Pesquisa mostra efeitos da salinidade na atividade enzimática do solo e outros parâmetros importantes para a agricultura

Pesquisa mostra efeitos da salinidade na atividade enzimática do solo e outros parâmetros importantes para a agricultura

Mundialmente, mais de 800 milhões de hectares de terra são constituídos de solos salinos. Isso tem um impacto direto sobre a agricultura, já que a salinidade do solo tem uma série de efeitos negativos para a saúde do agroecossistema, afetando diretamente a produtividade e a qualidade agrícola. Uma pesquisa realizada na Tailândia e publicada na Nature, principal revista científica do mundo, mostra a correlação entre a salinidade e parâmetros importantes do solo, como a atividade enzimática e como isso afeta o desenvolvimento das plantas.

A salinidade traz diversos efeitos negativos para o agroecossistema do solo

Um estudo publicado na revista científica Nature demonstrou a correlação entre elevados índices de salinidade do solo e diversos efeitos negativos na agricultura, como a redução da atividade de enzimas e o desequilíbrio químico e biológico do solo.

Isso, por sua vez, pode afetar as plantas em si, já que existe uma relação próxima entre a microbiota benéfica do solo e as plantas, na região conhecida como rizosfera. Nela, os microrganismos podem se associar ao sistema radicular das plantas, trazendo benefícios para elas.

É o caso, por exemplo, dos microrganismos que melhoram a disponibilidade de certos nutrientes, como o fósforo.

No estudo The efect of salinity on soil chemical characteristics, enzyme activity and bacterial community composition in rice rhizospheres in Northeastern Thailand, Natthawat Sritongon e outros pesquisadores avaliaram diferentes solos da Tailândia nos quais eram produzidos arroz.

O objetivo da pesquisa foi avaliar as relações entre salinidade, as atividades enzimáticas e biológicas do solo e a produção agrícola. De acordo com os pesquisadores, a salinidade nos solos tailandeses estaria associada à redução da altura das plantas, folhas e caule, além da produtividade de grãos e da lavoura em geral.

Os resultados obtidos pelos pesquisadores na análise em amostras de quatro solos de diferentes localidades, com diferentes níveis de salinidade mostrou que, no solo onde a concentração salina era mais alta, houve uma performance negativa de importantes enzimas da rizosfera do arroz, indicando efeitos adversos decorrentes da salinidade.

 

Atividade das enzimas urease (a), fosfatase ácida (b), fosfatase alcalina (c), arilsulfatase (d), desidrogenase (e) e diacetato hidrolase de fuoresceína (f) em solos com diferentes níveis de salinidade. O solo de Ban Thum, no geral, teve os menores índices de atividade enzimática

Atividade das enzimas urease (a), fosfatase ácida (b), fosfatase alcalina (c), arilsulfatase (d), desidrogenase (e) e diacetato hidrolase de fuoresceína (f) em solos com diferentes níveis de salinidade. O solo de Ban Thum, no geral, teve os menores índices de atividade enzimática (Fonte: SRITONGON et al, 2022)

A atividade enzimática é um importante parâmetro de avaliação da saúde do agroecossistema, já que essas substâncias são catalisadoras de reações químicas nos sistemas biológicos.

Assim, graças à sua capacidade de acelerar ou retardar a velocidade de reações dentro das células de plantas e microrganismos do solo, por exemplo, elas contribuem com o equilíbrio químico e biológico do solo.

Portanto, um desbalanceamento na atividade enzimática causado pela salinidade indica efeitos negativos que podem comprometer a produtividade e a qualidade agrícola.

O estresse salino prejudica a atividade agrícola

De acordo com Natthawat Sritongon e seus colegas, o estresse salino é prejudicial à atividade agrícola. Isso porque:

“O estresse salino causa efeitos prejudiciais às plantas e à microbiota do solo ao restringir as atividades celulares, resultando na morte dos organismos. A salinidade diminui muitas das atividades microbianas, tais como a mineralização do nitrogênio e as atividades enzimáticas.”

Segundo os pesquisadores, entre as enzimas cujas atividades podem ser afetadas pelo aumento da salinidade, estão:

  • A desidrogenase;
  • A β-glicosidase;
  • A urease;
  • A protease;
  • A fosfatase alcalina e ácida;
  • A arilsulfatase;
  • A argininamida hidrolase.

Sritongon e seus colegas ainda destacam que:

“Em solos salinos, os sais afetam as plantas ao modificarem os exsudatos radiculares que os microrganismos do solo adaptam para a alta concentração salina a fim de sobreviver. Isso ocorre enquanto a energia é gasta para manter o equilíbrio osmótico desses microrganismos, o que leva a uma diminuição da população microbiana e da capacidade de ligação às raízes na rizosfera.”

No artigo Influence of Salinity and Water Content on Soil Microorganisms, Petra Marshner e outros pesquisadores explicam que a salinidade afeta plantas e microrganismos através do desequilíbrio osmótico do solo, fazendo com que eles percam água para o meio mais salino.

Além disso, a alta concentração de íons específicos ligados à salinidade, como íons de cloro, afetam negativamente os organismos vivos. 

Outro fator que chamou a atenção de Natthawat Sritongon e dos outros autores do artigo The efect of salinity on soil chemical characteristics, enzyme activity and bacterial community composition in rice rhizospheres in Northeastern Thailand, publicado na revista Nature, foi que, nos solos mais salinos, houve diminuição da matéria orgânica e do carbono orgânico.

A matéria orgânica é importante para a manutenção da saúde do solo, já que ela está ligada a melhoria de parâmetros como:

  • Energia e nutrientes para os microrganismos do solo;
  • Estrutura do solo (aeração e permeabilidade);
  • Retenção de água e nutrientes;
  • Mineralização de nutrientes.

Sritongon e seus colegas concluem chamando a atenção para a necessidade de aprofundar os estudos dessas relações entre a salinidade e as propriedades químicas e atividade enzimática do solo, bem como o impacto disso na população microbiana do solo.

Assim, seria possível desenvolver melhores mecanismos de controle da salinidade e também selecionar microrganismos mais resistentes que possam beneficiar o agroecossistema e melhorar a produtividade agrícola.

Alguns fatores que contribuem para o aumento da salinidade e como evitá-los

Em seu artigo, Natthawat Sritongon e seus colegas destacam que a salinidade pode ser provocada por causas naturais, relacionadas às propriedades físico-químicas do solo, quanto pela ação antropogênica.

Nesse último aspecto, o uso de determinados fertilizantes pode tanto acelerar o processo de salinização do solo quanto ajudar a reduzir os efeitos dela.

Os íons de cloro (Cl) estão entre os principais sais que causam o aumento da salinidade do solo. Assim, o uso de fertilizantes com excesso de cloro, a exemplo do Cloreto de Potássio (KCl), que tem aproximadamente 47% de cloro em sua composição.

Dessa maneira, o uso de fertilizantes livres de cloro em sua composição e livres de salinidade, como o K Forte®, pode ser uma boa ferramenta para combater a salinização solo.

Compreender como a salinidade afeta o solo é a chave para combater os efeitos prejudicais dela para agricultura

Em resumo, a salinização do solo afeta parâmetros importantes da qualidade química e biológica do agroecossistema, o que acaba tendo um efeito prejudicial sobre a produtividade agrícola.

A atividade enzimática é um desses parâmetros, já que se relaciona com as reações bioquímicas nos microrganismos do solo e das plantas.

Assim, entender quais são as relações entre a salinidade e a atividade enzimática, bem como com a própria microbiota benéfica do solo é importante para desenvolver métodos de melhorar o combate aos efeitos adversos da salinidade do solo!

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