As análises de nutrientes no solo, como o potássio, sempre foram uma importante ferramenta técnico-científica para o melhor entendimento e manejo dos solos do país. Estudos conduzidos por diferentes agências de pesquisa utilizam essas análises para, por exemplo, criar mapas de solos do Brasil. Mas, na prática, o agricultor melhora algum aspecto do seu sistema produtivo ao entender mais sobre as análises de potássio no solo?
O panorama das análises de potássio nos solos brasileiros
As análises de potássio no solo fornecem ao agricultor uma importante ferramenta para orientar o manejo nutricional da lavoura, oferecendo benefícios que vão desde a economia com fertilizantes ao melhor gerenciamento de riscos.
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Existem vários motivos para fazer a análise do solo na sua propriedade.
No Brasil, essas análises ganham um papel ainda mais importante. Estudos realizados pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), em parceria com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), resultaram na atualização do mapa de solos do Brasil em 2020 na Plataforma do Programa Nacional de Solos do Brasil.
Segundo a Embrapa, a maioria dos solos do país tem baixa disponibilidade desse potássio, ou seja, são muito dependentes da utilização de fertilizantes potássicos para se manterem fértil.
Manter a fertilidade do solo é especialmente crítico no caso do potássio, já que ele é um macronutriente primário. Ou seja, além de ser essencial para o desenvolvimento vegetal, ele é requerido em grandes quantidades.
Assim, o entendimento dos níveis de nutrientes através das análises de solo é essencial para fornecer as quantidades adequadas de potássio para as plantas. Entretanto, não basta realizar as análises laboratoriais brasileiras de rotina.
Elas, na maioria das vezes, não conseguem quantificar a real disponibilidade de potássio nos solos.
Isso porque os métodos de análise de solo mais utilizados, geralmente, não se adequam ao objetivo do agricultor e às diferentes condições de solo e manejo encontradas nos sistemas de produção. Assim, nem sempre eles são suficientes para compreender a dinâmica potássio-solo-planta-produtividade.
Mas, será que vale a pena investir em um método de análise de potássio no solo mais adequado ao sistema de produção? Veja a seguir porque a realização assertiva dessas análises é importante e como ela pode contribuir com o manejo da sua lavoura:
1. Permite um melhor equilíbrio de nutrientes no solo
Um aspecto muito importante para alcançar um manejo nutricional eficiente da lavoura é proporcionar um equilíbrio de nutrientes de solo, já que a concentração excessiva de alguns elementos pode comprometer a absorção de outros.
Essa interação entre os nutrientes é conhecida como inibição e faz com que a planta apresente uma absorção preferencial de alguns íons, dependendo das condições do solo.
No Jornal Informações Agronômicas 149, do International Plant Nutrition Institute (IPN), os pesquisadores Maria Ligia de Souza Silva e Anderson Ricardo Trevizam explicam que na relação potássio (K+), cálcio (Ca2+) e magnésio (Mg2+), existe uma absorção preferencial do potássio.
Contudo, eles ressaltam que a relação inversa também pode ocorrer. A condução inadequada de práticas como a calagem, por exemplo, pode promover o aumento excessivo das concentrações de Ca e Mg do solo, relativamente à do K, reduzindo a absorção de potássio pelas raízes elevando a manifestação de sintomas de deficiência nas plantas.
Assim, as análises de potássio no solo são essenciais para orientar as práticas de correção e adubação, para alcançar um melhor equilíbrio de nutrientes no solo.
2. Proporciona a escolha adequada e aplicação da dose correta de fertilizantes potássicos
Os agricultores sempre buscam proporcionar as melhores condições no campo para otimizar o desempenho das lavouras. E, dentre as diferentes práticas de manejo adotadas que possuem um grande impacto nessa relação, destaca-se a disponibilização adequada de nutrientes ao longo do ciclo das culturas.
As culturas começam a acumular nutrientes logo após a sua emergência e estabelecem o ritmo conhecido como marcha de absorção.
Através dela se torna possível identificar a quantidade, a época e os órgãos que possuem uma maior concentração potássio, assim como os períodos de maiores exigências nutricionais.
Na prática, a junção dos conhecimentos acerca da marcha de absorção de nutrientes e das análises de potássio no solo, proporciona a escolha adequada e aplicação de fertilizantes potássicos no momento certo e nas dosagens corretas.
3. Pode reduzir os gastos com insumos
As análises de potássio no solo ganham ainda mais destaque na hora de orientar os investimentos em fontes de potássio para a lavoura.
Quando o agricultor conhece o real estado de fertilidade do solo, usando os métodos de análise adequados para as condições do sistema de produção, ele consegue entender a fundo todo o aporte de potássio que o solo pode oferecer para sua lavoura a curto e a longo prazo.
Esse conhecimento faz com que o investimento e aplicação em fertilizantes potássicos nas lavouras fique muito mais assertivo e limita muito as perdas de nutrientes na área, por reduzir situações de excesso de potássio no solo.
Assim, o agricultor poderá aplicar fontes de potássio de liberação gradual ou imediata dependendo das demandas da planta e do teor de potássio no solo, ou ainda chegará à conclusão de que o solo consegue atender as exigências nutricionais da cultura naquele período de tempo.
4. Aproveita todo o potencial dos fertilizantes
Conhecer o real estado de fertilidade do solo a partir da análise de potássio no solo também traz outro benefício. Usando os métodos de análise adequados para as condições do sistema de produção, o agricultor consegue perceber a relação entre a liberação de nutrientes pelo fertilizante e a absorção de potássio pela planta.
O emprego da metodologia de análise correta solo na área é especialmente relevante para os fertilizantes potássicos de liberação progressiva, já que a maior parte das análises rotineiras de solo não conseguem quantificar o potássio disponível nessas fontes.
Isso acontece porque as soluções químicas usadas nessas análises, também conhecidos como extratores, conseguem avaliar apenas os “reservatórios” de potássio do solo de disponibilidade mais rápida (em solução e trocável).
Dessa forma, o agricultor consegue evitar a subestimação do potencial dos fertilizantes com o emprego da metodologia correta de análise de potássio na sua área de cultivo.
5. Melhoria do entendimento sobre a dinâmica do potássio no solo
Por fim, ao entender profundamente a dinâmica do potássio no solo, torna-se possível identificar quais as melhores práticas agrícolas que potencializam a disponibilidade de potássio no solo.
Seja com a retenção dos resíduos culturais na lavoura, seja com a inoculação de microrganismos benéficos no solo, o agricultor passa a ter uma postura ativa na escolha das práticas agrícolas que mais favoreçam a dinâmica do potássio no seu sistema de produção.
Mas, será que existe um método correto de análise de solo para entender sobre a dinâmica de potássio?
A escolha do método correto de análise de potássio no solo
A rigor, não existe um método correto de análise de potássio no solo. Existe aquele método que mais se adequa à situação da lavoura, considerando o tipo de solo, a cultura utilizada, o manejo agrícola e, especialmente, a fonte de potássio utilizada.
Uma das formas de conduzir a escolha do método de análise de solo para potássio, sugerida no livro Improving Potassium Recommendations for Agricultural Crops, é através da duração do ciclo da cultura, aliado ao conhecimento dos diversos extratores usados nessas análises.
Com isso, a análise de potássio no solo se torna uma importante ferramenta para o agricultor orientar o manejo dos fertilizantes potássicos na sua lavoura, desde que observado se o método de análise condiz com o objetivo e a realidade da lavoura.