Você já observou plantas de milho com baixa estatura, superbrotamento e má formação de grãos nas espigas? Saiba que esses sintomas podem indicar uma baixa disponibilidade de boro para as plantas de milho. Conheça a seguir os principais sintomas da deficiência de boro no milho e como evitá-los através de boas práticas de adubação e manejo do solo!
O que a falta de boro causa no milho?
No Brasil, a falta de teores adequados de boro para as plantas é uma realidade de muitas regiões agrícolas espalhadas pelo país.
Segundo o estudo Aspectos relacionados ao mapeamento da disponibilidade de potássio nos solos do Brasil, da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), grande parte dos solos brasileiros são muito antigos, intemperizados e com baixa disponibilidade de alguns dos nutrientes mais essenciais para as plantas, como o boro.
A baixa disponibilidade de boro para as plantas é conhecida por afetar negativamente diversos aspectos produtivos e de qualidade das lavouras, como a produção de matéria seca e de grãos de diferentes culturas agrícolas.
No caso da cultura do milho, parte desses impactos negativos podem ser observados no próprio porte das plantas que vão apresentar:
- Crescimento anormal e lento dos pontos de crescimento apical e dos entrenós;
- Diminuição do crescimento de novas brotações e raízes;
- Em casos mais graves de deficiência, a morte dos pontos de crescimento.
Isso acontece porque o boro é um nutriente que está muito envolvido com a formação e síntese de diversos compostos responsáveis por garantir a integridade e estabilidade das paredes celulares vegetais, como a celulose e a lignina.
Compostos que também são muitos importantes para o sistema de defesa das plantas contra pragas e doenças.
Dessa maneira, plantas de milho deficientes em boro frequentemente vão apresentar não apenas um crescimento limitado, como também uma maior suscetibilidade a pragas e doenças.
Outro problema grave associado à deficiência de boro no milho pode ser observado durante o estádio reprodutivo da cultura.
Espigas pequenas, disformes, com falhas nas fileiras e grãos deformados, associadas ao pegamento e formação restritos das flores, são outros problemas que podem estar presentes em lavouras de milho com baixa disponibilidade de boro no solo.
No estudo Boas práticas para o uso de fertilizantes na cultura do milho, o pesquisador Antônio Luiz Fancelli explica que a má formação de grãos nas espigas causada pela deficiência de boro pode ser associada às importantes funções que esse micronutriente desempenha durante o estádio reprodutivo das plantas.
Funções essas que incluem a germinação do grão de pólen e o crescimento do tubo polínico, o que possibilita a fecundação das plantas e o desenvolvimento e granação das sementes de milho.
O boro é um micronutriente que desempenha funções indispensáveis nas plantas, sendo importante para a produtividade e qualidade em várias culturas, incluindo o milho.
Por fim, o agricultor também pode observar os sintomas da deficiência de boro nas folhas mais novas do milho, uma vez que esse micronutriente tem uma mobilidade muito restrita dentro das plantas.
Essa condição é caracterizada por folhas deformadas, frágeis, grossas, enrugadas e com a presença de faixas alongadas aquosas ou transparentes, que posteriormente ficam brancas ou secas.
Portanto, podemos observar que os sintomas da deficiência de boro no milho podem causar consequências muito negativas para a cultura. Mas, como é possível evitá-los?
Como evitar sintomas da deficiência de boro no milho
No campo, existem diversos fatores que podem favorecer a ocorrência de deficiência de boro no milho, incluindo:
- O pH e a textura do solo;
- O cultivo de cultivares exigentes a esse micronutriente;
- A presença de períodos de seca e/ou elevadas precipitações;
- As interações com outros nutrientes presentes no solo, principalmente com o potássio e o nitrogênio.
É o que destaca Eltje Jan Loman Filho, em seu estudo Fertilização de boro na cultura do milho associada a nitrogênio e potássio em plantio direto na palha.
Com isso, é importante que o agricultor saiba manejar esses fatores a fim de melhorar a disponibilidade desse micronutriente para as plantas e evitar sintomas da deficiência de boro no milho.
De forma geral, solos bem corrigidos, com alta capacidade de retenção de água e nutrientes, com bons teores de matéria orgânica e bem equilibrados em termos nutricionais são capazes de proporcionar uma melhor disponibilidade de boro para as plantas.
Mas, para isso, na maioria das vezes o agricultor precisa recorrer a aplicação de uma fonte externa de boro na lavoura, visto a baixa presença natural desse micronutriente em grande parte dos solos brasileiros.
Quando pensamos na adubação e aplicação de boro, é preciso buscar evitar três grandes problemas que podem comprometer a eficiência dos fertilizantes: as perdas de boro por lixiviação , a fitotoxidez de boro e os efeitos da segregação dos nutrientes no campo.
Para isso, recomenda-se que a maior parte da dose total dos fertilizantes aplicados nas áreas corresponda às fontes de boro de liberação progressiva e com longo efeito residual.
E, caso o boro esteja presente em uma formulação multinutrientes, é importante que a granulometria de todas as matérias-primas seja a mesma.
Assim, é possível proporcionar uma adubação com boro eficiente para o milho que, por sua vez, estabiliza os níveis desse nutriente no solo e evita o surgimento dos sintomas da deficiência de boro na cultura.
A adubação com boro é muito importante para a cultura do milho
Em resumo, podemos perceber que, muitas vezes, a melhoria da disponibilidade de boro para as plantas é indispensável para evitar as consequências negativas que os sintomas da deficiência de boro no milho podem trazer para produtividade e qualidade da lavoura.
Com isso, o manejo correto do solo e a aplicação de fontes adequadas desse micronutriente nas lavouras se tornam importantes ferramentas que o agricultor dispõe para assegurar a alta performance das lavouras de milho, evitando a manifestação da deficiência de boro no milho ao proporcionar uma boa disponibilidade desse micronutriente no campo!