O sulfato de potássio é um fertilizante que tem bons teores tanto de potássio quanto de enxofre, dois nutrientes muito importantes para o desenvolvimento e crescimento das plantas. Como são muito exigidos pelas culturas, o uso de fertilizantes para repor esses nutrientes é importante no manejo agrícola. Entenda o que é o sulfato de potássio, suas vantagens e desvantagens para a agricultura.
O que é o sulfato de potássio e seu uso na agricultura
O sulfato de potássio é um composto químico representado pela fórmula K2SO4. Ele pode ser obtido através da combinação do Cloreto de Potássio (KCl) com o ácido sulfúrico (H2SO4) ou com a quieserita (MgSO4.H2O).
O sulfato de potássio é muito utilizado como como fertilizante potássico e de enxofre na agricultura. Isso por causa da sua alta concentração desses nutrientes: ele contém cerca de 50% de potássio sob a forma de K2O e 17% de enxofre.
A adubação com potássio é particularmente importante na agricultura brasileira, visto que, segundo o estudo Aspectos relacionados ao mapeamento da disponibilidade de potássio nos solos do Brasil, da Embrapa, boa parte dos solos brasileiros tem baixa disponibilidade desse nutriente.
Como o potássio é um dos macronutrientes mais importantes para as plantas, de maneira geral ele acaba sendo mais absorvido por elas em seu processo de desenvolvimento. Ele está envolvido em funções essenciais, tais como:
- Melhora da qualidade do produto agrícola;
- Ativação enzimática;
- Síntese proteica;
- Fotossíntese;
- Transporte de fotossintatos no floema;
- Crescimento celular;
- Regulação do potencial hídrico das células;
- Amenização de estresses bióticos e abióticos.
O bom teor de enxofre do sulfato de potássio também é uma vantagem desse fertilizante. Isso porque ele pode ser utilizado também como uma fonte desse nutriente. O enxofre é um macronutriente secundário, sendo também bastante absorvido pelas plantas.
Esse nutriente está ligado principalmente a funções de metabolismo das plantas, visto que ele participa ativamente de moléculas orgânicas como aminoácidos, proteínas e enzimas que estão envolvidas no ciclo de vida vegetal.
Entre os principais processos que os metabólitos de enxofre estão envolvidos estão os processos de respiração, de crescimento, síntese de vitaminas e proteínas, mecanismos de resposta a estresses oxidativos e resistência ao frio.
Assim, ao suprir a lavoura com esses dois importantes nutrientes, o sulfato de potássio se apresenta como uma opção de fertilizante para o cultivo agrícola. Todavia, quais são as desvantagens que ele apresenta?
Principais desvantagens do sulfato de potássio
A principal desvantagem do sulfato de potássio utilizado como fertilizante é a sua alta mobilização vertical no solo. Isso significa que os nutrientes presentes nele se movem muito facilmente em direção às camadas mais profundas do solo, um processo conhecido como lixiviação.
Fontes muito lixiviáveis trazem prejuízos a longo prazo para o produtor. Isso porque parte dos nutrientes que são colocados no solo são perdidos, fazendo com que a adubação seja menos eficiente.
Além do mais, é preciso prestar muito mais atenção em questões como as condições de irrigação do solo, para que não haja excesso de umidade que favoreça a lixiviação. Além disso, um volume alto de chuvas promove ainda mais a incidência desse processo nos fertilizantes muito solúveis.
Outra desvantagem do sulfato de potássio é o seu índice salino, que é de 46%. Em comparação com outros fertilizantes utilizados na agricultura, como o Cloreto de Potássio, que tem um índice salino de 116%, é um valor que não parece tão alto.
Comparação entre os índices salinos de diferentes fertilizantes
Entretanto, isso faz com que o agricultor precise ficar atento ao aumento desse parâmetro no solo. Isso porque um solo muito salino pode trazer prejuízos para a qualidade do ambiente em que as plantas vão crescer, em especial aos microrganismos.
No artigo Influence of Salinity and Water Content on Soil Microorganisms, a pesquisadora Petra Marschner, juntamente com outros colegas, analisou as consequências da alta salinidade nesses pequenos seres que habitam o solo. Segundo o estudo, a alta salinidade causa:
- Redução do potencial de crescimento das plantas, devido ao desequilíbrio na solução do solo dificultando a retirada de água do solo pelos microrganismos e raízes;
- Redução de atividades enzimáticas que levam a perdas de produtividade e rentabilidade;
- Redução da respiração do solo em até 50% pelo decréscimo da população da microbiota do solo;
- Diminuição da distribuição de fungos, como os que formam importantes simbioses com as raízes das plantas, as micorrizas arbusculares.
Segundo a pesquisadora, os resultados ainda mostraram que “a salinidade afeta plantas e microrganismos por meio de dois mecanismos primários: efeito osmótico e efeitos de íons específicos”.
Vale lembrar que os microrganismos são essenciais para a manutenção da saúde do solo e a produtividade da lavoura, já que eles participam de processos importantes para a decomposição da matéria e a solubilização de nutrientes para as plantas, como a nitrificação, a amonificação e a fixação do nitrogênio. Além disso, um microbioma saudável também ajuda no combate a patógenos e doenças das plantas.
Outras possibilidades para nutrição com potássio e enxofre
O sulfato de potássio pode ser uma fonte de adubação para nutrir a lavoura com algumas vantagens, como um alto teor de potássio e um bom teor de enxofre. Entretanto, seu alto potencial de lixiviação e um índice de salino ainda elevado são desvantagens desse fertilizante.
Então, existem alternativas para o agricultor? Sim. O Siltito Glauconítico, por exemplo, é uma fonte de potássio, silício e outros nutrientes sem perdas para as camadas mais profundas do solo, além de ter índice salino ínfimo, de 0,17%.
Já o enxofre elementar micronizado tem um alto teor de enxofre, baixo índice salino e não sofre com a lixiviação. Assim, o agricultor pode buscar fontes que sejam eficientes e tenham melhor custo-benefício para a sua lavoura.