Quais são os principais sintomas da deficiência de boro em pastagens?

Quais são os principais sintomas da deficiência de boro em pastagens?

Você já observou folhas amareladas e um menor perfilhamento em plantas forrageiras? Saiba que esses sinais podem corresponder aos principais sintomas da deficiência de boro em pastagens. Conheça, a seguir, quais são eles e como evitá-los através das boas práticas de adubação com boro!

As principais características da deficiência de boro em pastagens

A deficiência de boro é uma realidade para diversas culturas agrícolas cultivadas no Brasil e isso inclui as pastagens.

A combinação do baixo conteúdo de boro nas rochas que deram origem a grande parte dos solos brasileiros com a alta taxa de intemperismo do solo e de lixiviação dos nutrientes, tornaram esse micronutriente um fator limitante em diversas regiões agrícolas brasileiras.

De forma geral, quando as pastagens se encontram com uma disponibilidade limitada e insuficiente de boro para completar o seu ciclo produtivo, elas podem sofrer uma série de limitações à produção e qualidade da forragem.

Essas limitações, por sua vez, vão impactar negativamente no incremento de peso dos animais e na manutenção de níveis adequados de boro na dieta animal.

No comunicado técnico nº 76 Guia de identificação de deficiências nutricionais em Brachiaria brizantha cv. marandu da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Patricia Perondi Anchão Oliveira e outros pesquisadores observaram que para a Brachiaria brizantha cv. Marandu, conhecida popularmente como “Brachiarão”, os sintomas de deficiência de boro em pastagens  dessa espécie resultaram em:

  • Folhas jovens amareladas, iniciando na base da folha em direção ao seu ápice;
  • Menor desenvolvimento da planta;
  • Excesso de raízes laterais curtas;
  • Raízes pequenas e debilitadas;
  • Raízes despigmentadas;
  • Menor perfilhamento.

Inicialmente, a manifestação dos sintomas da deficiência de boro em pastagens tende a ser mais acentuada nas regiões mais novas das plantas, já que o boro é um nutriente com uma mobilidade muito restrita dentro da planta.

Além disso, como o boro é conhecido por ser um nutriente capaz de afetar a atividade fotossintética e o transporte e o metabolismo dos produtos da fotossíntese, pastagens deficientes em boro normalmente apresentam um desenvolvimento vegetal e radicular restrito e reduzido.

Economicamente, a menor produção de matéria seca causada pela deficiência de boro em pastagens pode reduzir a margem de lucro com o rebanho, já que o pecuarista precisará suplementar e/ou complementar a alimentação para manter ou elevar a produtividade.

Entretanto, essa redução da margem de lucros não fica restrita às maiores despesas com a alimentação animal: outras áreas que também são muito afetadas pela deficiência de boro em pastagens são as práticas de adubação e irrigação dessa cultura.

Como a deficiência de boro compromete o sistema radicular das pastagens, as plantas acabam tendo a sua capacidade de absorção de água e nutrientes comprometidas, o que, por sua vez, reduz a eficiência dos fertilizantes e da própria água aplicada nas áreas.

Particularmente no caso das pastagens compostas por forrageiras leguminosas, também pode ser observada uma necessidade de complementação da adubação nitrogenada dos piquetes.

Isso acontece porque a deficiência de boro nas plantas também pode afetar a parede celular dos nódulos presentes nas raízes, permitindo a entrada de oxigênio para o interior dos nódulos e diminuindo o processo de fixação biológica de nitrogênio.

Dessa forma, é preciso que o pecuarista esteja sempre atento aos níveis de boro das suas pastagens para evitar as consequências negativas que os sintomas da deficiência desse micronutriente podem causar.

A melhor forma de adubação com boro para pastagens

Desde a década de 50, respostas positivas das pastagens à adubação com boro têm sido observadas no meio científico.

Segundo o pesquisador Lourival Vilela, apesar das respostas das pastagens de gramíneas tropicais à aplicação de micronutrientes não ser tão expressiva quanto aquelas observadas em culturas de grãos, a aplicação deles muitas vezes não pode ser dispensada.

É o que ele e outros pesquisadores ressaltaram no capítulo Adubação potássica e com micronutrientes do livro Uso eficiente de corretivos e fertilizantes em pastagens.

Espécies como a Brachiaria brizantha e Panicum maximum chegam a exigir de 10 a 30 mg/kg de boro para alcançarem um bom desenvolvimento ao longo do seu ciclo produtivo.

No campo, normalmente o atendimento dessa exigência nutricional tem sido alcançado com aplicação de doses de 1 a 4 kg/ha de boro no solo associada a outras práticas de manejo do que favoreçam uma melhor disponibilidade desse micronutriente para as plantas.

Solos com baixa disponibilidade de água, por exemplo, podem diminuir o teor de boro prontamente disponível às plantas.

Além disso, essa condição pode ainda limitar o crescimento radicular das pastagens, gerando menor exploração do solo pelas raízes e, consequentemente, menor absorção de boro pelas plantas.

O mesmo acontece em solos muito ácidos, que acabam reduzindo a quantidade de boro disponível para as plantas ao intensificar o processo de perdas desse nutriente para as camadas mais profundas do solo pelo processo de lixiviação.

Por isso, o incremento da matéria orgânica do solo, aplicação de calcário e outras práticas que favoreçam a maior retenção de água e a melhor correção do solo são muito importantes para melhorar a disponibilidade de boro para as pastagens.

A matéria orgânica desempenha um papel fundamental na saúde do solo e das pastagens, e por consequência na atividade pecuária.

Dessa forma, podemos perceber que o fornecimento adequado de boro para as pastagens não se limita a aplicação de boro e incluiu outras práticas de manejo do solo.

A adubação adequada pode ser necessária para evitar os sintomas de deficiência de boro em pastagens

Como vimos anteriormente, a adubação adequada de pastagens pode ser uma prática indispensável para atender as exigências nutricionais das forrageiras e evitar os sintomas de deficiência de boro em pastagens.

Dessa forma, o pecuarista deve estar sempre atento a necessidade de aplicação de fontes adequadas de boro associada a outras práticas de manejo que favoreçam uma maior disponibilidade desse micronutriente no solo!

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