Segundo o pesquisador da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Adônis Moreira, o alto rendimento das bananeiras é alcançado quando o solo fornece quantidades adequadas de macro e micronutrientes. É o que ele e outros pesquisadores afirmam no estudo Nutrição e adubação de bananais cultivados na região Amazônica. Conheça, a seguir, um desses micronutrientes, o manganês, e descubra sua importância para banana e como fazer o seu manejo adequado!
Qual a função do manganês na banana?
Para algumas regiões do país, o manganês se enquadra entre os micronutrientes com maior deficiência na cultura da banana.
É o caso, por exemplo, de mais de 60% dos bananais amazonenses de “terra firme”, que são acometidos pelos sintomas de deficiência de manganês.
É o que observa o pesquisador Adônis Moreira, juntamente com seus colegas, no artigo Avaliação do estado nutricional de bananais cultivados no Estado do Amazonas.
A deficiência de manganês na banana, geralmente, leva as plantas a apresentarem um amarelecimento marginal em forma de pente nas folhas mais sombreadas e opacas do terço médio da planta.
Esse sintoma também pode estar relacionado com a queda expressiva da produção e qualidade dos cachos, principalmente quando associado ao ataque do fungo Deigthoniella torulosa, causador da podridão-negra-das-pontas.
Folha de bananeira com sintomas de deficiência de manganês. (Fonte: MOREIRA et al, 2010)
O aparecimento dos sintomas de deficiência de manganês nas folhas da banana são um reflexo do grande acúmulo desse nutriente nessa região, que só se altera com o surgimento da inflorescência da banana.
O direcionamento do manganês para as folhas da banana relaciona-se diretamente com as diversas funções que esse nutriente desempenha nas plantas, com destaque para o processo de respiração e fotossíntese que é realizado intensamente nessa região.
O manganês é responsável pela ativação e modulação da atividade de mais de 35 enzimas envolvidas com os mais variados processos metabólicos vegetais, incluindo aquelas que participam do processo de respiração e fotossíntese.
Além disso, esse micronutriente é um componente estrutural de um complexo responsável por catalisar a reação de oxidação da água na fotossíntese. Reação essa que é indispensável para a formação do oxigênio molecular e para a reposição dos elétrons que são perdidos pela clorofila na sua excitação.
Outros estudos também têm correlacionado a importância do manganês na bananaà resistência das plantas a estresses bióticos, em especial, aqueles causados por doenças fúngicas nas folhas e nas raízes das plantas.
Segundo o pesquisador Ronaldo Luiz Vaz de Arruda Silveira, o manganês está entre os micronutrientes que mais atuam no processo de defesa das plantas contra patógenos, uma vez que ele contribui para a síntese de compostos metabólicos secundários e de lignina nas plantas.
É o que ele descreve em seu estudo Aspectos nutricionais envolvidos na ocorrência de doenças com ênfase para a ferrugem (Puccinia psidii).
Tendo em vista essas diferentes funções desempenhadas pelo manganês, como fazer o bom manejo desse nutriente na banana?
A adubação com manganês na banana
O manganês normalmente é o segundo micronutriente mais absorvido pelas culturas agrícolas.
No caso da bananicultura, essa tendência também tende a se repetir e o manganês pode inclusive chegar a ser o micronutriente mais absorvido e exportado pela banana, como demonstram alguns trabalhos realizados com a cultivar “Pacovan”.
As faixas de teores de manganês adequadas para banana variam para cada cultivar. De acordo com a Embrapa, esses valores se enquadram entre:
- Cultivar “BRS Prata Garantida” (AAAB): 132-519mg/kg;
- Cultivar “Thap Maeo” (AAB): 116 a 259 mg/kg;
- Cultivar “Caipira” (AAA): 118 a185 mg/kg;
- Cultivar “Pacovan” (AAB): 315 a 398 mg/kg.
Apesar desses valores serem inferiores aos de muitos outros nutrientes, a adubação com manganês não deve ser subestimada.
Isso porque segundo a Lei de Liebig, ou Lei do Mínimo, a produtividade de uma cultura é limitada pela ausência ou deficiência de qualquer um dos nutrientes essenciais para as plantas, mesmo que todos os outros estejam disponíveis em quantidade adequadas.
A Lei do Mínimo foi criada por Justus von Liebig no século XIV e até hoje segue como uma das bases mais importantes da agricultura moderna.
Assim, é preciso planejar e adotar as práticas corretas de adubação com manganês para garantir uma boa produção e qualidade dos frutos produzidos pelos bananais.
A primeira delas consiste na realização das análises de solo e foliares com os métodos mais adequados, já que o manganês é um nutriente muito sensível às variações de alguns fatores que podem afetar a interpretação das análises.
Segundo o estudo Adubação com manganês em soja: efeitos no solo e na planta conduzido pelo Anderson Santos Pinto, alguns extratores de manganês alcalinos usados nas análises de solos, como o DTPA, podem quelatizar o manganês presente na solução de análise e subestimar os resultados da análise.
Outra boa prática consiste na adoção de práticas de manejo que proporcionem menor compactação do solo e melhorem a capacidade de retenção de água do solo, dois outros fatores que afetam a disponibilidade de manganês no solo.
E, na hora de realizar a adubação, o agricultor também deve se atentar às diferentes vantagens e limitações de cada fonte de manganês.
Aqui, de forma geral, os fertilizantes que podem apresentar uma melhor eficiência no campo e ao mesmo tempo uma melhor disponibilidade de manganês no solo são as fontes de liberação progressiva e com longo efeito residual de nutrientes.
O bom manejo do manganês é muito importante para produção e qualidade da banana
Em resumo, o manganês desempenha funções muito importantes para produção e qualidade da banana, contribuindo para diversos processos metabólicos e promovendo uma melhor tolerância das plantas a alguns tipos estresses bióticos, como as doenças fúngicas.
Assim, torna-se indispensável a adoção de práticas agrícolas adequadas para o bom manejo do manganês no solo.
Entre tais práticas, estão inclusas a realização das análises do solo e foliares com os métodos mais adequados, a adoção de práticas que promovam a melhoria da qualidade do solo e a escolha das fontes de manganês mais adequadas!