Monopólio do potássio traz riscos para o produtor em tempos de crise, alerta Presidente da Verde em entrevista ao programa Bem da Terra - criscris

Monopólio do potássio traz riscos para o produtor em tempos de crise, alerta Presidente da Verde em entrevista ao programa Bem da Terra

O Brasil é um dos países que mais dependem de fornecedores externos quando se fala em fertilizantes. E isso é mais acentuado no caso das fontes de potássio, pois quase todo o potássio consumido na agricultura brasileira é importado.

A maior parte dessa commodity é utilizada sob a forma de Cloreto de Potássio (KCl): segundo a Associação Nacional de Para a Difusão de Adubos (ANDA), o Brasil usa 10 milhões de toneladas de KCl por ano, o equivalente a 17 bilhões de reais.

E, correspondendo aos altos números de importação de potássio, 95% do Cloreto de Potássio utilizado no Brasil é importado, principalmente da Rússia e do Canadá.

Cristiano Veloso, CEO da Verde Agritech, falou ao programa Bem da Terra sobre como esse quase monopólio é preocupante, já que o potássio é essencial para a agricultura, responsável por um quarto do PIB e um terço dos empregos diretos e indiretos do país.

“É uma falsa sensação de segurança, porque você está acostumado a ter vários vendedores de diferentes empresas vindo ofertar o tal do potássio, o tal do Cloreto de Potássio. Então é natural que você imagine que tenha abundância disso”, comenta Cristiano.

“No entanto, por trás dessas centenas de empresas no Brasil vendendo Cloreto de Potássio, você tem apenas dois grupos, um russo e um canadense, que juntos controlam 80% da oferta do insumo que é essencial para a agricultura. Isso é uma situação muito complicada para os agricultores”, acrescenta ele.

Veja a íntegra da entrevista de Cristiano Veloso ao programa Bem da Terra:

 

Microrganismos do solo e malefícios do Cloro

Outro assunto abordado por Cristiano Veloso durante a entrevista foi sobre a importância dos microrganismos para a agricultura e sobre como o excesso de cloro no solo pode prejudicar o microbioma.

No artigo A Microbiota do Solo na Agricultura Orgânica e no Manejo das Culturas, publicado no livro Microbiota do Solo e Qualidade Ambiental, o pesquisador da Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina, o Dr. Faustino Andreola, diz que:

“Os microrganismos fazem parte do solo de maneira indissociável […] Assim, os microrganismos do solo desempenham papel fundamental na gênese do solo e ainda atuam como reguladores de nutrientes, pela decomposição da matéria orgânica e ciclagem dos elementos, atuando, portanto, como fonte e dreno de nutrientes para o crescimento das plantas”.

Fertilizantes com um alto teor de cloro, como é o caso do Cloreto de Potássio, que contém 47% desse elemento em sua composição, facilitam o acúmulo de cloro no solo. Isso traz danos graves aos microrganismos do solo.

No artigo Effects of some synthetic fertilizers on the soil ecossystem , a pesquisadora Haide Hermary escreve que o uso de 100kg de KCl equivale a despejar no solo 800 litros de água sanitária.

Entre os problemas causados por isso, estão a combinação do cloreto presente no KCl com os nitratos do solo criando cloro gasoso, que mata os microrganismos.

Uma das formas de minimizar os impactos do monopólio de potássio e dos problemas causados pelo cloro é buscar substitutos aos insumos importados e que não contenham esse elemento.

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