O milho é uma das culturas mais importantes da agricultura brasileira. Assim, manter o bom manejo da lavoura e evitar o aparecimento de sintomas de deficiência nutricional é essencial para que ela continue produtiva e rentável. Isso vale também para o enxofre, macronutriente secundário que tem funções muito relevantes no crescimento das plantas. Mas, como identificar os sintomas de deficiência de enxofre no milho e como evitá-los?
O papel do enxofre nas plantas e na cultura do milho
O enxofre é um nutriente muito relevante para o crescimento vegetal, fazendo parte de um grupo conhecido como macronutrientes secundários, ao lado do cálcio e do magnésio.
As funções do enxofre nas plantas estão ligadas principalmente aos processos metabólicos e incluem, entre outras:
- A formação de compostos importantes, como aminoácidos, proteínas, coenzimas e outros;
- A melhoria de parâmetros de qualidade nos alimentos;
- O melhor aproveitamento do nitrogênio no metabolismo vegetal;
- A otimização da adubação com fósforo;
- A indução da resistência aos estresses bióticos e abióticos.
O enxofre exerce diversas funções importantes nas plantas.
Com uma área plantada de mais de 4,4 milhões de hectares e uma produção de mais de 116 milhões de toneladas, de acordo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), o milho é uma das culturas mais relevantes na agricultura brasileira. E estudos têm mostrado que a nutrição sulfatada adequada plantas de milho pode melhorar a produtividade da cultura.
São trabalhos como o artigo Eficiência agronômica de diferentes fertilizantes contendo enxofre para a cultura do milho, de Rodrigo Vianei Czycza e outros pesquisadores, que mostrou que houve respostas positivas na produção de grãos de milho no estado do Paraná quando houve aplicação de enxofre na lavoura.
Já Rafael de Paiva Andrade e outros pesquisadores conseguiram resultados similares também no estado de São Paulo, como observado no artigo Fontes, modo de aplicação e translocação de enxofre no desenvolvimento inicial do milho.
Entretanto, a falta de enxofre tem se tornado limitante para a produtividade e qualidade das lavouras nos solos brasileiros. Uma das causas para isso é que os latossolos e argissolos representam cerca de 58% dos solos do Brasil, de acordo o Sistema Brasileiro de Classificação de Solos (SiBCS). Acontece que esses tipos de solo são, de maneira geral, pobres em enxofre.
Mas outros fatores também contribuem para isso. É o caso, por exemplo, do uso intensivo do solo, com práticas agrícolas que reduzem o teor de matéria orgânica nos solos e até mesmo a aplicação de fertilizantes com baixos teores de enxofre.
Então, como reconhecer os sintomas de deficiência de enxofre no milho e, o mais importante, evitar que eles apareçam?
Reconhecendo os principais sintomas de deficiência de enxofre no milho
Os sintomas visuais de deficiência de enxofre no milho costumam se manifestar nas folhas mais jovens da planta.
Isso se deve ao fato de que esse nutriente possui pouca mobilidade na planta, por causa da sua participação em componentes estruturais. Assim, ele fica retido nas partes vegetativas mais velhas e quando há deficiência de enxofre no milho, a planta não consegue realocar o nutriente para as folhas mais jovens.
A expressão dos sintomas de deficiência de enxofre no milho também está ligada às funções desse nutriente na fisiologia vegetal. Entre as substâncias de cuja formação que o enxofre participa está a clorofila.
Esse pigmento é responsável pela coloração verde das folhas das plantas, bem como é a principal substância envolvida no processo da fotossíntese.
Assim, quando há pouco enxofre no solo durante o crescimento da planta, as folhas mais jovens mostram um amarelecimento, ou clorose, internerval. Com a progressão da deficiência, surgem tons vermelhos-amarronzados nas bordas das folhas.
Além da clorofila, o envolvimento do enxofre na composição de substâncias essenciais para o crescimento das plantas faz com que, em situações de deficiência nutricional, haja um atraso no crescimento vegetal do milho.
Já outro sintoma de deficiência de enxofre no milho se relaciona com a proximidade que esse nutriente tem com o nitrogênio. De acordo com Lefroy e seus colegas, no capítulo Sulphur cycling in rice wetlands do livro Sulphur cycling on the continents, enxofre e nitrogênio “caminham juntos” no metabolismo das plantas. Isso se dá através de duas rotas principais:
- A formação de proteínas de qualidade;
- A fixação biológica do nitrogênio do ar e a incorporação do nitrogênio mineral em aminoácidos.
Assim, quando há a falta de enxofre no manejo nutricional das plantas, há um menor aproveitamento do nitrogênio pelos vegetais.
É o que destaca o renomado engenheiro agrônomo Eurípedes Malavolta, no boletim técnico Potássio, magnésio e enxofre nos solos e culturas brasileiras, explicando que o enxofre faz parte das reações químicas que vão resultar tanto na fixação do nitrogênio quanto na absorção desse importante nutriente pelas plantas.
E como tanto o enxofre como o nitrogênio fazem parte dos principais componentes que formam as proteínas, que são os aminoácidos, a deficiência de enxofre faz com que haja a formação de proteínas de baixa qualidade. Assim, há a redução do valor nutritivo dos grãos do milho.
Diante disso, como lidar com a deficiência de enxofre no milho?
Como lidar com a deficiência de enxofre no milho?
Em primeiro lugar, vale destacar que, quando há a manifestação dos sintomas de deficiência de enxofre no milho, significa que a falta do nutriente já comprometeu o desenvolvimento da planta.
Assim, o melhor caminho é evitar que haja a falta de enxofre no manejo nutricional da lavoura do milho.
Para isso, é essencial que o agricultor entenda bem o estado de fertilidade do solo. E o uso de métodos de análise de solo adequados é uma boa ferramenta para esse entendimento. Com isso, é possível fazer um bom planejamento afim de garantir que haja enxofre suficiente para a lavoura de milho. Mas, quanto de enxofre o milho precisa?
De acordo com Antônio Marcos Coelho, na Circular Técnica da Embrapa intitulada Nutrição e adubação odo milho, a extração de enxofre pela planta de milho varia de 15 a 30 kg/ha para produções de grãos em torno de 5 a 7 ton/ha.
Ainda nesse documento, o pesquisador recomenda que seja feita a aplicação de 30 kg de enxofre por hectare da lavoura. Mas, qual fonte de enxofre aplicar?
Dentre as principais fontes de enxofre utilizadas na agricultura, uma que tem destaque é o enxofre elementar micronizado. Tendo teor elevado de enxofre, de 99%, essa fonte tem como característica a liberação progressiva dos nutrientes no solo.
Assim, é possível evitar a perda de nutrientes para as camadas mais profundas do solo através do processo de lixiviação e também aproveitar o efeito residual que essa fonte tem. Isso é particularmente vantajoso para os casos em que o milho é utilizado em sistemas de sucessão, juntamente com a cultura da soja, por exemplo.
O enxofre elementar micronizado também tem um baixo índice salino, o que ajuda a manter a saúde do solo. Outra vantagem dessa fonte é que ela tem uma distribuição mais homogênea no solo, evitando assim que haja áreas da lavoura que recebam enxofre em excesso ou não recebam o nutriente em quantidades adequadas.
Além da escolha assertiva da fonte de enxofre, o acompanhamento da resposta da lavoura ao manejo, através de ferramentas como a análise foliar, é importante para garantir que a adubação sulfatada está gerando bons resultados.
Estar atento ao manejo ajuda a prevenir a deficiência de enxofre no milho
Levando em conta os impactos negativos da deficiência de enxofre no milho, como o atraso no crescimento das plantas, a diminuição do valor nutritivo dos grãos e também do aproveitamento do nitrogênio, é importante que o agricultor esteja atento à nutrição sulfatada da cultura.
A prevenção do aparecimento dos sintomas de deficiência, através da adubação com fontes adequadas como o enxofre elementar micronizado, é a chave para manter a lavoura saudável, mais produtiva e rentável.