas do solo;
- Baixo nível de umidade;
- Baixos teores de nutrientes;
- Baixo teor de matéria orgânica;
- pH ácido;
- Alta possibilidade de erosão.
Todavia, as demandas de produção agrícola cada vez mais altas fizeram com que esse tipo de solo também se tornasse importante para o setor. É o que afirmam Ademir Fontana e outros pesquisadores no artigo Solos arenosos: a nova fronteira agrícola brasileira.
Mas, quais são os desafios da adubação com potássio em solo arenoso?
Os desafios da adubação com potássio em solo arenoso
Em solos arenosos, a mobilidade do potássio (K+) no perfil do solo é maior que em solos de texturas mais argilosas. Isso devido às propriedades físico-químicas do solo arenoso e também do próprio potássio.
É o que explicam José Carlos Polidoro e Paulo César Teixeira, em seu artigo Adubação potássica em solos arenosos.
Os pesquisadores destacam ainda que isso favorece a lixiviação do potássio, especialmente quando são utilizadas fontes com alta solubilidade em água, a exemplo do Cloreto de Potássio (KCl).
Diversos estudos corroboram essa afirmação. É o caso, por exemplo, do trabalho Effect of potassium fertilization in sandy soil on the content of essential nutrients in soybean leaves.
Nele, Marcelo Raphael Volf e outros pesquisadores falam sobre o efeito da adubação com potássio em solos arenosos na soja, utilizando o Cloreto de Potássio como fonte potássica. Os resultados mostraram que houve baixa disponibilidade do nutriente para as plantas em razão da lixiviação de nutrientes.
Além disso, os pesquisadores identificaram também que houve interferência no equilíbrio dos outros nutrientes na fisiologia das plantas.
Já outro estudo, intitulado Manejo da adubação potássica (potássio) em solos de textura arenosa: Resultados CAD Parecis, escrito por Táimon Semler e outros pesquisadores, identificou que as perdas por lixiviação são maiores quanto maior é a quantidade de KCl aplicada e menor é a CTC do solo.
A CTC é a capacidade de troca catiônica do solo, um parâmetro físico-químico do solo que está relacionado com a retenção temporária de nutrientes catiônicos, como o potássio (K+).
Diante desses desafios, como o agricultor pode adubar com potássio em solo arenoso?
Como adubar com potássio em solo arenoso de maneira eficaz?
Uma das formas de melhorar a adubação com potássio em solo arenoso é com a adoção de novas tecnologias agrícolas.
É o que Ademir Fontana e seus colegas afirmam, ainda no estudo Solos arenosos: a nova fronteira agrícola brasileira:
“Isso acontece especialmente pela adoção de novas tecnologias – fertilizantes, sementes e outros insumos – associadas a ajustes no manejo da correção e adubação do solo, aumento dos teores de matéria orgânica e do controle de pragas, doenças e plantas invasoras”.
No campo dos fertilizantes, a busca por novas fontes potássicas que sejam menos suscetíveis à lixiviação é um passo importante na otimização do uso dos solos arenosos para a atividade agrícola.
É o caso de fertilizantes que utilizem matérias-primas ricas em glauconita, como o o K Forte® e o BAKS®, por exemplo.
A glauconita é um mineral que é utilizado como fertilizante potássico nos Estados Unidos desde 1760.
Além de ser rica em potássio, ela tem propriedades que melhoram aspectos do solo que ajudam a aumentar a CTC do solo. Isso acontece por causa das cargas de íons negativos que estão na estrutura da molécula da glauconita e que atraem os íons positivos, como o do potássio (K+).
Esses nutrientes realizam trocas iônicas com a glauconita, ficando adsorvidos nela e podendo ser disponibilizados para as plantas posteriormente.
Além disso, a estrutura física da glauconita faz com que existam pequenos espaços entre as partículas dela. Assim, ela consegue adsorver determinados nutrientes presentes no ambiente em que ela está e também favorecer a retenção de água do solo.
É o que afirma o Dr. John Tedrow, pesquisador da Rutgers, The State Universty of New Jersey, em seu artigo Greensand and Greensand Soils of New Jersey: A Review:
“Os efeitos benéficos da glauconita no solo parecem estar proximamente relacionados a uma combinação de fatores, como ter uma alta capacidade de absorção de nutrientes do solo e uma capacidade de retenção de umidade relativamente alta.”
O uso de fertilizantes ricos em glauconita é vantajoso para a adubação com potássio em solo arenoso
Os fertilizantes feitos com matérias-primas ricas em glauconita também têm a liberação gradual dos nutrientes, o que faz com que eles sejam menos suscetíveis à lixiviação e potencializem a adubação com potássio em solos arenosos.
Representação da estrutura física da glauconita, que traz melhorias para o solo
Além do uso desses fertilizantes, a implementação de técnicas que aumentem a matéria orgânica do solo, como a compostagem, favorece a CTC do solo.
Nesse sentido, o uso de fertilizantes que sejam livres de cloro também é uma ferramenta importante, já que o excesso de cloro prejudica a saúde da microbiota do solo, que é fundamental para o sucesso da compostagem.
O uso de fertilizantes e técnicas agrícolas adequados é a chave para otimizar a adubação com potássio em solo arenoso
Em síntese, hoje as demandas de produção cada vez mais altas têm despertado o interesse no uso dos solos arenosos para a atividade agrícolas.
No entanto, o manejo desse tipo de solo tem seus desafios e particularidades. No caso da adubação com potássio em solos arenosos, o uso de fontes com alta solubilidade em água, como o Cloreto de Potássio, pode acentuar a lixiviação do nutriente.
Assim, o uso de fertilizantes adequados, associado a técnicas que promovam a saúde da microbiota do solo e o aumento de matéria orgânica, pode ajudar o agricultor a adubar com potássio em solo arenoso e ter sucesso!