A deficiência de enxofre na soja pode ter um impacto negativo no rendimento e qualidade dos grãos. Estudos da Embrapa Soja, por exemplo, mostram que a adubação sulfatada pode contribuir para o aumento da produtividade em até 500kg/ha. Por isso, é essencial saber identificar os principais indicativos que apontam para a necessidade de aplicação do enxofre na lavoura. Assim, como identificar os sintomas de deficiência de enxofre na soja?
Os sintomas de deficiência de enxofre em soja
Os sintomas de deficiência de enxofre são um reflexo das diversas funções que esse nutriente desempenha nas culturas, sendo que, no caso da soja, pode-se destacar a importância da participação do enxofre no metabolismo do nitrogênio e no teor proteico dos grãos.
Lefroy e seus colegas, no capítulo Sulphur cycling in rice wetlands do livro Sulphur cycling on the continents, explicam que o enxofre e o nitrogênio “andam juntos” no metabolismo das plantas através de duas rotas principais:
- A formação de proteínas de qualidade;
- A fixação biológica do nitrogênio do ar e incorporação do nitrogênio mineral em aminoácidos.
Tanto o enxofre quanto o nitrogênio fazem parte do principal componente que forma as proteínas: os aminoácidos. Por causa disso, quando há ausência ou deficiência de enxofre durante o crescimento das plantas, as proteínas formadas são de baixa qualidade.
Além disso, o enxofre também faz parte das reações químicas que vão resultar na fixação e absorção do nitrogênio pelas plantas. Ou seja, condições em que há uma baixa disponibilidade de enxofre também podem acabar prejudicando o aproveitamento desse nutriente e atrapalhando, por exemplo, o processo de nodulação da soja.
A falta de enxofre prejudica o aproveitamento do nitrogênio pelas plantas, atrapalhando por exemplo o processo de nodulação da soja. (Fonte: MALAVOLTA, 1982)
Fato este que faz a conexão do impacto que a adubação sulfatada pode ter na produtividade da cultura, como indicam estudos sobre o assunto.
No artigo Nodulação de cultivares de soja e seus efeitos no rendimento de grãos, por exemplo, Evandro Martin Brandelero e outros pesquisadores destacaram que mais de 40% do rendimento de grãos de soja se correlacionaram com os componentes da nodulação dos cultivares.
Mesmo que os indicativos dos sintomas de deficiência de enxofre se reflitam na qualidade e produtividade da soja, uma das principais características observadas no campo é a presença de folhas jovens amareladas e com as bordas necrosadas.
Tal fenômeno advém da participação do enxofre na síntese do principal pigmento fotossintético envolvido com a captação da energia solar e que dá a cor característica verde as plantas: a clorofila.
Assim, em condições de baixa disponibilidade de enxofre, as plantas não conseguem manter uma produção adequada desse pigmento, resultando na cor amarelada das folhas mais novas.
Mas, porque as folhas mais novas da soja são as primeiras a manifestar os sintomas de deficiência de enxofre? Isso acontece porque o enxofre é um nutriente pouco móvel na planta, muitas vezes ficando mais retido nas estruturas mais velhas por ser um componente de vários compostos orgânicos.
Ou seja, em condições adversas, as plantas perdem a única “reserva de emergência de nutrientes” que poderia ser usada para garantir o desenvolvimento adequado dos novos órgãos vegetativos. E, com isso, grande parte dos sintomas de deficiência vão acabar se concentrando neles.
Também são comuns os relatos de atrofiamento do crescimento causados pela deficiência de enxofre na soja, o que destaca mais uma vez a importância de se fazer uma adubação sulfatada assertiva para a cultura.
Como corrigir a deficiência de enxofre na soja?
Um dos primeiros passos para se corrigir a deficiência de enxofre na soja é a aplicação de ações preventivas, uma vez que a produtividade e qualidade da cultura já foram prejudicadas quando são identificados os sintomas de deficiência.
Isso implica na adoção de fontes de enxofre eficientes e com um longo efeito residual no manejo da adubação da soja, principalmente se a cultura estiver inserida em sistemas de cultivo de sucessão e rotação.
Quando o milho é utilizado no sistema de rotação de culturas junto com a soja, por exemplo, é preciso garantir que haja quantidades suficientes do elemento para que a safra de milho não seja prejudicada. E o mesmo princípio se aplica para todas as demais culturas.
Segundo Cristiane Aparecida de Paula, agrônoma e técnica agrícola, a evolução das práticas de adubação dos sistemas de sucessão na agricultura depende, em parte, da revisão dos conceitos sobre solubilidade e disponibilidade de nutrientes.
Dentre as fontes de enxofre disponíveis no mercado, a que se mais se destaca é o enxofre elementar micronizado.
O enxofre elementar é uma forma de enxofre que precisa passar por um processo de oxidação para ser disponibilizado para a planta. A vantagem disso é uma liberação progressiva, fazendo com que o nutriente esteja presente no solo por mais tempo e esteja menos sujeito a lixiviação.
A sua forma micronizada também garante uma maior eficiência agronômica em relação às outras duas formas do enxofre elementar, granulada e pastilhada, ao proporcionar:
- Uma maior área de contato com os microrganismos, que disponibilizam o enxofre para as plantas de forma mais rápida, quando comparado ao enxofre granulado e pastilhado;
- Uma dispersão mais homogênea na lavoura, garantindo um melhor equilíbrio de nutrientes no solo.
Efeito da interação para o número de vagens de soja por planta (A), número de grãos por planta (B) e rendimento de grãos por vaso (C) com diferentes níveis e fontes de S (S elementar pastilhado – ESPA e S elementar micronizado – ESPO). (Fonte: IBANEZ et al, 2021)
Além disso, o monitoramento da lavoura, através de ferramentas como a análise de solo adequada, bem como da análise foliar, são importantes para prevenir que haja deficiência de enxofre na soja.
Isso porque essas técnicas são essenciais para que o agricultor compreenda melhor o estado de fertilidade do solo e também as respostas da cultura ao manejo nutricional. Isso permite que ele faça escolhas mais assertivas na hora de pensar planejar esse manejo.
A aplicação do enxofre é o caminho para uma soja cada vez mais produtiva e de qualidade
Considerando os diversos impactos negativos que a deficiência de enxofre pode causar na produtividade e qualidade da soja, garantir que a cultura esteja nutrida adequadamente com esse nutriente é importante para que a lavoura seja cada vez mais produtiva e de qualidade.
Para isso, a nutrição adequada da lavoura com fertilizantes, como o enxofre elementar micronizado, deve ser vista como uma prática essencial para alcançar um sistema produtivo de alta performance!
