A Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) instituiu o dia 05 de dezembro como o Dia Mundial do Solo. O solo é essencial para a atividade agrícola, já que é nele que as plantas crescem e se desenvolvem. Assim, é importante que se dê atenção a ele. Aqui, vale notar que a atividade agrícola ocupa, em média, 5 bilhões de hectares, também de acordo com a FAO. Isso equivale a 38% da área terrestre do planeta. Assim, a agricultura tem um papel importante na preservação desse ecossistema tão importante. Entenda mais sobre esse papel!
O Dia Mundial do Solo e a importância desse ecossistema para a segurança alimentar
De acordo com a FAO, nos últimos setenta anos, os níveis de vitaminas e nutrientes nos alimentos diminuíram drasticamente. Além disso, estima-se que dois bilhões de pessoas no mundo sofram de deficiência de micronutrientes ou fome escondida, já que essa é uma condição difícil de detectar.
Nesse sentido, o bom cuidado do solo está diretamente relacionado a isso, uma vez que é nele que se encontra um verdadeiro mundo de organismos, minerais e componentes orgânicos que provêm alimento para os seres humanos através do cultivo de plantas.
Por essa razão, o tema do Dia Mundial do Solo 2022 é “Solos: onde os alimentos começam”. Segundo a FAO, o objetivo com a escolha do tema é chamar a atenção para a importância de manter ecossistemas saudáveis e o bem-estar humano ao abordar os crescentes desafios de manutenção do solo, aumentando a conscientização sobre o solo e incentivando as sociedades a melhorar a saúde do solo.
A organização destaca ainda o grave problema da perda de nutrientes do solo, classificando-o como uma grande degradação do solo que constitui uma ameaça à segurança alimentar no mundo.
Então, como a agricultura pode contribuir para minimizar o problema da perda de nutrientes do solo de uma maneira sustentável e que contribua para a produção de alimentos mais nutritivos e saudáveis?
A importância de repor os nutrientes com fertilizantes adequados
Com a intensificação da atividade agrícola, a retirada de nutrientes do solo nas áreas de produção acaba sendo intensificada. Assim, é preciso que esses nutrientes sejam repostos para manter a saúde do solo.
Os fertilizantes são uma ferramenta essencial nesse processo, já que eles ajudam a repor os nutrientes que as plantas retiram nos seus processos de crescimento e desenvolvimento.
Todavia, é importante que os fertilizantes utilizados sejam adequados. O avanço nas pesquisas na área agrícola mostrou o potencial de novas fontes de nutrição diferentes daquelas que são mais utilizadas na agricultura.
É o caso, por exemplo, das fontes de liberação gradual. Hoje, as fontes convencionais usadas na agricultura normalmente têm uma disponibilização rápida dos nutrientes. Mas muitas delas também têm limitações que podem trazer problemas para o solo.
É o caso de fontes com excesso de cloro ou com alto índice salino, que acabam trazendo prejuízos como o aumento da compactação e da salinidade do solo e também problemas para as próprias plantas.
Como essas fontes são mais suscetíveis à lixiviação, muitas vezes o agricultor acaba tendo que aplicar mais fertilizantes no solo, nem sempre tendo bons retornos e agravando esses problemas.
Já as fontes de liberação gradual são propensas a se perderem em decorrência da lixiviação, além de terem um efeito residual duradouro no solo. Assim, elas ajudam não somente a construir, mas manter a fertilidade do solo e otimizar o manejo agrícola.
As fontes de liberação gradual têm muitas vantagens para o manejo agrícola
O tipo de fertilizante utilizado na agricultura também tem impacto em outro fator muito importante para a manutenção da saúde do solo: os microrganismos benéficos.
Como os microrganismos contribuem para a manutenção da saúde do solo?
Em seu texto de divulgação sobre o Dia Mundial do Solo 2022, a FAO chama a atenção para a riqueza biológica do solo, que inclui os microrganismos.
De fato, estima-se que em apenas uma colher de chá de solo existam cerca de 50 bilhões deles. E, além de serem tão numerosos, cerca de 97% são benéficos, ao contrário do que dita o senso comum. Isso faz com que os microrganismos sejam muito importantes para o agroecossistema.
Assim, a preservação dos microrganismos benéficos do solo é essencial para a manutenção da saúde do solo e, em consequência, da garantia da segurança alimentar mundial.
Nesse sentido, as práticas de manejo do agricultor também têm um impacto importante. Fertilizantes com alto nível de cloro, por exemplo, prejudicam a microbiota do solo. Isso porque o excesso desse elemento, como já dito, aumenta a salinidade do solo.
Isso desequilibra o potencial osmótico do solo e faz com que os organismos nele percam água para o solo. Além disso, o cloro tem um alto poder biocida. Para se ter uma ideia disso, o artigo Effects of some synthetic fertilizers on the soil ecosystem, compara que a aplicação de 200 kg de cloreto de potássio equivale a despejar 1600 litros de água sanitária no solo.
Mesmo a aplicação de uma quantidade pequena de cloreto de potássio no solo, como 50kg, ainda equivale a despejar 400 litros de água sanitária, causando danos à microbiota.
Assim, evitar o uso desse tipo de fertilizante beneficia os microrganismos do solo. Além disso, o agricultor pode implementar práticas que favoreçam a saúde biológica do solo, como a compostagem, por exemplo.
Dessa maneira, a agricultura contribui para que o solo seja mais saudável, incorrendo na produção de alimentos também mais saudáveis!
A agricultura tem um papel fundamental na garantia da saúde do solo e da segurança alimentar mundial
Em resumo, o solo é parte essencial da agricultura e uma peça fundamental na garantia da segurança alimentar mundial.
Por isso, é altamente relevante que o agricultor utilize práticas de manejo que favoreçam a saúde do solo, como o uso de fertilizantes adequados e a implementação de técnicas que favoreça a saúde biológica desse importante agroecossistema!