O fósforo é um dos nutrientes mais requeridos pelas plantas, por isso é importante pensar nele na hora de realizar o manejo nutricional da lavoura. Dentre as fontes fosfatadas disponíveis para o agricultor, está o fosfato natural ou fosfato natural reativo. Entenda exatamente o que é essa fonte de fósforo, quais são as suas vantagens e a suas limitações.
O que é o fosfato natural?
O fosfato natural, também conhecido como fosfato natural reativo, é um tipo de fertilizante de fósforo produzido principalmente a partir de rochas sedimentares, como a fosforita. Geralmente, essas rochas são formadas pela deposição de restos de animais marinhos e possuem alta porosidade e reatividade.
A partir dessa matéria-prima, é feito o processamento do fosfato natural, através da moagem e concentração das rochas. O material resultante pode, então, ser utilizado como fonte de fósforo para as lavouras.
O fósforo é um dos macronutrientes primários, junto com o nitrogênio e o potássio. A sua importância no ciclo de vida das vegetal é muito grande, uma vez que ele está envolvido nos processos de transferência de energia das células.
Isso acontece por causa da sua presença em substâncias como a glicose, a frutose e a adenosina trifosfato (ATP). Além disso, o fósforo ainda é um dos componentes dos nucleotídeos, os “blocos construtores” do DNA e do RNA celular.
Plantas com deficiência de fósforo costumam apresentar folhas com uma pigmentação arroxeada e, em casos mais severos, necrose dos tecidos foliares. A consequência é uma menor produtividade da lavoura. Por isso, é importante que o fósforo seja incluído no manejo nutricional.
Tendo isso em mente, quais são as vantagens do uso fosfato natural na adubação?
As vantagens do fosfato natural
Em relação a outros fertilizantes fosfatados, como o superfosfato simples e o superfosfato triplo, o fosfato natural é menos solúvel em água. Isso traz uma certa vantagem do uso desse tipo de fertilizante nos solos brasileiros, que têm uma grande quantidade de fósforo fixado.
Isso acontece porque fontes de fósforo muito solúveis, quando em contato com a água, liberam ácido fosfórico e fosfatos ácidos de cálcio. Esses compostos interagem com os óxidos de ferro, alumínio e manganês do solo, acelerando o processo de fixação do fósforo e tornando o nutriente indisponível para as plantas.
No estudo Utilização de fosfatos naturais em solos de cerrado, o pesquisador M.P. Barbosa Filho afirma que o uso do fosfato natural reduz esse processo de fixação. Já pesquisador Wenceslau Goedert, no artigo Avaliação de efeito residual de fosfatos naturais em solos de Cerrado, nota que a solubilidade mais lenta dos fosfatos naturais traz um efeito residual do nutriente no solo.
Além disso, o pesquisador Luis Henrique Gularte Ferreira, no artigo Fosfatos Naturais na Adubação de Sistema de Culturas de Verão com Ênfase no Arroz Irrigado ressalta que o processo de produção do fosfato natural é mais sustentável, uma vez que há menos gasto energético para sua produção em comparação com outros fertilizantes fosfatados.
Outra vantagem do fosfato natural utilizado como adubo na agricultura brasileira é que as rochas a partir das quais ele é feito são encontradas no nosso país. Segundo a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA), no documento Fosfatos Naturais do Brasil, as reservas geológicas de fosfato natural brasileiras são estimadas em 2,5 a 3,5 bilhões de toneladas, com teor médio de 12%-13% de P2O5.
Isso é importante para reduzir a dependência externa do país de fertilizantes fosfatados, já que, segundo a Associação Nacional Para Difusão de Adubos (ANDA), mais de 50% do fósforo utilizado no Brasil vem de países como Marrocos, Estados Unidos, Rússia e Arábia Saudita.
Entretanto, o fosfato natural também tem algumas limitações no seu uso como adubo agrícola.
Fosfato natural: uma fonte de fósforo com algumas limitações
Diferentemente das fontes de fósforo que são mais solúveis, o fosfato natural depende de certas condições para que o fosfato fique disponível para as plantas. A correção da acidez do solo, por exemplo, reduz essa disponibilização, como ressalta M.P. Barbosa Filho, também no estudo Utilização de fosfatos naturais em solos de cerrado.
O fato de o fosfato natural ter uma liberação mais lenta também pode ser uma limitação quando ainda não há um equilíbrio nutricional do fósforo no solo – o que acontece em grande parte dos solos brasileiros, que têm pouca disponibilidade desse nutriente. Nesses casos, uma fonte de disponibilização mais rápida seria mais interessante, para que as plantas não sofressem com a deficiência do nutriente.
A granulometria também é outro fator que deve ser observado na hora de escolher o fosfato natural a ser utilizado, já que à medida granulometria do produto diminui (ou seja, suas partículas se tornam mais finas) , a sua eficiência agrícola também aumenta.
Outro problema, apontado pela EMBRAPA no documento Adubação Fosfatada no Brasil, é que o custo de transporte do fosfato natural para áreas mais afastadas das jazidas pode ser muito alto para o agricultor.
É preciso equilibrar as vantagens e limitações das diferentes fontes de fósforo
Diante dessas vantagens e limitações, o uso do fosfato natural como uma fonte de fósforo para a lavoura deve ser planejado dentro de um conjunto de ações. As condições do solo, as necessidades nutricionais da lavoura precisam ser avaliadas antes de optar por essa fonte de fósforo.
Uma saída também é combinar o seu uso com as fontes de fósforo mais solúveis, equilibrando as vantagens e limitações de cada uma. Além disso, outras estratégias podem ser utilizadas para otimizar a disponibilidade de fósforo para a lavoura, como explica o Doutor em Ciência do Solo Renan Costa Beber Vieira:
Recentemente, pesquisas têm sido feitas com microrganismos que ajudam a disponibilizar o fósforo fixado no solo. Assim, a preservação do microbioma é um passo para que haja mais disponibilização de fósforo para as plantas.
Por isso, além da adubação com fósforo, a complementação do manejo nutricional com uso de fertilizantes feitos com matérias primas que preservem os microrganismos do solo pode ser benéfica para a lavoura. É o caso do Siltito Glauconítico, que fornece potássio e outros nutrientes sem prejudicar o microbioma do solo.