Cinco dicas para acabar com a deficiência de potássio no eucalipto

Cinco dicas para acabar com a deficiência de potássio no eucalipto

Uma plantação de eucalipto pode exportar mais de 40% do total de potássio aplicado no solo, isso considerando somente a extração de madeira. Por esse motivo, diversos autores apontam que, cada vez mais, o potássio tem se tornado o nutriente mais limitante dos povoamentos florestais. Entenda como identificar e veja cinco dicas para acabar com a deficiência de potássio no eucalipto.

Qual a importância do nutriente potássio para o desenvolvimento do eucalipto?

Estudos demostram que a adubação potássica pode aumentar a produtividade da cultura do eucalipto em até 200%, graças às diversas funções essenciais que o potássio participa na planta, como:

  • Crescimento celular;
  • Ativação enzimática;
  • Síntese proteica;
  • Fotossíntese;
  • Regulação do potencial hídrico das células;
  • Amenização de estresses bióticos e abióticos.

 

Apesar da elevada resposta do eucalipto à adubação potássica, estima-se que a maioria dos solos brasileiros são intemperizados, apresentando baixos teores de potássio, cálcio e magnésio e elevadas quantidades de ferro e alumínio.

Além disso, grande parte das lavouras de eucaliptos estão plantadas em solos marginais, que são aqueles solos que possuem uma menor fertilidade e não costumam ser aptos para cultivos anuais.

No encarte técnico Seja o doutor do seu eucalipto, Ronaldo L. V. A. Silveira e outros pesquisadores apontam que cerca de 60% dos solos com plantios de eucalipto são Latossolos distróficos ou álicos.

A alta exigência do eucalipto por potássio combinada com a baixa fertilidade dos solos, cria um cenário ideal para o surgimento de sintomas visuais de deficiência de potássio no eucalipto, como:

  • Manchas amarelas (cloróticas) nos espaços entre as nervuras e espalhadas irregularmente por toda a superfície das folhas;
  • Faixas amarelas ou avermelhadas nas margens das folhas mais velhas, que se enrolam e secam com a progressão dos sintomas;
  • Aumento das brotações laterais, com a paralisação do desenvolvimento vegetativo.
Evolução dos sintomas de deficiência de potássio nas folhas de eucalipto.

Evolução dos sintomas de deficiência de potássio nas folhas de eucalipto. (Fonte: Adaptado Costa & Schwengber, 2008)

Entretanto, o agricultor não deve esperar o surgimento dos sintomas visuais para entrar com um programa de correção de potássio na lavoura, já que nesse estágio já houve comprometimento da produtividade, qualidade e resistência da cultura a estresses.

Veja a seguir como identificar e acabar com a deficiência de potássio no eucalipto:

1. Entender a origem do problema

O manejo efetivo da deficiência de potássio em um povoamento florestal começa com o entendimento da origem do problema, para evitar o investimento de recursos em soluções temporárias.

Nessa etapa, a análise de solo e foliares serão os grandes aliados do agricultor para entender mais sobre a dinâmica de potássio no solo.

Para refletir o estado atual de fertilidade do campo essas análises devem envolver tanto a avaliação dos reservatórios de potássio (K) de liberação mais rápida, quanto aqueles de liberação mais lenta.Uma visão mais ampliada do ciclo do potássio no solo

Uma visão mais ampliada do ciclo do potássio no solo (Fonte: Bell et al., 2021)

Enquanto os reservatórios de potássio de liberação mais rápida, como K-trócavel  e em solução do solo, terão um impacto maior nas fases iniciais de desenvolvimento da cultura, os reservatórios de potássio de liberação mais lenta darão aporte para sustentar as exigências de potássio ao longo do ciclo produtivo.

Isso acontece porque o grande ciclo produtivo do eucalipto permite que as raízes tenham mais tempo para acessar o potássio retido na superfície e nas intermacadas dos minerais do solo.

2. Não subestimar os efeitos da correção do solo

Uma vez identificados os teores de potássio no solo e seus fatores limitantes, está na hora de prosseguir para as operações de correção do solo.

Apesar da cultura do eucalipto ser uma cultura que se observam mecanismos de tolerância a toxidez por alumínio e que consegue absorver muitos nutrientes em condições de acidez do solo, não se deve subestimar os efeitos da correção do solo.

Tanto a acidez quanto a presença de alumínio no solo podem comprometer a eficiência da adubação potássica. Grande parte dos nutrientes são mais bem aproveitados pelas plantas em solos levemente ácidos a neutros.

No estudo Crescimento de mudas de eucalipto e atributos químicos de um cambissolo em resposta a doses de calcário e gesso, Camila Adaime Gabriel observou que:

  • A Aplicação de calcário: aumentou o acúmulo de potássio e outros nutrientes no caule/ramos de mudas clonais de Eucalyptus benthamii e Eucalyptus dunnii,
  • A Aplicação de gesso: diminuiu a saturação por alumínio, que é um elemento tóxico que pode inibir o processo de absorção de nutrientes.

Além disso, manter o solo numa faixa de pH mais neutro promove o aumento da atividade dos microrganismos, inclusive daqueles capazes de solubilizar e disponibilizar os nutrientes para as plantas de fontes menos solúveis de potássio.

 

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Influência na atividade dos microrganismos para a disponibilização dos nutrientes.

3. Se atentar a condição hídrica da lavoura

Um dos momentos mais críticos para o estabelecimento do povoamento florestal, é a fase inicial de desenvolvimento das plantas.

Os sistemas de plantio florestal, em especial, estão em uma condição mais crítica, já que geralmente não contam com sistemas de irrigação para suprir as demandas hídricas da lavoura, que contribuem indiretamente para a absorção ativa de nutrientes.

Diversos estudos já observaram que a baixa umidade do solo pode reduzir a capacidade de movimentação do potássio no solo e consequentemente intensificar as condições de baixa disponibilidade de potássio.

Nesse sentido, é importante que nas fases iniciais de desenvolvimento do eucalipto os agricultores acompanhem a condição hídrica da lavoura e adotem práticas para mitigar os efeitos do estresse hídrico, que induz as limitações nutricionais da lavoura.

Alguns recursos que podem ser utilizados são a irrigação periódica das mudas durante o primeiro mês do plantio ou ainda incorporar o hidrogel no momento do plantio, um polímero com alta capacidade de retenção de água e nutrientes.

4. Ir além da adubação de cobertura

No manejo das aplicações de potássio na lavoura de eucalipto, uma prática comum adotada por muitos agricultores é o maior investimento nas adubações de cobertura.

Parte dessa prática, tem sua origem no elevado índice salino e potencial de lixiviação dos nutrientes de fontes mais solúveis de potássio.

Contudo, essas fontes mais solúveis de potássio têm baixo potencial para manter e elevar os níveis de fertilidade do solo, diferentemente das fontes de liberação gradual de nutrientes, como o K Forte®.

Como o próprio nome sugere, as fontes de liberação gradual possuem uma taxa mais lenta de disponibilização dos nutrientes e fazem com que as plantas tenham acesso ao potássio por um tempo prolongado. E elas possuem diversos benefícios, como:

  • Mantêm os níveis de potássio no solo estáveis por mais tempo;
  • São menos suscetíveis a sofrer perdas por lixiviação;
  • Reduzem a retenção indesejada de potássio no solo;
  • Podem otimizar a adubação nitrogenada;
  • Podem reduzir custos com aplicação.

5. Investir na adubação nos primeiros anos do ciclo produtivo

Diferentemente de outros tipos de cultivo, o eucalipto apresenta um maior tempo de resposta a adubação até o momento do fechamento do dossel, que é o momento em que as copas das árvores se encontram.Cobertura de dossel de povoamento de clone de eucalipto antes (esquerda) e após desbaste (direita).

Cobertura de dossel de povoamento de clone de eucalipto antes (esquerda) e após desbaste (direita). (Fonte: CHAVES et al, 2007)

Isso porque, a partir desse momento, a ciclagem de nutrientes do sistema de plantio se intensifica com a ocorrência da desrama natural das árvores e decomposição e mineralização desses materiais pelos microrganismos do solo.

No artigo Produção e distribuição de biomassa em Eucalyptus camaldulensis dehn em resposta à adubação e espaçamento, Silvio N. O. Neto observou que o uso de doses mais elevadas de fertilizantes não implicou no aumento proporcional na produção de matéria seca de madeira em um talhão com 32 meses de idades.

Ou seja, o máximo potencial produtivo do eucalipto é definido com o fornecimento constante das doses ideais de nutrientes nos anos iniciais de cultivo, por meio do uso das fontes de liberação rápida e gradual de potássio.

As fontes de liberação rápida e gradual de potássio

As fontes de liberação rápida de potássio, geralmente estão associadas aos fertilizantes potássicos químicos, como o Cloreto de Potássio (KCl). Entretanto, eles apresentam diversas limitações que devem ser respeitadas para não gerar prejuízos para a lavoura.

Já as fontes de liberação gradual de potássio, podem ser encontradas em fontes minerais de potássio, como os pós de rocha. Para eles, os fatores mais importantes a serem observados são a taxa de liberação de nutrientes e o efeito residual prolongado dos nutrientes no solo.

Dessa forma, a correção efetiva da deficiência de potássio no eucalipto envolve o entendimento das condições do solo e da lavoura, aliadas ao uso de práticas complementares a adubação potássica, que deve equilibrar o uso de fontes de potássio na lavoura.

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