Desde a década de 50, respostas positivas das pastagens à adubação com boro têm sido observadas no meio científico. Mas, quais benefícios que a inclusão desse micronutriente pode trazer? Entenda, a seguir, por que o manejo de boro em pastagens é importante e conheça algumas boas práticas de adubação com esse micronutriente!
Qual a função do boro em pastagens?
No passado, a adubação de pastagens com macro e micronutrientes era uma prática muito pouco difundida.
Tal realidade era atribuída, em parte, à falta de percepção dos agricultores e pecuaristas quanto ao retorno financeiro que a adubação das pastagens poderia proporcionar. Entretanto, esse cenário tem se alterado com os diversos avanços técnicos e científicos conquistados nos últimos anos.
Estudos vêm demostrando os benefícios diretos e indiretos que a adubação das pastagens pode proporcionar, seja com o incremento do peso dos animais e da manutenção de níveis adequados de nutrientes na dieta animal, seja com o aumento da produção e qualidade da forrageira.
No caso do uso do boro em pastagens, a adubação com esse micronutriente tem proporcionado resultados positivos no crescimento, produção e qualidade das sementes.
O boro é um micronutriente que está muito presente nos meristemas apicais das plantas, por estar envolvido com o processo de síntese da parede celular e manutenção da integridade da membrana celular.
Diversos compostos estruturais que fornecem força física para a parede das células vegetais, como a celulose, a lignina e o complexo borato ramnogalacturonano II (RG-II), dependem da presença de boro para serem sintetizados.
Sendo assim, esse micronutriente desempenha um papel essencial no crescimento e produção das pastagens.
Além disso, outras pesquisas indicam que o boro pode aumentar o número de sementes viáveis formadas por inflorescências, favorecendo a porcentagem de germinação e a formação das plântulas.
É o que observou o pesquisador J. A. De Bruyn, no estudo The in vitro Germination of Pollen of Setaria sphacelata 2. Relationships between Boron and Certain Cations.
Esses resultados positivos do boro na viabilidade das sementes de pastagens é, em parte, um reflexo da participação do boro na fase reprodutiva das plantas, em especial, na germinação do grão de pólen e crescimento do tubo polínico.
O tubo polínico é uma estrutura que possibilita o crescimento celular do grão de pólen em direção ao óvulo, resultando na fecundação nas plantas e no desenvolvimento e granação das sementes e frutos.
Por isso, realizar a aplicação de boro em pastagens é uma prática eficiente para o crescimento, produção e qualidade das sementes das pastagens.
A adubação com boro em pastagens
Segundo o pesquisador Lourival Vilela, apesar das respostas das pastagens de gramíneas tropicais à aplicação de micronutrientes não ser tão expressiva quanto aquelas observadas em culturas de grãos, a aplicação deles muitas vezes não pode ser dispensada.
É o que ele e outros pesquisadores ressaltaram no capítulo Adubação potássica e com micronutrientes do livro Uso eficiente de corretivos e fertilizantes em pastagens.
De forma geral, grande parte dos solos brasileiros são pobres em micronutrientes essenciais para as plantas, principalmente em boro, cobre e zinco. E a ausência de teores adequados de qualquer um deles pode se tornar um fator limitante para a produção das culturas, conforme anuncia a Lei do mínimo.
Por isso, a importância da aplicação de fontes de boro em pastagens não deve ser subestimada.
A alimentação é a base para a produção de gado a pasto, por isso boas práticas de manejo de pastagens, como a adubação com macro e micronutrientes, podem alavancar a produtividade da atividade pecuária.
Apesar de ainda não existirem recomendações de micronutrientes para pastagens, pesquisadores vêm observando que a aplicação de doses de 1 a 4 kg/ha de boro no solo podem satisfazer as necessidades nutricionais das plantas para produção de forragem.
É o que recomendam Umesh C. Gupta e outros pesquisadores, no estudo Micronutrients in grassland production.
Entretanto, é importante ressaltar que nem todos os fertilizantes conseguem proporcionar uma boa disponibilidade de boro ao longo do ciclo das pastagens.
O boro é conhecido por ser um micronutriente muito móvel no solo e, com isso, acaba sendo facilmente carregado para as camadas mais profundas do solo.
Por isso, fontes de boro de liberação progressiva e com longo efeito residual são as mais recomendadas para manter esse micronutriente disponível para as plantas a médio e longo prazo.
Além disso, para manter esse micronutriente disponível para as plantas é preciso ir muito além da adubação.
Solos com baixa disponibilidade de água, por exemplo, podem diminuir o teor de boro prontamente disponível às plantas e ainda limitar o crescimento radicular das pastagens, gerando menor exploração de solo pelas raízes e, consequentemente, menor absorção de boro pelas plantas.
E essa acaba sendo uma condição muito recorrente em várias regiões do Brasil, que são marcadas pela “época das secas e das águas”, como são conhecidas popularmente.
Por isso, o incremento da matéria orgânica do solo e outras práticas que favoreçam a maior retenção de água são muito importantes para otimizar o uso do boro em pastagens, ao favorecer a maior disponibilidade desse micronutriente para as plantas.
O boro é um micronutriente indispensável para produção e qualidade das pastagens
Em resumo, podemos perceber que o boro é um micronutriente indispensável para alcançar a produção e qualidade das pastagens.
Isso porque esse nutriente participa de diversas funções que favorecem o crescimento e produção da cultura, a viabilidade das suas sementes, entre outros aspectos.
Dessa maneira, é essencial que o agricultor e/ou pecuarista inclua esse micronutriente no programa de adubação da sua propriedade, atentando para escolha da fonte de boro e cuidando do solo, de forma a favorecer a disponibilidade desse nutriente para as plantas!