O refinamento das estratégias de manejo nutricional na cultura da soja tem sido um dos principais recursos utilizados pelos agricultores para atingir o máximo potencial produtivo da cultura. O potássio, em especial, tem ganhado muito destaque, uma vez que estimativas da Embrapa apontam para uma extração de quase 40 kg de potássio (K2O) para cada tonelada de grãos de soja produzidos e praticamente metade dessa quantidade é exportada do local de plantio. Entenda a importância do manejo adequado desse nutriente para a soja.
A relação entre o potássio e o potencial produtivo da cultura da soja
O potássio é um macronutriente primário encontrado na solução do solo como íon de carga positiva (K+). Ele está entre os três nutrientes mais requeridos pelas plantas e apresenta diversas funções no crescimento, metabolismo e reprodução das culturas, como:
- Ativação enzimática;
- Síntese proteica;
- Fotossíntese;
- Transporte de fotoassimilados no floema;
- Crescimento celular;
- Regulação do potencial hídrico das células;
- Melhoria da qualidade de flores e frutos;
- Amenização de estresses bióticos e abióticos.
Esse macronutriente pode se tornar um dos principais fatores limitantes da expressão do potencial produtivo das culturas.
No artigo Nível crítico e resposta das culturas ao potássio em um Argissolo sob sistema plantio direto, Gustavo Brunetto e seus colegas pesquisadores validaram que em um nível crítico de potássio (42 mg.dm-3) para um Argissolo Vermelho distrófico arênico sob sistema de plantio direto, foi possível atingir mais de 95 % do rendimento máximo das culturas da soja, do milho e do sorgo.
Segundo a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), o nível crítico pode ser interpretado como o valor da concentração do nutriente que corresponde à disponibilidade necessária para alcançar uma produção de máxima eficiência econômica, quando os outros nutrientes ou fatores de produção estão perto do nível adequado.
Nesse sentido, é importante não apenas alcançar níveis adequados de potássio no solo, mas como também acompanhar os teores foliares das plantas.
No artigo Nível crítico de potássio em folhas de soja com tipo de crescimento indeterminado, Luiz Tadeu Jordão e seus colegas pesquisadores destacam que a maior exigência de potássio verificadas nas variedades recentes se deve a dois fatores: maior potencial produtivo e precocidade do ciclo.
Esses dois fatores combinados elevam a demanda do potássio, que potencializa os processos fisiológicos da planta e que consequentemente resultam em uma maior produtividade da cultura.
Evolução da produtividade da soja nos principais estados produtores, que alcançou na safra 2020/2021 uma média nacional de 3.517 kg/ha. (Fonte: Conab)
Dessa forma, quais são as interações que o potássio estabelece com a cultura da soja e quais são os fatores que afetam a sua disponibilidade?
A importância do potássio para a cultura da soja
O potássio é um nutriente que está intimamente ligado com o rendimento de grãos, matéria seca e altura da soja. Enquanto, por exemplo, o maior rendimento dos grãos proporciona um maior retorno financeiro do investimento, a maior altura das plantas favorece a eficiência da colheita mecânica.
No livro Melhoramento Genético da Soja, o Dr. Tuneo Sediyama aponta que uma colheita mais eficiente da soja é obtida quando a altura das plantas fica em torno de 70 a 80 cm.
Já os resultados do artigo Avaliação de parâmetros agronômicos da cultura soja em resposta a diferentes doses de adubação potássica, de Vitor Antigo e seus colegas pesquisadores, apontaram que a adubação potássica teve uma influência positiva na:
- Produtividade: com incrementos de até 31%;
- Matéria seca: com incrementos de até 26%;
- Altura das plantas: alcançando até 92 cm.
Média da produtividade (PROD), massa seca da parte aérea (MSPA) e altura de planta (AP) de soja sobre diferentes dosagens de adubação potássica (T2, T3 e T4) sendo o tratamento 1 (T1) a testemunha.
(Fonte: ANTIGO, V., 2020)
Porém, somente o uso de fertilizantes potássicos não é suficiente para alcançar bons resultados no campo. Isso porque existem fatores que podem afetar a disponibilidade de potássio no solo, como:
- Natureza e quantidade de minerais de argila;
- pH;
- Natureza dos cátions trocáveis.
No artigo Disponibilidade de potássio e suas relações com cálcio e magnésio em soja cultivada em casa-de-vegetação, Fábio Alvares de Oliveira e seus colegas pesquisadores destacam que a relação (Ca+Mg)/K trocável no solo constitui um índice importante de avaliação da disponibilidade do K no solo para a cultura da soja.
Assim, a recomendação de adubação potássica deve sempre considerar a quantidade de calcário aplicada.
Mas, como melhorar o desempenho do potássio na cultura da soja?
A aplicação de potássio na cultura da soja
A aplicação do potássio na cultura da soja deve anteceder o aparecimento de qualquer sintoma visual na planta, uma vez que eles já indicam um comprometimento da produtividade da cultura.
De acordo com a Embrapa, lavouras de soja com deficiência de potássio podem apresentar:
- Grãos pequenos, enrugados, deformados, com baixo vigor e poder germinativo;
- Vagens chochas;
- Atraso na maturação da planta;
- Hastes verdes;
- Retenção foliar;
- Clorose nas bordas das folhas, que podem evoluir para necroses;
Para mitigar o aparecimento desses sintomas visuais e perdas de produtividade, o agricultor deve aplicar doses suficientes de potássio para sua lavoura e garantir que nutrientes estejam disponíveis para absorção durante o ciclo da cultura.
Além disso, quanto maior a diversidade de culturas envolvidas nos ciclos produtivos maior é a necessidade da otimização do desempenho da nutrição, visto que a soja é uma cultura muito utilizada em sistemas de sucessão.
Investir em análises foliares e de solo, proporcionar melhores condições no solo e escolher insumos de liberação progressiva e baixo índice salino estão entre as principais estratégias que vão permitir um melhor desempenho do potássio na cultura da soja.