A textura do solo se destaca como um dos principais fatores que podem influenciar na adubação potássica, já que ela afeta diretamente a disponibilidade e retenção de nutrientes do solo. Entenda mais sobre como se dá essa relação e como é possível otimizar o uso dos fertilizantes potássicos em diferentes tipos de solo!
Como a textura do solo pode influenciar a disponibilidade de potássio na lavoura
A textura nada mais é que uma propriedade física do solo que quantifica as proporções de diferentes partículas (areia, silte e argila) de acordo com o seu tamanho. O resultado dessa análise classifica o solo dentro de uma das 14 classes texturais descritos pelo Sistema Brasileiro de Classificação de Solos.
Triângulo de classificação textural de solos. (Fonte: Lemos & Santos, 1984)
A classe textural pode ser obtida tanto pela interpretação da análise laboratorial física do solo, quanto pela análise tátil do material, que exige uma grande experiência do avaliador para obter-se um resultado preciso.
Amostras de solo que exibem pegajosidade e firmeza dominante, formando fios maiores que 5 cm, e que são ligeiramente ásperos e sedosos, apresentando rangido não claramente audível, por exemplo, podem classificar o solo como argiloso. É o que descreve o material Arquitetura e propriedades físicas do solo.
Entender sobre essa classificação textural dos diferentes horizontes do solo é imprescindível para melhorar o manejo da adubação potássica.
No artigo Potassium Leaching as Affected by Soil Texture and Residual Fertilization in Tropical Soils, Ciro Antonio Rosolem e outros pesquisadores destacam a textura do solo como um dos fatores que afetam a dinâmica de potássio em solos tropicais.
Dependendo da proporção das diferentes partículas do solo, ocorrem alguns fenômenos fundamentais de superfície, que são capazes de influenciar diversas outras propriedades do solo.
A maior presença de partículas pequenas, como silte e argila por exemplo, aumentam a área superficial do solo. Nessas condições, um solo pode apresentar uma maior capacidade de retenção de água, nutrientes e outras substâncias químicas do solo e uma maior taxa de liberação de nutrientes para as plantas, através de minerais intemperizáveis.
Isso explica, em parte, porque solos que apresentam uma baixa superfície específica, como os solos de textura arenosa, possuem uma maior tendência de perder os nutrientes para as camadas mais profundas do solo.
Mas, como essas relações afetam o desempenho da adubação potássica na prática?
A adubação potássica em diferentes tipos de solo
Diversas pesquisas realizadas ao longo dos anos vêm avaliando o impacto da textura do solo nas respostas das lavouras à adubação potássica e identificando as melhores práticas agrícolas para o manejo da fertilidade do solo em diferentes condições.
No artigo Resposta à Adubação Potássica em Solos de Diferentes Texturas, Lucas Benes Delai e outros pesquisadores notaram uma maior resposta à adubação potássica em solos de textura média do que nos de textura argilosa.
Eles explicam que os solos argilosos podem apresentar uma menor exaustão das reservas de potássio ao longo dos anos, em função do maior poder tampão do solo.
Essa propriedade confere uma maior capacidade de suprimento de potássio para a solução do solo, resultando em uma maior capacidade produtiva mesmo em condições de menor adubação.
Produtividade de grãos de soja em função de doses de potássio em solos com textura argilosa e média. (Fonte: DELAI et al., 2015)
Já o pesquisador Fábio Steiner identificou que a dose de potássio (K2O) para lixiviação efetiva dos nutrientes, que é aquela que ocorre em profundidade maior que 0,4 m da superfície do solo, é maior em solos de textura argilosa do que de textura média.
Resultados estes que foram explorados no estudo Balanço de potássio no sistema solo -planta influenciado pela textura e adubação potássica em solos tropicais.
Esse maior limite das doses de fertilizantes potássicos em solos argilosos pode ser atribuído em parte à sua maior capacidade de troca catiônica (CTC). Essa propriedade permite que os solos possuam uma maior capacidade de reter temporariamente nutrientes com cargas positivas, como o potássio (K+).
Como os solos de textura média e arenosa são mais propensos a apresentarem uma menor CTC, eles podem exigir maior parcelamento das doses de potássio e adoção de outras práticas agrícolas para evitar as perdas dos nutrientes por lixiviação.
Como a prática do parcelamento das adubações agrega mais custos aos sistemas de produção, muitos agricultores têm recorrido a alternativas para otimizar a adubação potássica em solos de textura mais grosseira, como os arenosos.
Alternativas para aumentar os teores de potássio em solos arenosos e evitar perdas por lixiviação
A incorporação de matéria orgânica é uma das alternativas de manejo mais consolidadas no meio agrícola para melhorar o aproveitamento de potássio pelas plantas cultivadas em solos de textura arenosa.
A matéria orgânica (MO) é uma fonte rica de cargas negativas capaz aumentar a CTC do solo e favorecer a retenção temporária de nutrientes de cargas positiva, como o potássio, pelo princípio da lei de Coulomb.
Além disso, a MO é capaz de favorecer diversas outras propriedades físicas, químicas e biológicas do solo, principalmente quando estabilizada pelo processo da compostagem, favorecendo a diversidade dos microrganismos benéficos ou mesmo melhorando a estrutura física do solo.
A compostagem é uma técnica muito utilizada para estabilizar resíduos sólidos orgânicos de origem vegetal e animal.
Mas, assim como rege o princípio do manejo integrado de pragas e doenças, não é apenas a adoção ou melhoria de uma prática agrícola que será capaz de favorecer substancialmente a eficiência da aplicação de potássio em solos arenosos.
Cada vez mais os agricultores tem se tornado adeptos à substituição parcial ou total das fontes convencionais de potássio pelos fertilizantes potássicos de liberação progressiva, que favorecem o sincronismo entre a disponibilidade de potássio e a exigência nutricional das culturas.
Os fertilizantes potássicos de liberação progressiva são uma solução inteligente para a adubação potássica em solos arenosos
Como o próprio nome sugere, os fertilizantes de liberação progressiva possuem uma taxa gradual de disponibilização dos nutrientes para o solo e para as plantas, o que faz com que eles estejam menos susceptíveis a sofrer perdas por lixiviação.
Além disso, o manejo nutricional da lavoura pode ser otimizado, já que como os nutrientes ficam no solo por mais tempo, reduzindo a necessidade de reaplicação dos fertilizantes e estabilizando os níveis de nutrientes no solo por mais tempo.
Por isso, cada vez mais os fertilizantes potássicos de liberação progressiva, como o BAKS® e o K Forte®, se mostram como uma solução inteligente a ser agregada para otimizar a adubação potássica em diferentes tipos de solo!
