3 motivos para optar pelo potássio de liberação gradual

3 motivos para optar pelo potássio de liberação gradual

O desenvolvimento das pesquisas e das tecnologias no setor agrícola trouxe o avanço no uso das fontes de potássio de liberação gradual, que podem resolver desafios relevantes para a nutrição agrícola. Mas, qual a vantagem de utilizar essas fontes no manejo da lavoura? Veja três motivos para optar pelo potássio de liberação gradual!

As vantagens das fontes de potássio de liberação gradual

As fontes de potássio de liberação gradual, como indicado pelo próprio nome, são aquelas que, têm uma disponibilização do nutriente para o solo e para as plantas ao longo de um período maior de tempo.

Essa característica definidora das fontes de potássio de liberação gradual pode ser ter origens diferentes.

Em alguns casos, ela é resultado de tecnologias de revestimento da matéria-prima principal do fertilizante. Já em outros, ela vem das propriedades físico-químicas da própria matéria-prima em si.

Quando se fala em adubação potássica, as fontes mais convencionais utilizadas são aquelas de liberação imediata, que, como o nome sugere disponibilizam praticamente todo o teor de nutrientes em um curto período após a aplicação na lavoura.

Embora essa disponibilização mais rápida seja importante em algumas situações, como por exemplo quando há uma necessidade de recuperar os níveis de potássio do solo com mais celeridade, isso também pode ter outros motivos.

Isso porque, durante muito tempo, foi considerado que as únicas fontes desse nutriente que as plantas utilizavam vinham dos “reservatórios” de disponibilidade mais imediata: a solução e a fração trocável do solo.

Entretanto, o avanço das pesquisas e estudos na área revelam que as plantas podem de fato utilizar o potássio de outros reservatórios do solo também.

São trabalhos como o de Michael J. Bell e outros pesquisadores. Eles apontam, por exemplo, no capítulo Using Soil Tests to Evaluate Plant Availability of Potassium in Soils, do livro Improving Potassium Recommendations for Agricultural Crops que:

“No entanto, quando o K adequado precisa ser fornecido ao longo de períodos de tempo mais longos (como ocorre com a remoção repetida de biomassa no cultivo de forragem, ou perenes, ou culturas de alta demanda de K de biomassa, como a cana-de-açúcar), há muitos solos a partir dos quais as plantas são capazes de extrair mais do que o reservatório de K inicialmente trocável

É como se os reservatórios de potássio do solo fossem caixas d’água contendo o nutriente e que estão interligadas.

Devido à dinâmica do nutriente no sistema solo-planta, quando o potássio dos reservatórios de disponibilidade mais rápida vai sendo retirado pelas plantas e se esgotando, os outros reservatórios vão “repondo” esse potássio.

Devido a isso, Michael J. Bell e seus colegas destacam ainda a necessidade de expandir a compreensão do potássio no solo, bem como de utilizar o método de análise adequado para cada situação.

Uma visão ampliada do ciclo do potássio

Uma visão mais ampliada do ciclo do potássio no solo. (Fonte: Adaptado de Bell et al., 2021)

 

Essa nova visão do ciclo do potássio do solo ajuda a ter uma melhor compreensão dos impactos positivos do uso das fontes de potássio de liberação gradual no manejo agrícola. Mas, quais são eles e por que o agricultor deve optar por essas fontes?

1. Evitar a lixiviação

Uma das vantagens que as fontes de potássio de liberação gradual têm é que elas são menos suscetíveis ao fenômeno da lixiviação.

Ele nada mais é que um processo indesejado de “lavagem” do solo, que tem como consequência o carreamento dos nutrientes para profundidades além daquelas ocupadas pelas raízes das plantas.

Em razão disso, pode haver um desbalanceamento nutricional nas lavouras, fazendo com que haja o surgimento de sintomas de deficiência de potássio nas plantas. Isso além de prejudicar a eficiência do manejo.

Entre os diversos fatores que podem estar associados à maior ou menor incidência da lixiviação, estão:

Aqui, vale destacar que as fontes mais utilizadas na agricultura, como o Cloreto de Potássio (KCl) têm uma alta solubilidade em água. Isso faz com que elas tenham mais facilidade de serem lixiviadas.

Além disso, a rápida disponibilização dessas fontes também é um fator que contribui para aumentar e acelerar o processo de lixiviação.

No estudo Mobilidade vertical de cátions influenciada pelo método de aplicação de cloreto de potássio em solos com carga variável, Paolo Roberto Ernani e outros pesquisadores notam que o uso de Cloreto de Potássio para aumentar o nível de nutrientes no solo pode trazer essa consequência.

Uma característica importante do potássio também pode ser um fator relevante na maior incidência de lixiviação em algumas fontes desse nutriente.

Isso porque ele é um nutriente catiônico (K+), o que faz com que seja necessário que eles estejam na companhia de ânions solúveis, como cloro (Cl) e nitrato (NO3-), para ser lixiviado.

Em relação à textura do solo, existem diversos estudos que indicam que fontes de liberação rápida e com alto teor de cloro podem acentuar ainda mais a ocorrência da lixiviação em solos de textura arenosa.

Um deles é o estudo Lixiviação de potássio em função da textura e da disponibilidade do nutriente no solo.

Nesse trabalho, o pesquisador Rodrigo Werle e seus colegas verificaram que para solos de textura média, ou seja, mais arenosa que os argilosos, a intensidade da lixiviação foi mais intensa, mesmo com quantidades menores de K2O aplicado.

Já em solos mais argilosos, a lixiviação tende a ser menor, o que indica que esse tipo de solo tem maior capacidade de reter o potássio.

Intensidade da lixiviação de potássio em diferentes tipos de solo.

Intensidade da lixiviação de potássio em diferentes tipos de solo (Fonte: Werle et al., 2008)

Segundo os autores, uma explicação para isso pode a maior capacidade de troca catiônica (CTC) dos solos mais argilosos.

Dessa maneira, fontes que sejam menos suscetíveis à lixiviação, como é o caso das fontes de potássio de liberação gradual, podem auxiliar na redução das perdas de nutriente na lavoura e tornar o manejo mais otimizado.

Vale notar que fontes que melhoram a CTC do solo, a exemplo daquelas que utilizam matéria-prima rica em glauconita, podem ser ainda mais vantajosas para o agricultor.

2. Aproveitar o efeito residual

Além de serem menos suscetíveis à lixiviação, outra importante vantagem das fontes de potássio de liberação gradual é que elas têm um efeito residual duradouro. Mas, por que isso é bom para o manejo?

Em resumo, o efeito residual é um resultado da liberação gradual dos nutrientes para o solo. Ele faz com que haja a prolongação de todos os benefícios que o fertilizante possa proporcionar a longo prazo.

Dessa maneira há um ajuste dos níveis de nutrientes às necessidades das plantas e a redução das perdas no sistema solo-planta-atmosfera. Isso, por sua vez, proporciona a construção e a manutenção da fertilidade do solo.

Essa característica das fontes de potássio de liberação gradual é muito interessante para as culturas de ciclo longo, como o café, por exemplo. Isso porque, nesses casos, a planta se beneficia da estabilização dos teores de potássio do solo.

Todavia, as culturas de ciclo rápido também podem se beneficiar do efeito residual, especialmente no caso daquelas que são plantadas em sistema de rotação de culturas.

3. Equilibrar a nutrição

Por fim, outra vantagem das fontes de potássio de liberação gradual e que é um motivo para o agricultor optar por elas é que o prolongamento da disponibilização do potássio favorece a absorção dos nutrientes ao longo de todo o ciclo produtivo das plantas.

Isso é importante para evitar que haja um desequilíbrio entre a taxa de disponibilização de nutrientes e a taxa de absorção de potássio pelas plantas.

Esse desequilíbrio pode fazer com que não somente haja o aparecimento de sintomas de toxicidade, mas também o aumento das perdas de potássio nos sistemas de produção.

Assim, o manejo fica menos otimizado, gerando mais custos para o agricultor e podendo causar prejuízos na produtividade da lavoura.

As fontes de potássio de liberação gradual ajudam a otimizar o manejo

Por isso, o uso das fontes de potássio de liberação gradual ajuda a fazer o manejo mais eficiente.

As fontes de potássio de liberação gradual ajudam a tornar o manejo mais eficiente

Em síntese, o avanço dos estudos tem mostrado os diversos benefícios das fontes de potássio de liberação gradual.

O seu uso na agricultura pode ser vantajoso para o agricultor, já que evita a lixiviação do potássio, traz o efeito residual duradouro que ajuda a construir e manter a fertilidade do solo e equilibra a nutrição da lavoura.

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